economia

Cresce rendimento do brasileiro, aponta pesquisa

Entretanto, o aumento da renda nos lares brasileiros não acompanha poder de compra

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 22/04/2024 às 19:00.
O ano de 2023 foi benéfico para a auxiliar de serviços gerais, Grace Kelly dos Santos, que ficou oito anos sem assinar uma carteira de trabalho (Larissa Durães)

O ano de 2023 foi benéfico para a auxiliar de serviços gerais, Grace Kelly dos Santos, que ficou oito anos sem assinar uma carteira de trabalho (Larissa Durães)

Mesmo sem a estabilidade oferecida por um emprego público, para muitos brasileiros, ter a carteira assinada ainda representa segurança e a concretização de um sonho. Um exemplo é o caso de Grace Kelly dos Santos, uma auxiliar de serviços gerais de Montes Claros, que viveu durante oito anos sem uma renda fixa, o que gerava grande insegurança para sua família. “Sem a carteira conseguia fazer R$ 500 por mês. E somos quatro em casa, só eu trabalho, porque meus filhos são menores. Então, quando assinei carteira foi um alívio, passei a ganhar o valor comercial”, relata.

O aumento da renda familiar de Grace Kelly é um reflexo evidente dos dados apresentados pela pesquisa do Sebrae, fundamentada nos registros do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Essa pesquisa revelou que o rendimento médio dos brasileiros em 2023 alcançou R$ 1.848 por mês, representando um crescimento de 11,5% em relação ao ano anterior. Esse incremento, combinado com indicadores econômicos favoráveis, como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2,9%, a redução da taxa de inflação para 4,62% ao ano e melhorias no mercado de trabalho, além do aumento dos beneficiários de programas sociais, tem impulsionado o crescimento da renda, especialmente entre os estratos mais pobres da população, sugerindo um cenário de expansão para o país. 

No entanto, é importante notar que esse aumento da renda não se traduz necessariamente em um aumento real do poder de compra das pessoas, como analisa o economista Aroldo Rodrigues. “Esse aumento nominal não necessariamente se traduz em maior poder de compra devido ao impacto da inflação sobre os preços. Para muitos, embora tenham recebido um aumento real, os gastos também aumentaram proporcionalmente, resultando em um ganho real não tão significativo”, explica Aroldo.

“11 é maior que quatro e pouco, foi ótimo, mas, na prática, não. Na prática, é claro que o brasileiro teve aumento real, pois, para muitos o que recebiam antes era desumano. No entanto, na prática, não estão ganhando tanto a mais, pois, todos os gastos também aumentaram. Então, na prática, o aumento real não é significativo, pois, se gastavam mil para satisfazer suas necessidades antes, agora gasta 1.400, o ganho real é o mesmo”, conclui Rodrigues. 
 
PODER DE COMPRA
A análise de Aroldo é corroborada pela realidade de Santos que, mesmo com um aumento de 54% de sua renda, ela ainda não consegue economizar no fim do mês. “Não sobra, porque tudo aumentou também. A alimentação ficou mais cara, eu pago aluguel, eu pago escola”, lamenta. 

Segundo o economista, a pesquisa indica uma tendência de aumento da renda nominal. Ele explica que, enquanto a renda nominal reflete o valor total recebido, a renda real considera o poder de compra após ajustes pela inflação. “A preocupação atual está centrada na possibilidade de aumento da inflação, que poderia corroer o poder de compra do trabalhador médio, especialmente os de baixa renda”, ressalta.

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