Tambores anunciam as Festas de Agosto

Jornal O Norte
20/07/2007 às 10:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:10

Ternos de Catopês, Marujos e Caboclinhos se preparam mais uma edição das festas que são uma das mais expressivas evidências da diversidade do patrimônio cultural do povo montes-clarense

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Senhora dona da casa,minha cumadre licençaVou fazer uma toada,dois versos uma incelença

Mês de agosto está chegando. A batida do tambor começa a ecoar em Montes Claros, que se prepara para sua maior e mais tradicional festa: a Festa dos Catopês. Festa que, aliás, não é nova. Em seu livro Montes Claros, sua história, sua gente e seus costumes, Hermes de Paula conta que em 23 de maio de 1839, Marcelinho Alves pediu licença para tirar esmolas para as festas de Nossa Senhora do Rosário e do Divino Espírito Santo que pretendia fazer nesta freguesia. Nessa época, quando Montes Claros ainda era Vila de Montes Claros das Formigas, o Código de Posturas da Câmara Municipal dispunha que, para realizar qualquer manifestação cultural, as pessoas tinham que pedir permissão à câmara para que pudessem sair às ruas.




Mestre Nenzinho: tradição passada


de pai para filho
(fotos: Wilson Medeiros)

As festas de agosto de nossos dias são diferentes das daquela época, que eram feitas apenas pelos ternos de Catopês. A partir da fundação da Diocese de Montes Claros, que aconteceu em 10 de dezembro de 1910, o bispo Dom João Pimenta reuniu no mesmo calendário três festas que já aconteciam na cidade em diferentes épocas. Assim, a festa do Divino, que ocorria no período de Pentecostes, cinqüenta dias após a páscoa, e a festa de São Benedito, que acontecia no mês de outubro, foram somadas à festa de Nossa Senhora do Rosário, que já era realizada no mês de agosto.

Hoje, a festa de Nossa Senhora do Rosário, que atualmente acontece na terceira semana do mês de agosto, reúne os ternos de Catopês, Marujos e Caboclinhos, que saem às ruas celebrando seus santos devotos e cantando sua própria fé.

Neste ano, as festas contam com um elemento a mais, pois também comemoram o sesquicentenário de Montes Claros. Catopês, Marujos e Caboclinhos já iniciaram as visitas aos mordomos e, a partir da próxima semana, os festeiros também serão visitados pelos mestres dos grupos.

Coordenadas pelo mestre João Pimenta dos Santos – o Mestre Zanza -, que completa 74 anos no próximo dia 16 de agosto e desde os 4 anos de idade participa dos festejos, as festas de agosto prometem dias de paz e glória para essa cidade que, todos os anos, tem suas ruas sacralizadas pela fé de um povo humilde e sofrido, mas que nunca perde a esperança de dias melhores para sua gente.




Coordenador das festas de agosto e presidente da Associação dos Ternos de Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros, Mestre Zanza comemora 70 anos como integrante dos Catopês

A marujada perdeu seu mestre, José Calixto da Cruz, o Mestre Nenzinho, que faleceu no mês passado, e Mestre Zanza lamenta e diz que, com ele, se foi um grande incentivador dos festejos, mas acredita que, apesar da perda, esta será mais uma festa grandiosa.

Montes Claros possui atualmente seis grupos de Congado, sendo um de Caboclinhos, dois de Marujos e três de Catopês, esses últimos representando uma importante referência cultural da cidade. De 13 a 19 de agosto, os seis grupos sairão em cortejo pelas ruas da cidade, expressando sua fé, devoção, religiosidade, alegria, festa e divertimento, numa manifestação que sintetiza dimensões estéticas e valores simbólicos que dão vida e forma às suas tradições.

Mestre Zanza, que também é presidente Associação dos Ternos de Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros, conduz os dançantes pelas ruas, que cantam e dançam com seus trajes que ostentam as cores dos santos: azul e branco para a Nossa Senhora do Rosário, rosa para são Benedito e vermelho para o Divino Espírito Santo.

FESTIVAL FOLCLÓRICO

Enquanto Catopês, Marujos e Caboclinhos rendem cânticos de louvor aos santos de devoção, o Festival Folclórico, que acontece no mesmo período, promove shows musicais, exposições artísticas, oficinas culturais, palestras e debates, além de barraquinhas de comidas, bebidas e de artesanato. O festival acontece desde a década de 1960, promovido pela secretaria municipal e Cultura, com objetivo de discutir, divulgar, resgatar e preservar as manifestações culturais populares, não apenas de Montes Claros, mas de todo Norte de Minas.

Neste ano, o Festival Folclórico começa com rua de lazer, com brincadeiras infantis e participação de centenas de crianças de escolas municipais, estaduais e particulares da cidade. Nos dias 16 e 17 acontece o 11º Encontro Cultura Popular e Educação, com palestras e debates com educadores, estudantes e comunidade em geral.

Na programação artística, shows com Cláudio Mineiro, Pedro Moraes, Eduardinho da Sanfona, Herbeth Lincoln, Projeto Tim Tambores, com Maurício Tizumba, Tambolelê e grupo Tia Nastácia, Gabriel Guedes, Orquestra de Rabecas do Sertão, Suíte para os Orixás, Tino Gomes, Jukita Queiroz, Berimbrowm, Marcelo Godoy, Conexão Tribal e Mamú Ba.

Toda a programação do Festival acontece na praça Dr. Chaves (Praça da Matriz), em frente à igreja da Matriz de Nossa Senhora e São José.

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