Michelle Tondineli


Repórter

Quem nunca assistiu a filmes americanos e viu como o escoteiro é bonzinho, vende biscoitos e faz caridade? Ou tem como símbolo de honestidade a palavra de escoteiro? Mas, afinal, o que é um escoteiro? O que ele faz?

Em todo o mundo comemora-se no dia 23 de abril o Dia Mundial do Escoteiro. Essa data foi escolhida em homenagem a São Jorge, santo escolhido por Baden Powell como padroeiro dos escoteiros, desde o início do Movimento.

Baden Powell apresenta o padroeiro como um modelo a ser seguido pelos escoteiros, ponderando que não se deve desistir diante de um obstáculo, pois São Jorge fez o melhor que pôde e, finalmente, conseguiu superar uma dificuldade que ninguém ousara enfrentar.

Escotismo é um movimento educacional de jovens, com a colaboração de adultos voluntários, sem vínculos político-partidários, que valoriza a participação de pessoas de todas as origens sociais, raças e crenças, de acordo com o propósito, os princípios e o método escoteiro concebidos pelo fundador Baden Powell.

O propósito do movimento escoteiro é contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades, conforme definido pelo seu projeto educativo.

Os princípios do escotismo são definidos na sua promessa escoteira, base moral que se ajusta aos progressivos graus de maturidade do indivíduo. Prometo pela minha honra fazer o melhor possível, para cumprir com meus deveres, para com Deus e a pátria, ajudando o próximo em toda e qualquer ocasião.

Para a escotista Ana Cristina Baumgratz, que já tem nove anos de movimento escoteiro e é adjunta da direção distrital da Zona da Mata, distrital de programa de jovens e Akela do 1º grupo escoteiro Aimoré, o escotismo é uma filosofia de vida.

- A oportunidade de fazer o bem, proporcionado ao jovem a possibilidade de contato consigo mesmo e com a natureza, e de fazer amigos de verdade, é uma ideia que me acompanha em qualquer lugar, mesmo estando sem uniforme. São valores nos quais acredito, que vivencio e procuro multiplicar - afirmou.

Ela diz que jamais largaria o movimento.

- Na minha vida profissional e pessoal os valores do ME são no que sempre acreditei. Tive a oportunidade de fazer outros trabalhos voluntários com crianças e levei a vivência do ME para eles. Já recebi algumas oportunidades de trabalho profissional depois que alguns empresários me viram agir no ME. O escotismo é algo que você acredita ou não, faz parte de seus valores. Você pode se afastar de um grupo, da seção, mas não da vivencia de algo que você acredita - argumentou.

Já para Frederico Augusto Siqueira Neves, há 38 anos no movimento escoteiro e presidente do grupo escoteiro Caiuás do instituto metodista Granbery, o escotismo é a sua vida inteira.

- Durante a minha vida o escotismo influenciou minha formação e meu caráter. Oitenta por cento do que sou hoje é graças à minha vida dentro do escotismo. Como isso seria possível? Realizando muito serviço comunitário, ajudando as pessoas sem esperar nada em troca, estar sempre alerta para ajudar o próximo em qualquer tempo e hora, como consta em nossa promessa escoteira - destacou.

Para Frederico, momentos escoteiros o marcaram. Por isso, ele também não trocaria o escotismo por nada.

- Quando sênior, participei de campanhas de vacinação infantil, em que eu vacinava as crianças. E quando os meus filhos realizaram sua promessa escoteira foi uma cena muito marcante e que me emocionou - finalizou.

Em Montes Claros existem quatro grupos escoteiros - 19º Grupo de Escoteiros São José, 92º GE Guimarães Rosa, 115º GE Tiradentes e 140º GE Imaculada Conceição.

UM POUCO DA HISTÓRIA DO GRANDE MOVIMENTO MUNDIAL

Os livros históricos sobre o movimento afirmam que no Brasil o escotismo chegou em 1909, por meio de um grupo de suboficiais que se entusiasmou com o revolucionário método de educação complementar imaginado por B-P.

