Com a chegada de junho, está aberta a temporada do forró em Montes Claros, o ritmo mais tocado nos festejos juninos. Um dos mais aguardados é o “Forró do Juventino”, na próxima sexta-feira-feira, na OAB. No palco Tino Gomes, a dupla Sérgio e Rodrigo e Toque Xote animam o público.
O NORTE – Como é retornar à cidade para um show?
Tino Gomes – Pra mim é um prazer enorme voltar a tocar, a trabalhar nessa cidade que eu amo tanto. Sou uma pessoa que a vida toda – estou fazendo 44 anos de carreira hoje –, sempre busquei levar um pouco o nome de Montes Claros seja na composição, quando estou no rádio, na televisão, em qualquer lugar. Sei que Montes Claros me ama e eu amo Montes Claros. Voltar à cidade e fazer um show na OAB, é maravilhoso. Voltar para fazer esse show de forró, o Forró de Juventino, em homenagem ao meu avô que chamava Juventino, que é meu nome (risos), é uma coisa muita boa. Será uma festa linda com certeza, quando lanço meu 16º disco, “Forró de Juventino”. Um disco gostoso para dançar, com sete canções autorais, cinco do cancioneiro de Luiz Gonzaga, Petrucio Amorim e outros autores da Música Popular Brasileira. Estão comigo nesse show Danuza Menezes, cantora, zabumbeira, percussionista, Camila Rocha contrabaixista, Ricardo Boca percussionista (triângulo), eu e o fantástico sanfoneiro maravilhoso do Piauí. E voltando a Montes Claros, não posso deixar de me lembrar de pai e mãe. Pai partiu, está morando com as estrelas, e mãe, essa figura maravilhosa que eu amo tanto. Sempre volto a Montes Claros e bebo da minha raiz.
No repertório, além de suas músicas autorais você apresentará seu novo show...
Meu trabalho é eclético. O povo hoje tem essa a mania de botar essas coisas na gaveta, na caixinha, no armário, numa estante: forró, forró pé de serra, forró universitário, sertanejo, sertanejo de raiz, não sei o quê... Na verdade, me considero um artista que faço muita coisa. Faço humor, sou ator, músico, compositor, cantor. Fiz três discos de forró. Na minha raiz, sempre ouvi minha mãe e meu pai cantando. Mãe, cantando músicas de quadrilha. Onde fui criado, ali na rua Bocaiuva, entre a rua Pará quase chegando à Vila Guilhermina, ali tinha o tenente Esmeraldo, ele fazia muita quadrilha, e fui criado envolvido nesses cantos e de humor também. Ele colocava a gente sentando no chão do alpendre da casa dele, ouvindo Barnabé, contar histórias, as piadas. Seu Esmeraldo foi um grande cara que atuou nessa linha cultural, nas festas juninas, na Rua Bocaiuva, uma rua sensacional. Tenho muita saudade, da famosa 1056 (risos). Tinha dona Maria do Cabo, na Rua Pará, próximo a João Souto com Dr. Veloso. Fui criado envolvido nisso. Tá no meu sangue. Nós de Montes Claros, somos muito nordestinos, catrumanos, geraiseiros. O forró está no sangue de todos nós. Estou em casa e vocês vão gostar muito do disco.
Qual a música de Gon-zagão que é mais marcante para você?
Gonzagão é difícil da gente falar. Muitas coisas marcaram. A começar de “Asa Branca”, um ícone da música de Luiz. Já gravei algumas coisas dele. Mas, a música que adoro dele é “Légua Tirana”, nem gravei, que diz: “Oh, que estrada mais comprida/ Oh, que légua tão tirana/ Ai, se eu tivesse asa/ Inda hoje eu via Ana/ Quando o sol tostou as foia/ E bebeu o riachão/ Fui inté o juazeiro/ Pra fazer a minha oração/ Tô voltando estropiado/ Mas alegre o coração/...” Ei... Isso é bonito demais.
Nesse meu discou gravei “Sabiá”, um espetáculo que é de Luiz e Zé Dantas, gravei “Numa sala de Reboco”, de Luiz e Marcolino, que é muito marcante, nessa linha do forró pé de serra. Gonzagão é uma coisa maravilhosa!