A prioridade dos consumidores mineiros tem se concentrado em produtos da alimentação básica, como arroz e feijão, segundo 86,2% dos empresários dos segmentos de supermercados, mercearias e armazéns. Outros itens, como carnes e hortifrútis, aparecem em menor proporção. Os dados são da pesquisa Perfil de Compras Alimentícias, realizada pelo Núcleo de Estudos Econômicos e de Inteligência & Pesquisa da Fecomércio MG entre 21 de julho e 7 de agosto em todas as regiões do estado.
O levantamento aponta que 51% dos empresários observaram estabilidade no consumo de alimentos em relação a 2024, enquanto 22,3% registraram aumento e 25,1% perceberam queda, associada principalmente à crise econômica e à alta dos preços. A previsão para os próximos meses indica que os empresários acreditam em um aumento nos valores da cesta básica (56,2%) e de outros alimentos (59,4%), enquanto itens de higiene pessoal e limpeza devem se manter estáveis.
Segundo o comerciante Adilson Carvalho, os clientes estão mais cautelosos e adaptaram a forma de comprar. “Eles vêm mais vezes à loja, mas levam menos produtos. Em vez de encher o carrinho, preferem comprar o básico e aproveitar as promoções da semana”, explicou. O impacto da inflação é sentido principalmente na escolha das proteínas. “A carne vermelha deu lugar ao frango e até ao ovo, que estão saindo muito mais. A gente percebe claramente essa substituição”, destacou. Para enfrentar o cenário, ele aposta em estratégias de fidelização. “Temos feito muita ação de preço, divulgado ofertas nas redes sociais e reforçado o atendimento, para ajudar o freguês a encontrar alternativas mais em conta”, acrescentou.
Entre os produtos que permanecem como prioridade nas compras, os empresários entrevistados destacam arroz, feijão, café e pão. Segundo a pesquisa, esses itens são os campeões de preferência: mesmo diante da alta dos preços, os consumidores não abrem mão deles.
A alta nos preços também tem exigido adaptações por parte de outros empresários. Dono de restaurante e pizzaria, em Montes Claros, Davide Marsella afirmou que precisou ajustar o cardápio. “O que mais subiu foi a farinha, o café e também a carne. A muçarela tem oscilado bastante. Tive que mudar um pouco, adaptar o cardápio e colocar alguns produtos mais em conta”, disse. Para controlar melhor os custos, Marsella opta por pagamentos à vista. “Prefiro pagar à vista porque consigo ter um controle melhor da empresa. As mudanças no consumo refletem no restaurante: a pizza, que pode ser compartilhada, tem maior saída, enquanto pratos individuais caíram”.