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Quarta-Feira,24 de Setembro

Telas-retrato são expostas na galeria do Centro Cultural

Jornal O Norte
Publicado em 15/10/2009 às 10:38.Atualizado em 15/11/2021 às 07:13.

Michelle Tondineli


Repórter



Vários rostos marcam a exposição do artista plástico Estevão Machado, aberta na noite de terça-feira, 13, no Centro Cultural de Montes Claros. Oriunda de Belo Horizonte, a exposição permanece no Norte de Minas até o dia primeiro de novembro.



Denominada Lírica urbana provisória, a mostra tem o apoio da lei Rouanet de incentivo à cultura e da Petrobras. Destaca expressões de um povo cansado de se submeter a um cotidiano sempre difícil de ser enfrentado nos grandes centros populacionais. São 22 telas em óleo.



As pinturas retratam a espera pelo ônibus enfrentada todos os dias por mulheres e homens, crianças, donas de casa, catadores de lixo, aposentados, estudantes, trabalhadores e deficientes físicos. Em todos os trabalhos, o segundo plano é composto por outros cidadãos comuns que, como eles, habitam o dia a dia extenuante da grande metrópole mineira.



(foto: MICHELLE TONDINELI)


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O artista acredita que a arte tem que ser


gratuita como dona Paulina
.



Além das 22 telas, a exposição em Moc conta com duas produções em vídeo que, dentro da temática de Estêvão, buscam ampliar o processo de identificação das pessoas retratadas em sua obra. Estevão diz que entre os personagens estão a dona Paulina (Joana de Paula dos Reis) e Seu Osvaldo (Osvaldo José dos Santos), montes-clarenses que residem em BH e que, coincidentemente, foram captados pelo artista.



O projeto é dividido em três fases de entrevistas e vídeos “daqui pra fora”, que mostram a espera das pessoas no ponto de ônibus e a opinião delas sobre arte; “daqui pra dentro” mostra o cotidiano das pessoas na residência delas. A terceira parte são as pinturas em tela:



- Para fazê-las, eu trabalho com as fotografias, eu tiro mais 100 de cada pessoa na rua, mostrando a correria do dia. É bem legal.



Segundo o artista, com autorização de cada personagem, vai transferindo para a tela, durante quatro dias de pintura, a expressão exata dos olhos, rostos, gestos, diante da espera interminável pelo transporte coletivo, ressaltando todo o incômodo que isso produz no usuário do sistema.



- As telas fazem parte de um projeto de interferências urbanas, elas foram feitas para colocar em abrigos de ônibus de BH, no lugar das propagandas e anúncios. A provocação é ter as telas, como um lugar de arte, valorizando o povo brasileiro - diz.



Além disso, Estevão complementa que a idéia de mostrar anônimos brasileiros, normais, tirados da rua, mostra a lírica urbana.



- Este projeto na verdade traz o personagem com o nome dele no quadro, com a historia, o porquê de ele ser o escolhido. Mostro o flagrante urbano sem intuito de vender, de mostrar pessoas comuns e suas varias estéticas. Esta lírica urbana seria uma coleção de poemas, no caso é uma coleção de retratos, eu fui à casa de uns, os entrevistei e cada um tem uma história, por isso os vídeos são importantes, para mostrar o trabalho antes da produção das telas - diz.



Primeira vez em Moc, o artista revela trabalhar com artes plásticas desde criança, mas a pintura a óleo só apareceu aos sete anos.



- A arte é um prazer muito complexo, que leva tempo e dedicação. É uma questão social importante no Brasil, acho que tem que sair da galeria e ir para a rua. É uma questão ilícita, esta idéia de levar para a rua, em um espaço que não é reservado para a arte, tem que ser gratuito e de acesso para todo mundo - ressalta.



Estevão Machado acrescenta que seu trabalho é também uma forma de revelar o cenário ofuscante em que vivem os belorizontinos.



- É só reparar a expressão deles, todos sérios, sem nenhum sorriso, que estão no meio às mais variadas formas de poluição, num ambiente deteriorado. Aos detalhes de sua obra, não escapa nem mesmo a sujeira das ruas. Minha intenção sua intenção é mostrar, também, que a população de Belo Horizonte, vive sem horizontes, revela.



Inicialmente a exposição de telas acontece em Minas Gerais. Machado conta que já passou por Juiz de Fora, Unaí e pretende partir para outros lugares.



- A pintura sempre esta em meus projetos, é difícil o patrocínio instituições de incentivo, mas sempre corro atrás. Dá certo viver de arte, basta batalhar e correr atrás. Eu tenho que fazer arte para viver, e quem valoriza contribui com meus quadros. O intuito da instituição é mostrar a arte, e a valorização dela. Ano que vem pretendo ir para fora - finaliza.



Para mais informações: (38) 3229-3458 ou (31) 3285-3599.

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