O Encouraçado Minas Gerais, navio onde estava embarcada a maioria dos militares interessados em trazer para o Brasil o movimento escoteiro, chegou ao Rio de Janeiro em 17 de abril de 1910. No dia 14 de junho do mesmo ano, na casa número 13 da Rua do Chichorro no Catumbi, Rio de Janeiro, reuniram-se, formalmente, todos os interessados pelo escotismo e embarcados nos navios que haviam chegado ao Brasil. Naquele local foi oficialmente fundado o centro de boys Scouts do Brasil.

A fundação da associação brasileira de escoteiros decorreu da convergência de esforços como anteriormente mencionado. Em 15 de agosto de 1914 realizou-se a sessão preparatória da associação a ser criada em breve.  A ABE irradiou o movimento para todo o país, com representação em Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Paraíba, Amazonas, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina. Já em 1915 existia em quase todos os estados.

Há que se destacar outra iniciativa pioneira da ABE tomada em dezembro de 1914, logo após a sua fundação: a criação do escotismo feminino em São Paulo, que deveria seguir caminho paralelo e independente do movimento escoteiro do sexo masculino.

Incontestavelmente, a fundação da ABE em São Paulo se constituiu no fato decisivo para a consolidação do escotismo no Brasil. Foi condição necessária, mas não suficiente para impedir o seu crescimento desordenado.

Assim, todos passaram a se reunir, seguidamente, na sede do Clube Naval, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Dado o grande interesse e a boa vontade de todos, a tarefa foi fácil. Assim, em 4 de novembro de 1924 foi fundada a UEB - União dos escoteiros do Brasil (UEB).

A UEB iniciou sua vida pela justaposição de federações que praticavam o escotismo por conta própria. Haviam elas construído seus patrimônios, suas culturas próprias e gozavam de plena independência. No primeiro estatuto da UEB houve a preocupação em preservar a autonomia de que desfrutavam as federações. Foram necessários 26 anos para que, em 1950, se consolidasse a completa integração do movimento escoteiro no Brasil. No bojo da imprescindível reforma foram extintas todas as federações, incluindo-se, obviamente, as de Terra, Mar e Ar, e se desfez a tradicional trindade encontrada na natureza e que se refletia no Escotismo brasileiro. Surgiram as modalidades básicas - Mar e Ar. Em Montes Claros, todas as modalidades encontradas são modalidades básicas. (MT)

CURIOSIDADES

A FLOR DE LIS: A flor-de-lis, a insígnia que representa o escotismo, já havia sido usada por Baden Powell em seu regimento militar, quando lutou na Índia, em 1897. Ela é encontrada sob várias formas em inúmeras associações de escoteiros pelo mundo, simbolizando os princípios do escotismo, as virtudes que devem ter os escoteiros, principalmente estar sempre alertas e prontos para a boa ação diária. Pode-se encontrar informação sobre o escotismo no Brasil, propósito, método, princípios e promessa do escoteiro e do lobinho.

EM QUE SEÇÃO VOCÊ PODE PARTICIPAR?

Entre 7 e 10 anos, ramo lobinho. Passa a conhecer a Jângal, que é uma floresta, e as histórias dos animais que vivem lá, como o urso Baloo, a pantera Bagheera e a foca Kotick.

De 11 a 14 anos, ramo escoteiro/escoteira. Podem conviver com a natureza, ajudar o próximo e uma infinidade de outras atividades. Se você tiver um interesse especial por alguma área de conhecimento, poderá se desenvolver e até ser reconhecido por isso.

De 15 a 17 anos, você será um sênior/guia. Através de atividades em grupo com outros jovens da mesma idade. Pode explorar uma série de desafios, aprender a se conhecer e a entender melhor o mundo em que vivemos.

Se você tem entre 18 e 21 anos incompletos e sente a necessidade de servir à comunidade em um ambiente de amigos com a mesma faixa etária, pode ter essa experiência.  O pioneiro pode dedicar uma parte do tempo elaborando pesquisas, sugerindo projetos que podem e, via de regra, são implementados com sucesso.

Acima de 21 anos são escotistas. Mais conhecidos como chefes escoteiros, chefes de seção e chefes assistentes.