Psicólogo Worney Brito dá dicas para quem está em isolamento social

Adriana Queiroz
O Norte
01/04/2020 às 02:04.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:09
 (Divulgação)

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Estarmos bem com a nossa saúde mental é prioridade nesses dias. E mais do que nunca, é hora de ajustar nossas emoções nesse cenário nunca antes experimentado. E quanto mais conhecimento, mais ferramentas para nosso equilíbrio e bem-estar. Hoje nosso bate-papo é com o psicólogo montes-clarense Worney Ferreira de Brito que vai dar dicas que podem ajudar a manter a saúde mental. 

Worney é formado em Psicologia pela Fasi. Psicólogo clínico e consultor organizacional e educacional, além de professor de Psicologia. Tem mestrado em Cuidado Primário em Saúde e especializações nas áreas de Gênero e Sexualidade, Psicologia Educacional e um MBA em Marketing e Gestão de Pessoas. 
 
Que recado você dá aos norte-mineiros que estão, como outras pessoas no mundo, vivendo isolamento social e ansiosos com essa situação?
A principal questão é lembrar que “vai passar”. A ansiedade é comum, episódios depressivos e outras manifestações também podem ocorrer, pois cada pessoa tem um funcionamento específico, e a maneira de o próprio sujeito tentar se adaptar a essa nova realidade é idiossincrática. Cada pessoa ou família deve procurar atividades agradáveis e construtivas para enfrentar de maneira mais adequada essa situação. 
 
Como a psicologia pode nos ajudar a manter a saúde mental?
Por sermos seres gregários, estamos acostumados com o convívio em grupos. Então, o confinamento acaba fazendo com que nos sintamos limitados, tolhidos em nossa liberdade, fazendo com que nos sintamos, de certa forma, incapazes, pois não conseguimos exercer a nossa autonomia de forma plena. Devemos promover a higiene mental do mesmo modo que fazemos com a nossa saúde corporal. 
 
Quais são os efeitos psicológicos do distanciamento social e de uma quarentena? Isso impacta mais as pessoas idosas?
O impacto não necessariamente é maior nas pessoas idosas. No entanto, existe uma inadaptação asseverada por certa dificuldade deles em lidar com mudanças. Isso inclui a confusão entre o respeito e o cuidado dos familiares para com eles. Os efeitos para quaisquer outras pessoas também podem ser complicados, dependendo da maneira com que essas pessoas lidam consigo próprias e com o estado de solidão em si.
 
Como manter a sanidade em tempos de pandemia?
Devemos nos atentar ao fato de que não estamos abandonados ou presos para sempre: é uma questão passageira. O que a ciência e os órgãos de saúde, principalmente a OMS, apresentam é o que deve ser seguido, eles sabem do que estão falando. E não podemos ficar focados em um grande número de notícias: uma das dicas é assistir ao noticiário uma ou duas vezes por dia. O restante do tempo deve ser aproveitado para se fazer algo prazeroso ou mesmo formativo, caso seja possível.
 
Muitas pessoas estão vendo eventos culturais sendo cancelados, cancelamento de festas de aniversário e casamentos. Como superar essa frustração?
Precisamos nos lembrar de que a frustração faz parte da vida. É vendido a nós que devemos ser felizes durante todo o tempo, mas isso é uma inverdade. Nós vamos construindo a nossa felicidade no dia a dia, nos momentos felizes. No entanto, saber lidar com a perda é algo fundamental para uma boa saúde mental. A compreensão de que estamos nos privando de algo pontual em busca de um bem maior para todos deve ser a melhor maneira de encararmos a situação. Na maioria desses eventos, o que está acontecendo é um adiamento. Portanto, é importante que trabalhemos a nossa inteligência emocional a fim de compreendermos a necessidade desse novo funcionamento.
 
E seus alunos do curso de Psicologia. O que tem feito para motivá-los? E na clínica?
Nas faculdades onde trabalho, bem como na maioria das instituições, tem-se utilizado a educação remota, através das tecnologias de informação e comunicação, e o regime de home office. Tem sido um aprendizado para todos nós, e temos tido resultados muito bons. No caso específico da Psicologia, como precisamos trabalhar de forma adaptativa com os sujeitos que atendemos e, obviamente, conosco, vamos fazendo um exercício pessoal e profissional no sentido de percebermos quais são as nossas ansiedades, limitações e desejos. 

Na clínica, estamos trabalhando com atendimento on-line. Muitas pessoas estão se adaptando a este novo modelo. No cotidiano, temos oferecido maior oportunidade às pessoas de conversarem a respeito deste assunto. A troca de ideias sobre a maneira com que cada um está lidando com o período de quarentena tem sido muito rica, oferecendo a todos maiores possibilidades de enfrentar esta questão, com respeito à própria personalidade e suas limitações.


 

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