Ternos de reis têm hoje último dia da folia de ano

Jornal O Norte
Publicado em 06/01/2010 às 11:14.Atualizado em 15/11/2021 às 06:15.

Michelle Tondineli


Repórter



Termina hoje a festa de Folia de Reis, do bairro Santos Reis, realizada há 38 anos em Montes Claros, em frente à igreja da comunidade. No dia 06 de janeiro comemora-se o dia de Reis, que na tradição cristã foi o dia em que os três reis magos levaram presentes a Jesus Cristo. Baltazar saiu da África, levando para o menino mirra, um presente ofertado aos profetas. A mirra é um arbusto originário desse país, onde é extraída uma resina para preparação de medicamentos. O presente do rei Gaspar, que partiu da Índia, foi o incenso, como alusão à sua divindade. Melchior ou Belchior partiu da Europa, levando ouro ao Messias, Rei dos reis. O ouro simbolizava a nobreza e era oferecido apenas aos deuses.



De acordo com o diácono José Osmando Mendes Aquino, na comunidade do Santos Reis é seguida toda a tradição da festa.



– Ela vai desde o sentido cultural, resgatando as pastorinhas e os ternos de folia de reis, até a religiosidade do público, com celebrações todos os dias. Estou na comunidade há 20 anos e vejo que o empenho das pessoas tem dado uma conotação melhor. No início tínhamos uma equipe de 15 pessoas, que era só nos fins de semana, e fomos inovando. Temos em média 300 pessoas ajudando, com bastante fé - afirma.



José Osmando ainda afirma que são 14 dias de festa. A equipe preparatória começa em setembro.



- É ela que pensa em decoração, patrocínio, alimentação, todas as formas. Aproximando novembro são definidas as coordenações das equipes e funções para não sobrecarregar ninguém. A festa, que começa no dia 24 de dezembro e termina no dia 6 de janeiro, dá muito trabalho, mas somos bem recompensados. O que vale é o resultado - diz.



O diácono fala que a novidade deste ano é a reforma da igreja e a venda da rifa de um carro 0 km, duas motos, uma geladeira e fogão de 06 bocas.



- Isso vai nos ajudar a angariar fundos para a igreja e a festa do próximo ano. Além das celebrações, que acontecem às 19 h, vão acontecer apresentações dos ternos de folia de Reis, pastorinhas, grupos folclóricos de fora da região e bandas de música sacra, com clima religioso e de festa boa - afirma.



Para Osmando, os jovens estão mudando o seu pensamento religioso, muitos estão participando da igreja e ajudando na realização da festa.



- Creio que ainda existem aqueles jovens que vêm para aproveitar. Mas se o ambiente é sadio e bom, vai estar ajudando estes jovens a reatarem a sua fé. A festa pode levar as pessoas a buscarem a Deus, e isso já aconteceu muito. A igreja é o caminho de Jesus e seu fiel. Fazemos o que acreditamos ser correto. Já demonstramos a muitos que não acreditam na fé católica de que não ficamos só adorando imagens. É diferente a adoração a um santo e a fé - finaliza.



Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (38) 3212–7506.



DE UM SONHO NASCE UMA CAPELA



A Folia de Reis é uma festa religiosa de origem portuguesa, que chegou ao Brasil no século XVIII. Em Portugal, em meados do século XVII, tinha a principal finalidade de divertir o povo, enquanto aqui no Brasil, passou a ter um caráter mais religioso do que de diversão.



No período de 24 de dezembro, véspera de natal, a 6 de janeiro, dia de Reis, um grupo de cantadores e instrumentistas percorre a cidade entoando versos relativos à visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. Passam de porta em porta em busca de oferendas, que podem variar de um prato de comida a uma simples xícara de café.



A Folia de Reis, herdada dos colonizadores portugueses e desenvolvida aqui com características próprias, é manifestação de rara beleza. Os preciosos versos são preservados de geração em geração por tradição oral.



No som de viola, violão, sanfona, reco-reco, chocalho, cavaquinho, triângulo, pandeiro e outros instrumentos. Os doze personagens trajam roupas bastante coloridas, sendo eles o Mestre, Contra-Mestre, os Três Reis Magos, Palhaço e Foliões.



O diácono José Osmando Mendes Aquino afirma que o fundador da capela de Santos Reis foi Pedro Mendonça.



- Em sua fazenda ele construiu a capela e uma gruta, em homenagem aos três Reis Magos de que era devoto. Relatos da família contam que Pedro estava bastante doente, e que sonhava muito com pássaros brancos. Após um tempo, ele se curou e interpretou os sonhos como um aviso. Por isso construiu a capela - afirma.



Osmando fala que os anos foram se passando e foi necessário aumentar o tamanho da igreja. Em 38 anos, o templo encontra-se em sua quarta versão.



- Graças a Deus, nosso trabalho tem sido reconhecido em várias comunidades e está sendo possível atrair um bom número de fieis. A festa é uma forma de comemorarmos o nascimento e a fé em Jesus, mas também conseguimos atrair um bom número de pessoas que acreditam na fé cristã - afirma.



Para Aroldo Narciso, a ajuda na organização da festa tem sido compensadora e válida há 18 anos.



– Cada ano que passa aumenta o número de fieis. Todos que vêm à festa sempre voltam, marcam presença e fazem sua adoração aos Reis. A valorização de nossa cultura e nossa fé tem sido maior a cada dia que passa - diz.



A moradora do Santos Reis e organizadora da festa há 30 anos Ivonilde Francisco, juntamente com sua família, tem procurado preservar a cultura da folia de Reis.



- Nós tínhamos uma preocupação como organizador da festa, de que um dia poderia acabar. Porque vários foliões são de idade. E percebemos que temos foliões e pastorinhas mirins, que vão continuar a nossa jornada. É uma confraternização de família, nosso momento, e todos estão dedicados a isso - finaliza.



A igreja de Santos Reis fica localizada na Rua Traço 06 de Janeiro, n° 87, Bairro Santos Reis.

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