Som da ‘Outra Banda da Lua’ encanta plateia em Tiradentes

Depois do sucesso na 22ª Mostra Nacional de Cinema, em janeiro último, grupo montes-clarense prepara o lançamento do primeiro trabalho fonográfico

Adriana Queiroz
06/02/2019 às 07:13.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:25
 (DIVULGAÇÃO)

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A 22ª edição da Mostra de Tiradentes, que movimentou a cidade histórica mineira de 18 a 26 de janeiro último, além de cumprir a vocação de expandir a experiência da sétima arte dentro e fora da telona, foi marcada pela presença incontornável de novas vozes. De Montes Claros, a banda “A Outra Banda da Lua” subiu ao palco e fez bonito.

“Enquanto banda alternativa surgida em Montes Claros, no sertão norte-mineiro, foi uma conquista e alegria imensa receber convite do Sesc Minas Gerais”, diz o músico Edson Lima, guitarrista da banda e conhecido também como “Edssada”.

Filho do baiano Edvaldo Rocha e da mineira Maria Oliveira Rocha, Edson nasceu e cresceu em Almenara, no baixo Vale do Jequitinhonha. “Foi na beira do rio Jequitinhonha que desenvolvi e agucei minhas primeiras peripécias, sou capricorniano, pai, pesquisador das possibilidades timbrísticas e da diversidade sonora dos instrumentos étnicos”, se autodefine o músico, de 31 anos.

Os primeiros sons que encantaram o músico vieram da natureza, na meninice. Ele conta ter crescido ouvindo os bichos nas matas, a correnteza do rio Jequitinhonha, os aboios dos vaqueiros, o silêncio dos pescadores, as cantigas e toadas das folias e das mulheres lavadeiras na beira do rio lá no “Vai quem quer”.

“Depois de tudo, isso foi a vez de ouvir Joan Baez, Dylan, Led Zeppelin, Milton Nascimento e o clube, Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos, Ravi Shankar, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Gil, Tom Zé e turma da Tropicália”, lembra.

Edson comunga com o universo dos mantras, canções e aboios dos sertões. Estudou em escola de música, aulas particulares e no Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez, em Montes Claros, mas considera suas maiores escolas a rua e os palcos. Confira a seguir o bate-papo com o músico:

Formada em 2015, a banda, vencedora do Prêmio de Música das Minas, é composta por André Oliva (percussão), Edson Lima (guitarra), Marina Sena (voz), Mateus Sizilio (bateria) e Matheus Bragança (contrabaixo)

Você participa da banda A Outra Banda Da Lua, é membro na Orquestra Catrumana do Groove Solto e faz shows solos.
Sim, exatamente. Sou um dos membros fundadores da A Outra Banda da Lua e diretor musical da Orquestra Catrumana do Groove Solto. Ambos são frutos de um laboratório musical proposto no final de 2008 pelos arte-educadores Adriano Lellis, Mateus Sizilio e eu. Além desses projetos em destaque, existem o Estéreo Sertão (laboratório de sons), AuPé (duo com Samuel Pereira). Moíado de Suó (trio com Alexandre Zuba e Gustavo Machado Guedes) Jabaquara Xik Xik Haux Haux (trio com Rafael Carneiro e Matheus Bragança) e o Edssada (solo), que de poucos anos pra cá se tornou meu nome artístico.
 
Como foi a participação de vocês na Mostra de Tiradentes?
Estamos falando de um evento de resistência cultural que propõe a sétima arte, o cinema, como ferramenta de sociabilização entre as pessoas sem fazer distinção de classe social, credo, cor ou gênero, e em conexão com outras artes como a música. Tocamos na noite de 22 de janeiro último, no espaço Cine Sesc Lounge. Foi um show excelente, pois conseguimos mergulhar em nossa proposta sonora e o público foi com a gente. Cantando, saudando e dançando as nossas músicas e as releituras que fizemos de “Cantoria de Fogueira” e “Desentoado”; ambas do Grupo Raízes (Montes Claros), “Deixa a Gira”, canção de matriz afro-brasileira e “Divino Maravilhoso”, de Caetano Veloso, eternizada por Gal Costa. É um pouco difícil narrar como foi, pois envolve muitos sentimentos que são talvez impossíveis de descrever.  
 
E o trabalho de vocês está repercutindo bastante, não é?
 Finalizamos o show cantando em coro uníssono com a plateia e pós-show recebemos uma crítica em forma de matéria de um jornalista na qual a mesma está circulando nacionalmente. Até onde eu sei!. Damos graças, pois essa repercussão é de fruto de muito trabalho e dedicação de várias pessoas. Não somente nós, os cinco integrantes, mas da equipe que está se formando conosco. Com destaque para nosso produtor André Mimiza, Maxsandro, Tim Pires, Vito Soares e, com certeza, às amizades e o público cativo de nossos shows em Montes Claros e outros lugares.  
 
Quais os desafios para 2019?
Lançar o disco da A Outra Banda da Lua, no meio do ano. Disco esse gravado em Montes Claros, no Guella Music, com produção musical de Rafael Carneiro (Lobaum). Além do disco, vou dar início à gravação de um EP com o percussionista Jhonny Herno.
 
Você acompanha as novas gerações de músicos de Montes Claros? Qual é a sua opinião sobre o trabalho deles?
Cito e destaco os trabalhos de Bob Silva, Amanda Souza, banda Taboo, Marcos Tibet, Canatriz, Carapiá, Juliana Peres, Thomas Fernandes, Apoenah, Caio Bastos, Lucas Tirí, Victor Manga, Tripulação de Veneta. Mas tem muita gente boa mesmo.

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