ADRIANA QUEIROZ
Repórter
O convite veio em boa hora. No ano em que o CELF- conservatório estadual de Música Lorenzo Fernândez comemora 50 anos, a banda TPM vai celebrar, durante a 16ª Fenics, o aniversário da escola. As meninas sobem ao palco no dia 07 agosto, domingo, no encerramento da feira.
Raiana, Aninha, Liliane, Ciça e Ana Luísa no palco da Fenics
Leves, sorriso largo no rosto e muito competentes, quer seja lecionando – quase todas são professoras - quer se apresentando pelos palcos da cidade. Assim é a banda TPM, formada por um belo time de mulheres, entre 23 a 30 anos.
Uma delas é Raiana Maciel, que toca flauta transversal no grupo e às vezes, faz a segunda voz. A moça faz doutorado na Unesp em Etnomusicologia, estudo da música como cultura, integrando perspectivas abertas por disciplinas como a musicologia, antropologia, semiótica, acústica musical e muitas outras.
Mas essa menina bonita, de olhos verdes, tem a música circulando na veia, na alma. Aprendeu muito com o avô Nivaldo Maciel e o restante da família.
A outra integrante da TPM é Ana Luisa Soares, que começou cantando numa igreja protestante e, incentivada pelos colegas do curso de violão do Celf, resolveu investir ainda mais no canto.
Graduada em Letras/Inglês com especialização em Artes, Ana Luísa já se apresentou com o músico Flávio Augusto, participou em shows de MPB no Celf, Fenics, Unimontes, entre outros.
- Minha família é evangélica, todos muito ligados à música e lá em casa todo mundo toca algum instrumento. Meu pai, Antônio, tocava contrabaixo. Mas me lembro dele ouvindo The Police, Elvis Presley. Eu ouvia muito seus discos de vinil - conta Ana que também observava a mãe, dona Lourdes, sempre envolvida com artesanato.
Quem também se achega na sala do Celf para participar do dedo de prosa é Liliane Queiroz, a contrabaixista do grupo. E ao contrário do restante da banda, é a única que se interessou por música na família.
- Ganhei um violão do meu tio Zezé aos 14 anos e aí fui estudar violão popular no Celf. Depois fiz vestibular para o curso de Artes/Música - conta Liliane, uma jovem que coleciona muitos CDS e tem catalogados todos os títulos. Liliane é graduada em Artes Música e atualmente cursa o 5º período de Administração. Assumiu a vice-direção cultural do Celf e se interessa bastante pela área de gestão e produção cultural. Haja fôlego! Ao lado da professora Cássia Silveira, da Funorte, Liliane atua como coordenadora administrativa nos cursos de pós-graduação.
Quem também se achega para o bate-papo é a conhecida Ciça Clair, que há 16 anos trabalha com música.
- Minha vida é música.
Entrei para o Celf aos nove anos para estudar musicalização, violão e piano - conta Ciça, que desde bem cedo, acompanhou a mãe, a professora dona Rute Silveira, auxiliando nas aulas.
- Os alunos de minha mãe vinham para estudar, fazer trabalhos e eu ensinava a turma a cantar. Cresci nesse ambiente. Era também muito tímida e o Celf me ajudou. Foi aí que comecei a apresentar em praças. Me lembro de uma participação na Matriz, numa feira, com exposição de trabalhos de Monteiro Lobato. Todos apostavam que eu seria médica. E foi um preconceito geral quando resolvi fazer música – revela.
Ciça antes de se graduar em Artes, estudou um período Filosofia, não chegou a formar, pois a música era mais latente. E por isso, lecionou na rede privada, ministrando cursos e oficinas, especialmente na fabricação de instrumentos em várias cidades do Norte de Minas.
- Hoje tenho direcionado meu trabalho na área de educação. Trabalho na rede marista, ao todo, são quase 500 alunos - conta.
A TPM surgiu no Celf há aproximadamente dez anos. Ficou parada cerca de seis anos, mas as meninas sempre envolveram com a música. Daí a ideia, no ano em que o Celf comemora 50 anos, de se reunir novamente para fazer o show durante a 16ª Fenics.
As moças garantem um show de uma hora, com repertório diversificado – gosto popular de cada uma -, desde a música popular até os clássicos internacionais.
Mais maduras, vão mostrar também o lado b, aquilo que não está na mídia.
No repertório não vão faltar canções de Lenine, Djavan, Rita Lee, Michael Jackson, Los Hermanos, baião, Beatles, Luiz Gonzaga e o Clube da Esquina.
A ideia desse reencontro é criar arranjos bem elaboradas, além de celebrar a amizade das integrantes do grupo. Para elas, os homens sempre têm um pretexto para encontrar, como o futebol por exemplo. No caso delas, o assunto é trabalho, família, relacionamentos, beleza, amores. E o ensaio? Há, esse demora em acontecer. Afinal são todas formadas em música, o bom humor sempre está em alta e aí, o resultado é pura diversão. Sempre com um objetivo: reunir as amigas.
Aninha Lommez também faz parte da banda. Desde menininha acompanhava a avó Helenice Lommez e a mãe Baby, ambas professoras do Celf.
- Meu pai ouvia sempre moda de viola e minha mãe, Chico Buarque. Cresci ouvindo um pouco de tudo. Me ingressei no Celf com seis anos e fui estudar violão e teclado. Me formei em Arte/Música, sou professora de violão no Celf e de musicalização na rede particular - conta.
Aninha conta com orgulho das participações da TPM no Fucap, em diversas cidades do Norte de Minas, Festival do Pequi, Tom da Terça, Psiu Poético, feira de artesanato e da abertura do show do Skank em Montes Claros.
Quem também participa da banda é Graciele Santos (vocal). Grá como é conhecida, foi aluna dos cursos de Canto, Flauta transversa e Violão popular do Celf. Fez parte de outros grupos musicais na cidade, principalmente bandas de baile. Graduou-se em Fonoaudiologia pela Funorte e atualmente atua como fonoaudióloga, além de cantar em bares.
As meninas da TPM também são compositoras, autoras de pérolas como As Minas das Gerais, Na contramão e Vozes do Vento, que diga a professora, idealizadora desse projeto, Magaly Antunes, uma das responsáveis por plantar uma sementinha na vida dessas talentosas artistas.
Agora, é aguardar o dia 07 de agosto, para vê-las brilhar no palco da Fenics.