A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre móvel encerrado em julho de 2025, o menor índice desde o início da série histórica, em 2012. Os dados foram divulgados nesta última terça-feira (16) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, a população ocupada alcançou 102,4 milhões de pessoas, novo recorde e equivalente a 58,8% da população em idade de trabalhar. O número de trabalhadores com carteira assinada também foi o maior já registrado, somando 39,1 milhões.
O analista do IBGE, William Kratochwill, afirmou que o resultado reflete tanto o aumento da população ocupada quanto a redução no número de desocupados. Somente no último trimestre, foram criados 1,176 milhão de postos de trabalho, em sua maioria formais, enquanto 1,013 milhão de pessoas deixaram o desemprego. Ele ponderou, no entanto, que parte desse movimento é sazonal, mas ressaltou que “o mercado de trabalho hoje está mais evoluído do que esteve no ano passado ou no trimestre anterior”.
A pesquisa também indicou queda na informalidade, que recuou para 37,8%, abaixo dos 38,7% observados no mesmo período de 2024.
Apesar do desempenho positivo, o representante dos trabalhadores em Montes Claros alerta para os desafios relacionados à qualidade dos empregos. Marcelo Braga, assessor sindical do Sindicato dos Empregados do Comércio de Montes Claros e União (SindComerciários), destacou que os resultados precisam ser analisados com cautela. “Esse número é muito celebrado por nós. Quando há geração de empregos com saldo positivo, é sempre bom. Agora, o que precisa preocupar é o subemprego, porque os salários, em fim de régua, não acompanham. É necessário que haja uma valorização maior em Montes Claros, para que as pessoas não migrem para a uberização”, afirmou.
Segundo ele, a maioria das vagas ainda oferece remuneração próxima ao salário mínimo, sem benefícios como previdência ou segurança social. “O trabalhador sempre vai reivindicar melhores salários, enquanto o empregador alega que não tem condições de pagar. Mas, na prática, a grande maioria ganha muito mais próximo do mínimo do que valores entre cinco e sete mil reais”, observou.
Marcelo defendeu maior investimento das empresas na qualificação e valorização dos funcionários. “Hoje, o bom empregador entende que precisa oferecer condições melhores. Existem possibilidades de acordos, como auxílio-alimentação, que podem inclusive gerar redução tributária. Falta orientação para que mais empresários sigam esse caminho”, avaliou.
Para ele, apesar da queda no desemprego, o poder de compra da maioria dos trabalhadores não mudou significativamente. “Existe mais oferta de emprego, mas também há uma fuga de mão de obra para atividades que não são reconhecidas como trabalho formal. Motoristas de aplicativo, por exemplo, não se veem mais como trabalhadores, e isso é preocupante, porque eles também precisam de proteção”, concluiu.