Samuel Fagundes
Repórter
A Rede Teia encerra sua mostra em Montes Claros com a apresentação do espetáculo “Exercício nº1 sobre Catrumano” que está sendo apresentado na Casa do Tambor, de 16 a 28 de setembro a partir das 19h30.
De acordo com Ana Flávia Amaral, atriz e produtora do espetáculo, o processo de criação da peça começou em fevereiro desse ano no núcleo do projeto Rede Teia de Montes Claros, coordenado pela Companhia Acômica, na pessoa de Nelson BamBam e de Cláudio Márcio.
Segundo Ana Flávia, a peça é baseada na tese de doutorado do professor João Batista, “Mineiros e Baianeiros: englobamento, exclusão e resistência”, e que de início também não conheciam muito sobre o Catrumano.
- A gente experimentou várias coisas, o Nelson apresentou a tese de doutorado do João Batista, estudamos a tese e a partir dela fomos descobrindo o movimento Catrumano, ficamos interessados na história e a partir daí resolvemos fazer o “Exercício nº1 sobre Catrumano”. – explica Ana Flávia
OBJETIVO
Ana Flávia explica que o objetivo é recontar a história de Minas Gerais, que segundo ela foi escrita sob a influência de interesses e que não dá o devido valor à região Norte Mineira que foi e é de grande importância para o estado. Ao recontar essa história, eles reafirmam a identidade cultural, a importância política e o valor cultural dos norte-mineiros.
- A história é contada muito claramente no espetáculo. Escolhemos três personagens, o mineiro representando as minas, o vaqueiro representando os gerais, e o tropeiro que era a intermediação entre tudo isso.
Ela conta que o público tem sido variado e que o grupo espera que as pessoas que assistam à peça levantem a bandeira do movimento Catrumano e recontem essa história, passando para seus filhos e amigos.
- Nós esperamos que as pessoas levantem essa bandeira e que com isso o movimento Catrumano seja reforçado. Queremos o reconhecimento do Norte de Minas, como lugar de fundamental importância na construção de Minas Gerais – ressalta a atriz e produtora.
Para a advogada Flávia Gonçalves, que assistiu à peça, o espetáculo é muito autêntico e tem todo um conteúdo histórico, mas ressalta que o tema requer um certo conhecimento prévio sobre o assunto.
- Na verdade, eu não sabia o que era Catrumano, e vim assistir à peça a pedido de um amigo. Achei tudo muito autêntico, mas confesso que, como é uma peça marcada pelo lado histórico, quem não tinha um prévio conhecimento histórico a respeito sentiu um pouco de dificuldade na apresentação. Foi muito interessante, estamos muito acostumados a ver comédias e essa peça tem história. – afirma a advogada.
PESQUISA
Leonardo Alves faz parte da coordenação local da Rede Teia e também atua no espetáculo. Ele conta que o trabalho de pesquisa e de preparação dos atores começou em fevereiro, finalizando o processo com oito atores.
- Foi feita uma pesquisa que teve o acompanhamento de profissionais de Belo Horizonte, que vieram para auxiliar desde a criação e montagem do cenário, passando pela iluminação até o figurino – diz o ator e coordenador do grupo.
- Nós pegamos como base para a peça a tese de doutorado do professor João Batista, os atores estudaram o tema e começaram a criar cenas dentro da matéria estudada, dos fatos históricos acontecidos, num processo colaborativo. O dramaturgo Glicério Rosário pegou todos esses exercícios e começou a fazer a junção das cenas criadas pelos atores e pela direção e disso surgiu o espetáculo “Exercício nº1 sobre Catrumano”. É uma valorização do norte mineiro dentro da história de Minas Gerais, a verdadeira história de Minas que não foi contada, que não encontramos nos livros de história. – afirma Leonardo Alves, que também é professor no curso de teatro da Unimontes.
Ele revela que o movimento Catrumano, recentemente foi defendido na Assembléia Legislativa com uma proposta de emenda à Constituição que reivindica a instituição do Dia dos Geraes. Segundo Leonardo, a assembléia está contratando 80 historiadores para rever a história de Minas Gerais.
ALTERNATIVO
O ator e também professor de teatro revela que apesar do anseio geral por um espaço maior para essa arte na cidade, a idéia desse projeto é apresentá-lo em lugares alternativos para levar arte em diferentes locais e não ter que depender de se ter um teatro para poder apresentar uma peça.
- A Rede Teia busca dentro dessa realidade, espaços alternativos para que você possa estar mostrando o seu trabalho, e não ficar dependendo especificamente de um edifício de teatro, pois o teatro pode ser apresentado em qualquer lugar – conta Leonardo.
Após o término das sessões, um historiador, pesquisador ou professor sobre o assunto comenta o tema Movimento Catrumano. A trilha sonora do espetáculo é feita por músicos de Montes Claros.
MUSICALIDADE
Marçal Maciel é músico há 12 anos e participou da peça. Ele conta que procuraram explorar tudo que é da região e que essa participação em um espetáculo teatral apesar de ser novidade para ele é muito bom.
- Nós procuramos explorar tudo que é fruto da nossa região, nos efeitos de percussão, por exemplo, usamos os tambores feitos aqui. Buscamos explorar o máximo dessa nossa área não só através da música como também do teatro. É uma novidade para mim, e é interessante porque nós, como músicos, procuramos explorar a interpretação dos atores, temos que ter também uma interpretação, junto com eles, para transmitir o nosso sentimento com a peça. – conclui o músico.
Para saber mais sobre a Rede Teia, acesse www.redeteia.blogspot.com.