ADRIANA QUEIROZ
Repórter
A presença de Safroa, personagem interpretado pelo artista Léo Ribeiro é garantia de sucesso onde quer que ele se apresente. A maquiagem é exagerada, roupas muito coloridas, microfone na mão e muito, muito improviso na hora de se comunicar com o público.
- A Safroa surgiu de uma mulher que morava próximo da minha casa, uma senhora e amiga da minha avó. As duas viviam de bate-papo na porta de casa e pelo o modo engraçado dela conversar, fui pegando a mania de imitá-la. Quando chegava a lugares que as pessoas conheciam a senhora, que por sinal chamava dona Cota, pediam para que eu a imitasse. O pessoal do meu bairro sempre falava: Léo imita aí a dona Cota. Era gargalhada na certa. Dessa imitação, comecei a modificar a voz e a criar outra personagem sem perceber – conta.
Pelo o fato de ela conversar muito embolado e sabendo que isso poderia prejudicar sua personagem, Léo conta que começou a mudar a voz.
- Foi então que numa festa de casamento do meu tio resolvi montar a personagem e apresentar um pequeno esquete (pequena peça) para a família no dia dessa festa. Para isso contei com a ajuda da minha tia, Terezinha, que escreveu o texto e me deu maior apoio. Ajudou a montar roupa, a peruca, sandália e maquiagem. Nascia ali a personagem física, que antes era só uma imitação de voz. Essa pequena peça era só uma diversão para ficar ali, na família, mas acabou que descobri nesse dia, uma personagem super importante em minha vida - diz Léo.
TRAJETÓRIA
Léo Ribeiro não tinha nem mesmo coragem de falar seu nome em público. Era tímido, até participar pela primeira vez de um projeto de teatro, em 1999, na Escola Estadual Clóvis Salgado.
- Tive a oportunidade pela primeira vez de participar do teatro através dos trabalhos escolares junto com uma galera da minha sala. Depois fui cobrir um colega no teatro e não saí mais. Caí de pára-quedas! – lembra.
Em 2002, Leo se integrou ao grupo de teatro Caminhos se apresentando em diversos lugares.
- Em 2005 participei do grupo de teatro Arte Cena para a montagem do espetáculo Vida Privada e no final de 2006 entrei definitivamente para o grupo de teatro Grande Palco onde continuo exercendo minhas atividades como ator - diz Léo.
No intervalo das peças, o ator está sempre reciclando através de oficinas em diversas cidades e interagindo com atores. Outra coisa que costuma fazer é ministrar oficinas gratuitas em escolas municipais da cidade.
Léo Ribeiro atuou nos espetáculos Chaves batendo em vento, A era Getulista, Vidas sim, drogas jamais, Meus desejos, De médico e de louco, todo mundo tem um pouco, O circo Rataplan, Paixão de Cristo, Vida privada, Teatro empresarial, Ninguém é de ninguém, Pluft o fantasminha, Batalhão de piadas, Safroa reguilida no posto do SUS, A coisa certa, Um negócio Chamado Família, Show dos atores, Confusões no dia dos namorados, Escuta aqui, seu ladrão, Os caras de pau, A pequena sereia, O Ator-Mentado, Auto de natal, O pequeno Príncipe e Imprevisto. Também participou de programas na TV, atuou em comerciais e atualmente faz a velha Safroa Reguilida, no Canal 20, no programa Jeito Mineiro.
SAFROA NO PROGRAMA JEITO MINEIRO
Léo conta que os apresentadores do programa foram assistir a uma peça dele onde interpretava a Safroa.
- Eles gostaram, depois me telefonaram perguntando se eu poderia gravar uma matéria para eles com o personagem, que eles iriam colocar no programa. Na época eu já tinha feito uma participação no programa deles, mas não com a Safroa. Lembro que quando recebi a ligação, fiquei muito extasiado porque eu queria muito e me preparei para fazer o melhor para ver se eu tinha a chance de ficar lá. Graças a Deus, depois dessa matéria eu não saí mais. Agradeço a oportunidade e por terem valorizado meu trabalho – reconhece.
PRÊMIOS, PARTICIPAÇÕES E DESAFIOS
Léo já faturou o prêmio de melhor espetáculo infantil com o Circo Rataplan e melhor espetáculo teatral com O Show dos atores na 4ª Mostra de Teatro de Montes Claros. Foi indicado como ator revelação no Festival de teatro de Belo Horizonte em 2006; recebeu o troféu de melhor ator em 2008, na 7ª Mostra de Teatro de Montes Claros.
Léo também atuou como o palhaço Bezouro, na turma da boneca Juquita e outros personagens como a Marília Gabriela, mas diz que é mesmo um apaixonado pela Vó Safroa.
