Alimento pesa mais no bolso

Ano começa com índice próximo de 1%, aponta relatório do IPC/Unimontes

DA REDAÇÃO (*)
Publicado em 16/02/2022 às 09:42.
EFEITOS DO CLIMA – Chuva demais numa região e estiagem em outra teve alto impacto no preço de alimentos in natura (Ascom/Unimontes)

EFEITOS DO CLIMA – Chuva demais numa região e estiagem em outra teve alto impacto no preço de alimentos in natura (Ascom/Unimontes)

O ano começou com alta no custo de vida e o dragão da inflação assusta o consumidor montes-clarense. Em janeiro, índice ficou em 0,95%, maior que a média registrada nas principais capitais do Brasil. Com os efeitos do clima, sobretudo o maior período chuvoso, tomate e batata inglesa apresentaram alta acima dos 10% e se tornaram vilões na hora da compra em sacolões e supermercados. 

Resultado da inflação é influenciado não apenas pela alta dos alimentos in natura, mas também por despesas que já pesam no orçamento nessa época do ano, como matrícula escolar, impostos como IPTU e IPVA, compra de material didático. 

É o que revela o relatório do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), estudo mensal sobre a inflação produzido pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros. Em dezembro, índice foi 0,89%.

Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação apurada nas maiores cidades do País chegou a 0,54% – contra 0,73% de dezembro.

O maior período de chuvas intensas teve forte influência nos preços dos hortifrutigranjeiros. Análise é da professora Vânia Vilas Bôas Vieira, coordenadora do IPC/Unimontes. Várias safras ficaram comprometidas, a oferta diminuiu e isso teve impacto nos preços de vários itens, como feijão andu (40%), chuchu (39,8%), cenoura (35,6%), cebola (19%), beterraba (18,5%), inhame (18,1%), banana (16,6%), tomate (13,7%) e batata (13,3%).

Disparada de preços também no açougue: carne bovina (4,6%), pescados (4,16%) e aves (1,26%) – além do preço médio dos ovos (3,25%).

Outros produtos que ajudaram a inflacionar as contas do montes-clarense nos primeiros meses do ano foram café (6,92%), açúcar (4,72%), farinha de trigo (3,98%), óleo de soja (1,74%), margarina (1,56%) e pão de sal (1,16%). Nem mesmo a queda no preço do arroz (- 3,11%) e feijão (- 0,89%) aliviaram os gastos.

Analisando somente os gêneros que compõem a cesta básica, a variação positiva para o montes-clarense foi de 2,78%, com custo médio de R$ 460,40 na compra dos 13 itens.
 
RENDA ACHATADA 
Vânia Vilas Bôas destaca que, como a inflação foi maior ainda sobre os produtos alimentícios, para aonde vai maior parcela da renda do trabalhador, o orçamento fica comprometido, ainda mais para aqueles cuja renda é um salário mínimo ou menos. 

“Quem é mais favorecido financeiramente sofre menos o impacto da inflação do que o trabalhador que ganha salário mínimo, onde o comprometimento só da cesta básica é mais de 40% do salário dele”, disse. 

As constantes altas nos preços dos combustíveis (diesel e etanol, com 3,5% e 2,2%, respectivamente) foram outro peso nas contas, com impacto no custo dos fretes, o que também tem reflexo no preço dos alimentos. 

“Quase sempre, janeiro é marcado por uma inflação alta, embora seja historicamente normal que isso aconteça por ser a época das matrículas, mensalidades e de compra dos materiais escolares”, reforça a professora da Unimontes, acrescentando que o fator clima agravou o quadro. 

“Excesso de chuva em algumas regiões produtoras e, curiosamente, ao mesmo tempo, forte estiagem em outros centros produtores. Vamos ver que há uma queda na oferta destes produtos (itens in natura), encarecendo preços. 

(*) Com Larissa Durães

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