Samuel Fagundes
Repórter
O Grupo de Literatura e Teatro Transa Poética realiza pelo 16º ano consecutivo a campanha Natal sem fome: resgate da alegria em Montes Claros. A campanha recolhe doações de brinquedos e alimentos que são doados à famílias dos bairros carentes da cidade.
A campanha foi idealizada pelo sociólogo norte-mineiro Herbert de Souza, o Betinho, nos anos de 1990, e em Montes Claros é coordenada pelo poeta e agitador cultural Aroldo Pereira.
Herbert de Souza, o Betinho, que é de Bocaiúva, criou essa campanha envolvendo várias pessoas, e na oportunidade Aroldo estava no Rio de Janeiro. Durante uma reunião no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e nessa reunião expôs a idéia da campanha Natal sem fome, dizendo de forma plena que qualquer pessoa poderia realizá-la.
- Eu estava no Rio de Janeiro quando o Betinho estava apresentando o projeto da campanha para o país, e compartilhei desse momento. Depois, eu e o Betinho nos comunicamos na época através de fax e eventualmente por telefone. Ele não chegou a vir à Montes Claros, coordenava todo o trabalho do Rio de Janeiro, então a idéia foi disseminada por todo o país, mas sempre com uma coordenação local – explica Aroldo.
CIDADANIA
Para o poeta e agitador cultural, esse processo de solidariedade é algo próprio do ser humano, que em vários momentos da história, percebe que existe a necessidade de juntar mais as pessoas, para ajudar famílias, pessoas e entidades que são acometidas por problemas, por atrocidades, inclusive da própria natureza, como é o caso que acontece com as chuvas mais fortes em várias partes do país e do mundo.
- Quando chega a época do Natal, a gente sente que muitas pessoas ficam naquela vontade de ter determinados bens, porque o mundo capitalista é muito cruel, ele incentiva as pessoas a desejarem certas coisas. E muitas pessoas por dificuldades, por estarem desempregadas ou até por não terem uma estrutura melhor, passam por privações, e já é difícil passarmos por privações, agora passar pela privação do pão de cada dia é algo que não existem palavras para se definir – diz.
Segundo Aroldo Pereira, muita coisa melhorou desde o início da campanha. As assistências foram ampliadas e existem várias entidades que organizaram esse trabalho. Então de acordo com ele, há um atendimento maior, até também pela própria postura do governo federal, que hoje tem uma política social extremamente abrangente, que atende pessoas de todas as partes do Brasil. Inclusive essa divisão de renda através de bolsa escola, bolsa família, os próprios restaurantes populares, já são maneiras de estar atendendo às carências de determinadas estruturas familiares. Mas a campanha continua porque ainda existem muitas famílias passando por necessidades, até mesmo pelo espaço territorial do Brasil que é muito grande.
A entrega das doações é feita no período do Natal, do dia 24 a 25 dezembro. No ano passado, em torno de 80 famílias foram beneficiadas. Várias entidades desenvolvem essa campanha, fazendo com que o trabalho esteja mais coletivo. Neste ano, Aroldo conta que se conseguirem atender o mesmo número de famílias do ano passado já será muito bom, mas se conseguirem atender mais famílias será melhor ainda. Após o encerramento da campanha, todos os brinquedos e alimentos doados são reunidos e entregues nos bairros mais carentes, de acordo com o levantamento feito pela secretaria de Políticas Sociais.
RECOMPENSA
Para Aroldo, a recompensa está na alegria que é vista nos olhos das crianças e das famílias que são beneficiadas com a campanha, e às vezes a satisfação de quem entrega os presentes é maior do que a de quem recebe.
- Fazer o bem é uma coisa extremamente positiva, talvez até mais para a pessoa que está doando do que para a que está recebendo, porque exercitar esse lado da cidadania é muito importante. Temos um país com essa dimensão continental, com diversas carências, então você ajuda a pessoa e vê a reação de felicidade dela, é muito gratificante. No ano passado, por exemplo, tivemos a oportunidade de levar além de alimento, um kit escolar, porque além da campanha eu havia recebido uma correspondência, que os Correios ajudam a divulgar, falando da necessidade que uma garota estava tendo por não ter material escolar. Então quando entreguei esse kit, foi muito bacana, a mãe da garota na época estava desempregada e não tinha condições para comprar esse material para sua filha que estava indo para o primeiro ano. Depois eu tive a oportunidade de encontrar com essa garota, não a reconheci, mas ela se lembrou que eu havia levado o kit para ela, e ela estava muito agradecida e seguia nos seus estudos. Então é esse tipo de recompensa que nos motiva a realizar essa campanha – conclui Aroldo.