- A Safroa me deu uma visibilidade maior e uma chance enorme de mostrar meu trabalho para minha cidade. Gosto também do personagem Mauro Cristal, da peça o Ator-mentado. Foi interpretando o Mauro que ganhei o prêmio de Melhor Ator da 7ª Mostra de Teatro de Montes Claros.
Para 2011, o artista diz que está se preparando para o espetáculo Sexo Farmacêutico. Os ensaios começaram em janeiro, com data marcada para estreia nos dias 24, 25 e 26 de junho no Centro Cultural Hermes de Paula.
- A peça conta a história de um casal que tem 25 anos de casados e há dez que não fazem amor. Agora ela resolve comprar um Viagra pra ele e ele acha que se tomar, vai morrer. Aí a confusão começa. É uma comédia muito divertida e está nos meus planos viajar muito por esse Brasil afora. Fora isso, estou com um projeto de realizar oficinas nas escolas públicas até o fim do ano - conta.
Sobre alguma saia justa em eventos, ele conta que teve várias, uma, inclusive, na semana passada.
- Fui fazer um evento com a Safroa e lá encontrei uma mocinha que eu já tinha feito a festa dela, e nessa festa, eu fui de palhaço. Antes eu trabalhava animando festas infantis. Então quando ela viu a Safroa, saiu gritando: - Olha o palhaço bezouro, você não me engana, você é o palhaço que foi à minha festa. Eu ri muito, porque ela é muito novinha e como que ela soube que eu era o bezouro? Todos ficaram zuando - a Vó, foi descoberta. Essa eu realmente fiquei de saia justa – conta.
Para ele, a forma em que se apresenta, principalmente com a Vó Safroa foi aceita com bons olhos. As pessoas interagem e se deixam levar pela proposta.
- As pessoas já se acostumaram com essa forma de humor mais próximo e a maioria faz questão de participar e de dar seu tempero para cada apresentação. Trocamos experiências e piadas com o público, é bom demais – avalia.
Com relação ao processo de criação das histórias ,ele diz que segue um roteiro, e outras vezes, é pura improvisação.
- Para os outros personagens eu sigo um roteiro, até porque não tenho muito contato com eles. Mas para a Safroa uso a improvisação mesmo. Ela já tomou tanto conta de mim, age como se tivesse vida própria, acho até graça disso. Mas o público ajuda muito também, então acaba ficando mais fácil. Costumo falar que a Safroa é pau pra toda obra. Bastou colocar ela ali, ela encara, sem medo de ser feliz. Eu a amo – confessa.
INSPIRAÇÃO E PRODUÇÃO
Fã de Chico, Jim Carey e Evandro Santos, o Cristian Pior do programa Pânico na TV, Léo diz que o bom comediante tem que ser natural, sem precisar fazer força. Mas que na hora de interpretar a Safroa precisa se esforçar para ficar em cima de um salto de 16 centímetros.
- Não sei como as mulheres conseguem andar com tanta perfeição. Outro vilão é o cílio postiço que sempre deixo a cola cair no meu olho e dói muito. Sofro para pintar a unha. Sim, porque não uso postiça. Também preciso fazer barba e ficar em frente do espelho por quase duas horas. Já a maquiagem demora cerca de uma hora e quarenta minutos para ficar pronta. E a roupa também não é fácil, muita espuma e muita amarração para chegar ao resultado final.
Lembrando também que antes disso eu faço exercícios vocais, porque como mudo a voz e falo demais, tenho que aquecer. O corpo também. Faço exercícios corporais, alongamentos para não ficar dolorido no outro dia. As vezes que fico quase 7 horas com a roupa e com o salto, então tenho que preparar - revela.
Quanto ao humor brasileiro na atualidade, ele diz que é tudo é muito copiado.
- As pessoas agora parecem que esqueceram a maneira antiga de fazer humor. Depois que apareceu o stand up não querem mais fazer outro tipo de humor, criar personagens, essas coisas. Não vejo problema nisso, acho que não deveriam morrer os caminhos e sim somar. Já a comédia da TV brasileira, ficou preguiçosa e apelativa. Dificilmente você vê uma coisa inteligente que não seja apelativa. Salvo as exceções, claro.
Para finalizar, o artista dá um recado.
- Quero agradecer aos leitores e pedir para que conheça meu trabalho que está disponível no Youtube, no Orkut e no facebook. É só procurar por Safroa Reguilida em qualquer um deles que me encontra. Ou pelo telefone 9842-8280. Agradeço a cada um que me dá oportunidade de fazer meu trabalho e levar para a todos um humor sadio. Obrigado por permitir que eu possa alegrar a vida de todos vocês. Tenho maior orgulho disso.