Talento inato

Jornal O Norte
Publicado em 01/07/2011 às 10:43.Atualizado em 15/11/2021 às 17:30.

O jovem professor Ediny Emiliano é um dos destaques da cidade que vai completar 154 anos






ADRIANA QUEIROZ


Repórter



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Quer seja aluno, professor ou visitante que adentra ao Celf - conservatório estadual de Música Lorenzo Fernandez, não deixa de perceber a inquietude do jovem professor Ediny Emiliano.





Ediny também leciona do Impar Escola de Criança, em escolas particulares de música e ainda encontra tempo para desenvolver um trabalho voluntário em outros educandários.





Nos dias que antecedem as férias, lá está ele na sala de aula, no pátio da escola ou no auditório Marina Lorenzo Fernândez, reunido com as crianças mostrando tudo que sabe para as apresentação de piano e canto coral.





- Elas fazem parte da disciplina de musicalização. São crianças de 09 e 10 anos que aprendem canções populares, o que facilita o aprendizado do canto coral e piano. Eles também fazem violino e têm outros instrumentos opcionais - diz o professor.





Ediny é sempre requisitado. Entre uma conversa e outra, tem sempre um aluno querendo um dedo de prosa com ele.





- Me dou bem com as crianças. Eu era assim quando pequeno. Desde os seis anos tinha consciência de queria ser artista, me envolver com literatura, cantar, escrever e atuar - observa.





O professor conta que sempre foi um apaixonado pelas artes dramáticas, pela música, mas que embora tenha pensado em desistir de seus sonhos, algumas vezes encontrou forças para prosseguir.


- Tive uma vida bem dura, fui bem pobre até a adolescência. Tenho contato com o meu pai, mas sou filho de mãe solteira. E essa influência musical foi graças a ela e de meu avô Manoel Emiliano, pai da minha mãe - conta.





Quem passa pela Rua Correa Machado e Bocaiuva logo percebe a homenagem no viaduto ao ex-ferroviário, que teve 16 filhos naturais e dois adotivos. Uma pessoa que não teve muito estudo, mas que gostava de ler livros e tinha uma caligrafia extraordinária.





- Meu avô era um apaixonado por violão, gostava de cantar, cantava muito bem por sinal. Não cheguei a conhecê-lo. Tudo que sei sobre ele foi através de meus tios e amigos. Sei que ele gostava de ouvir rádio, em especial ouvir os pianistas. Me disseram que seu sonho era ser pianista – conta.


Ediny também fala com orgulho da tia Helena Macedo, cantora de rádio que hoje reside em São Paulo, casou-se, trabalhou como enfermeira, mas que teria ido longe se tivesse optado em ser cantora, especialmente de bailes da saudade.





Outra pessoa que ele também faz questão de citar é o tio Nilton Baleiro, ex-professor de Educação Artística, baterista de diversas bandas da década de 60.





Ediny fez faculdade de Música, trabalhou na rede municipal, estudou canto e violão e produziu a primeira peça teatral em 1995.





- Escrevi o drama Sangue e Lágrimas. Era sobre a abolição da escravatura. Reuni cerca de 30 atores e ainda 10 colaboradores para a apresentação da Semana da Cultura na Escola Normal. Ganhamos cinco pontos na disciplina de História. Mas acabamos também ganhando 10 pontos em Português e 10 em Literatura, revela.





Sobre o sucesso do espetáculo que durou 2 horas, ele diz que o personagem principal da peça morre ao tentar salvar um negro alforriado e poeta. A entrega de alguém pela vida de outra pessoa emocionou a plateia.





- Na verdade, desde a adolescência eu sonhava em ser autor de novelas de teledramaturgia. E aí esse sonho foi ganhando formas, me fez querer ser escritor de romances, conta.



ROMANCES E SONHOS





O professor que sonha conhecer Paris, diz que seu primeiro romance está na gaveta desde 1992. É seu xodó, mas pretende concluir, embora tome bastante seu tempo devido a sua complexidade. Ao todo são 60 personagens. Mas já tem uma experiência quando lançou seus primeiros contos.


Em 2000, Ediny publicou seu primeiro conto intitulado Fundamentos do Amor e vendeu mais 1000 cópias.





Em 2002, repetiu o sucesso com o conto Espera-me e vendeu novamente mais de 1000 cópias para os colegas de escola, na igreja e para os amigos.





- Foi um sucesso, na verdade, uma literatura voltada as questões da juventude, - conta o professor.


Em 2002 ele foi entrevistado por uma amiga para o jornal Ênfase e na matéria ficou conhecido como o cantor que lê caminhando. Isso mesmo. Se encontrar com Ediny pelas ruas de Montes Claros, não estranhe. Ele lê todo dia e detalhe, nunca caiu.





- Já tropecei, mas adquiri algumas habilidades ao caminhar. Adoro ler vários romances ao mesmo tempo. Leio de tudo. Oitenta por cento é romance. Acho interessante a lição de vida que os romances trazem. Estou relendo pela 6ª vez O Pequeno Príncipe. Ele é indiscutivelmente um dos 10 melhores livros que já li. Me tornei uma pessoa melhor, principalmente nos meus relacionamentos - diz.


Sobre projetos, Ediny diz que tem sondado algumas editoras pela internet, principalmente aquelas de pequenas tiragens, está fazendo orçamentos e que em agosto tem novidade para quem gosta de romance.





- Um romance que tenho trabalhado desde 2003, de cunho psicológico, apesar de ter uma boa dose de ação e o nome é Divã ao Sol - adianta.


Para ele o romance dará margem pelo menos para duas continuações, Divã ao luar e Divã nas Montanhas.





Ediny quando aluno ganhou 11 prêmios no Ficap - Festival Interno da Canção Popular no Celf. Melhor letra, arranjo, música e por três vezes melhor intérprete. Mas teve que parar de competir, porque, segundo a diretora, os alunos estão ficando inibidos de participar. Isso mesmo! Só dava ele.



DESERTO





Quem pensa que a vida de Ediny foi só de vitórias, precisa aprender com ele que chegou a catar latinhas por seis meses.





- Endividei, estava na época, sem emprego fixo, e precisava levantar um dinheirinho para pagar uma gravação de um CD. Fui muito criticado, mas não me importei. Catei ferro velho, papel velho, enfim, consegui gravar o CD, pagar a dívida – lembra.



PROJETOS





Agora é arregaçar as mangas para trabalhar no seu próximo projeto de músicas infantis, onde vai gravar uma série de 10 CDS e também um DVD, com canções próprias, além de resgatar canções populares com as crianças.





- A criança tem essa energia cíclica. A que faz canto coral, por exemplo, percebo que ela desenvolve muito mais se interessa pela prática de gesticular de dançar - diz.


Ediny também faz terapias de cores, adora cozinhar, é um craque em preparar saladas especiais e, quer saber? Quer se casar! 

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