O grupo Emsemble Lirais apresenta a ópera de Pergolesi, em homenagem ao 28º aniversário do Centro Cultural Dr. Hermes de Paula
Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
As comemorações do 28º aniversário do Centro Cultural Dr. Hermes de Paula começaram na última terça-feira, com apresentação do grupo Prego de Linha e Convidados, no projeto Tom da Terça Especial.
Na noite de ontem, a festa ganhou novos tons e nuances com a apresentação da ópera La Serva Padrona pelo grupo Emsemble Lirais.
O público assistiu atento à versão contemporânea do intermezzo musicale do italiano Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736), considerada pela crítica a mais célebre das primeiras óperas cômicas, que se tornou um divertimento em nossos dias. De maneira singular, o grupo fez uma releitura instigante e atual da antiga obra, tanto na encenação como na orquestração e composição, encantando a platéia.
Com o nome de Intermezzo, a ópera buffa (cômica) surgiu no século XVIII para desafogar o público dos dramalhões.
La Serva Padrona, de Giovanni Battista Pergolesi, e libreto de Gennaro Antonio Federico, tem enredo simples que gira em torno de três personagens: Serpina, interpretada pela soprano Leila Brito; Uberto, interpretada pelo barítono Roberto Mont’Sá e Vespone, o criado mudo interpretado pelo ator Tom Dié. O acompanhamento instrumental é do pianista Saulo Leoni.
La Serva Padrona, que em português quer dizer, a empregada patroa, é de certo modo uma peça inaugural da ópera cômica e é, por isso, freqüentemente representada em todo mundo.
Embora não seja a única partitura de Pergolese a ser revisitada de forma tão contemporânea, é sem dúvida a mais encenada em todo mundo.
A versão apresentada pelo Emsemble Lirais tem montagem de Francisco Mayrink, assessor artístico do Palácio das Artes de Belo Horizonte e secretário de Cultura de Sabará, cenário de Daniel Campos e assistência de direção de Carol Cardoso. A direção é da maestrina e soprano Maristela Cardoso, que também é coordenadora do grupo.
As árias e duetos têm um tratamento orquestral contemporâneo, mas respeitando de um modo geral a partitura de Pergolesi. Alguns dos recitativos não são cantados, mas sim falados.
A ópera narra a história de Serpina, criada atrevida de Uberto, que dele, no entanto, faz os encantos, serve-o com demora e sobranceria e leva o seu atrevimento a ponto de, primeiro, querer condicionar as saídas do seu patrão e, depois, de se lhe impor como noiva, o que ele recusa. Um criado mudo, Vespone, também ao serviço de Uberto e nem sequer muito bem tratado por Serpina, será dela, porém, precioso comparsa na farsa que levará o amo a aceitar a criada em casamento: tomando a máscara de Capitão, num autêntico rábula de commedia dell’arte, faz-se passar por noivo de Serpina, a quem o patrão deverá dar um dote, ou, se o não fizer, tomá-la então para si. A recusa de Uberto em pagar é o triunfo de Serpina, que de criada passa a patroa, desposando Uberto, que acede de bom grado ante a ameaça do terrível Capitão Tormenta.
O espetáculo será reapresentado nesta quinta-feira, às 20h, na sala Cândido Canela, no centro Cultural Dr. Hermes de Paula. A entrada é gratuita.