
Visando fortalecer a cadeia produtiva do pequi e impulsionar a geração de emprego e renda no Norte de Minas, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG), em parceria com a Cooperativa Grande Sertão, capacita agricultores da região de Montes Claros. A ação, iniciada na safra de 2024, segue ativa enquanto houver grupos interessados e tem foco no processamento seguro e comercialização do pequi congelado, ampliando as possibilidades de venda do fruto, inclusive para o mercado institucional.
As capacitações são oferecidas em municípios que apresentam demanda, onde a Emater-MG busca locais adequados para o processamento de alimentos. Segundo Beatriz Cristina Batista, coordenadora regional de Bem-Estar Social da Emater-MG, foram priorizados os grupos dispostos a inovar, aplicar boas práticas de fabricação e utilizar tecnologias. “Preferimos iniciar com municípios e comunidades onde a safra do pequi é farta”, destacou.
Já foram atendidas comunidades em Bocaiuva, São João da Lagoa, Montes Claros e Lagoa dos Patos, e a expectativa é expandir o projeto. “Queremos avançar com o pequi minimamente processado para todas as comunidades e grupos de agroextrativistas que tiverem interesse com o congelamento do pequi. Apresentando a demanda, atenderemos”, afirmou Beatriz.
Ao todo, cerca de 20 agricultores de seis municípios da região participaram da capacitação. Com as novas técnicas, os produtores agora podem oferecer a polpa do fruto ao mercado, representando um diferencial competitivo. “O pequi sem caroço é especialmente valorizado pelo mercado institucional, como o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar], pois há restrições quanto ao oferecimento do fruto com caroço nas refeições escolares, devido ao risco de acidentes”, destaca Beatriz.
Durante as formações, os produtores são orientados desde a coleta até o congelamento, respeitando práticas que preservam o cerrado, promovem o replantio e evitam contaminações. Um diferencial é o trabalho manual no despolpamento, que preserva o caroço — usado para produção de mudas e extração da castanha. “As boas práticas agropecuárias precisam ser praticadas desde a coleta dos frutos, preservando o cerrado e promovendo o replantio. Os agricultores são orientados sobre a condução e preservação das árvores nativas, bem como sobre o controle de pragas como a broca do pequizeiro”, explica a coordenadora da Emater-MG.
Antes da iniciativa, a maioria do pequi era vendida in natura ou em conserva caseira. Agora, com o congelamento orientado, os agricultores aumentaram sua competitividade, especialmente junto ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que restringe o uso de pequi com caroço nas merendas.
A auxiliar administrativa e produtora extrativista Jarcy Cardoso Araújo, de São João da Lagoa, relata que a capacitação mudou a forma de trabalhar com o fruto. “A gente já fazia do nosso jeito, mas vimos que tem muita coisa que pode ser melhorada. A produção do congelado trouxe mais rendimento e preço melhor”, afirmou. Ela comercializa pela cooperativa local e já percebeu aumento de 50% na rentabilidade.
Para o engenheiro de alimentos da Cooperativa Grande Sertão, José Fábio Soares, a parceria com a Emater fortalece o arranjo produtivo local. “A intenção mesmo é facilitar, melhorar, desenvolver um trabalho de mais qualidade”, avaliou. “Essa articulação gera emprego, renda e garante sustentabilidade”, afirmou.
“A ação reforça o compromisso com o desenvolvimento regional, valorizando produtos do cerrado e promovendo inclusão econômica no semiárido mineiro”, finalizou Beatriz.