ADRIANA QUEIROZ
Repórter
O jurista e escritor Petrônio Braz, autor de várias obras, recebe leitores e amigos na próxima segunda-feira, 25, no Centro Cultural Hermes de Paula, para a noite de Autógrafos, da 2ª edição de seu livro Serrano de Pilão Arcado – A Saga de Antônio Dó, editora Saramandaia.
Adriana Queiroz
Brincalhão, Petrônio diz que gosta de conversar com os amigos, ouvir um pouco de música e principalmente de escrever
A 1ª edição, lançada em fevereiro de 2008, esgotou antes do fim do ano.
Sua primeira cartilha foi no jornal de Januária, em 1942, um soneto que escreveu para seu pai. Seu primeiro livro publicado foi Jandaia em Tempos de Seca, em 1979, um romance regional, ficção, que já está na sua terceira edição. Petrônio também escreveu para jornais, em especial na cidade de São Francisco, em 1952.
Pai de 11 filhos, tem 12 livros publicados, sendo cinco literários. Os jurídicos foram vendidos 75.000 exemplares.
Para ele, a música se vincula ao momento, ao ambiente que você se encontra.
Quando está escrevendo prefere ouvir música clássica em surdina, para inspirar, é claro. Quando é num bar, ao lado dos amigos, não dispensa uma música popular ou até um forró para rebater na mesa. E isso, ele acha ótimo.
Para ele, a falsidade, a inveja, o tiram do sério.
- Hoje recebi um e-mail de uma amiga e até repassei, dizendo que a inteligência provoca reações negativas.
Quando você externa, passa a ser conhecido, quando você incomoda as pessoas, ainda mais nesse país, onde nós sabemos hoje que a mediocridade governa mais, impera mais do que aqueles que se preocupam com a cultura, o dinheiro vale mais do que o conhecimento, então a inteligência traz reações negativos. Isso o texto falou. O que me irrita é a falsidade.
Elegante e bem humorado ele falou com a imprensa na manhã de ontem e disse que Montes Claros é um berço de cultura.
Com relação à música, Petrônio citou nomes como João Chaves e Clarice Maciel, mas disse que a música hoje vive do passado. Montes Claros não criou nada de novo, nas últimas décadas.
- Temos os cantores populares, mas sem a profundidade de um João Chaves, tudo sem muita criatividade - diz.
Sobre a literatura brasileira hoje ele diz que depois de Guimarães Rosa, entrou numa fase de crise. Em nível regional, Montes Claros, nos últimos cinco anos, houve um crescimento muito grande da produção literária.
- Guimarães Rosa criou uma estrutura nova na literatura que alguns tentaram imitar, mas nem poderiam, porque a escrita dele é única. No Brasil, depois dele, não surgiu mais um nome de realce, efetivamente, em nível nacional. Em nível regional, nos últimos cinco anos, houve um recrudescimento da vontade de escrever. Sobre o desenvolvimento da literatura nossa, aponto alguns pontos básicos. Primeiro o próprio renascimento da Academia Montesclarense de Letras, que estava um pouco (tanto) omissa, paralisada. A criação da Aclecia e do Instituto Histórico Geográfico de Montes Claros e a instalação da Editora Cotrim que tem lançado alguns livros e apoiado o escritor novo. Porque a dificuldade do escritor novo é encontrar quem edite, porque escrever é fácil, editar que é difícil – avalia.
Sobre o livro como elemento físico, se na opinião dele continuará existindo e que não será engolido pelo computador, ele diz:
- Computador você não manuseia, acaricia, é como a secretária eletrônica. O livro nunca será substituído - atesta.
Num país de pouca leitura, muito Sidney Sheldon, Paulo Coelho e Harry Potter na lista dos mais vendidos ele diz que não gosta muito de escritores de traduções, a não ser os clássicos.
- Sidney Sheldon é um grande produtor cinematográfico, seus livros fizeram seu nome, mas de Paulo Coelho eu tenho minhas restrições. Acho que é um escritor que se projetou financeiramente traduzindo seus livros e remetendo essas traduções, contratando a impressão no exterior, mas a obra em si não tem uma profundidade, nem mesmo para estar na academia, apesar do volume de obras escritas - avalia.
Para Petrônio, Deus é uma força física, tudo que existe, é o conjunto do universo.
- Sou agnóstico. Deus existe sim. Nem os intelectuais gregos, da mitologia e filosofia grega, conseguiram definir Deus. O homem criou Deus na busca de uma definição porque ele não consegue pensar além do que ele é. É difícil você identificar de forma antropológica a figura de um Deus capaz de criar tudo isso que está aí, que sabemos que existe. Teve que ter um princípio. Os cientistas até hoje não conseguiram definir como é que nasceu o universo, mas se ele está em expansão, é porque ele teve um principio. Este principio, essa força. É Deus.
Para a noite de autógrafos, ele faz o convite.
- Eu gostaria de contar no dia 25, segunda-feira, no Centro Cultural com os leitores que me acompanham no dia-a-dia nos jornais e que esses leitores além de vir, também trouxessem seus amigos. Não é para comprar o livro, mas é para estar presente junto conosco, com nossos amigos, para uma confraternização, uma melhor integração dessa parte cultural, literária de Montes Claros.
SOBRE O LIVRO
O livro retrata a vida do personagem principal Antônio Dó desde a sua infância até o seu falecimento. Todas as peripécias que ele passou, sua vida útil, produtiva como cidadão comum. Um fazendeiro próspero e sua vida de represálias às perseguições.
O livro é dividido em três partes, uma trilogia, traz as origens dele, ele como pessoa, cidadão, traz no segundo livro os atos que praticaram contra ele, que motivaram as reações dele, as perseguições contra ele. E o terceiro livro, o revide, quer dizer, as reações dele contra essas perseguições.