Michelle Tondineli
Repórter
Hoje, às 20h30, o projeto Botar o Papo em Dia realiza a primeira edição no restaurante Quintal. O evento contará com homenagens para Gelson Dias, Nice David, Geraldino Coelho, Vanda Coelho, Oswaldo (do bloco Chulé), Vera (da Vanguarda Imperial), Mazinho Silva, Biô, Maria Salomé e prefeitura de Montes Claros.
A atração principal é o grupo Famigue, que realizará uma apresentação de maracatu. De acordo com Robson Nogueira dos Santos, integrante do grupo, o Famigue foi idealizado por oito músicos, que integram uma mesma família.
- As habilidades comuns e a qualidade artística dessa família musical já são conhecidas em sua região, e o convívio com as tradições musicais folclóricas regionais de matriz vem de berço. O nome Famigue deriva do dialeto africano de origem yorubá e significa família - afirma.
(DIVULGAÇÃO)
Apresentação de rua do maracatu.
Segundo Robson, o objetivo do Famigue é apresentar um espetáculo musical e realizar oficinas na cidade.
- Podemos explorar as manifestações tradicionais dos ternos de Catopês, Marujos e Caboclinhos do Norte de Minas e dos Maracatus Pernambucanos. Unindo as linguagens dos tambores em diálogo com outras manifestações culturais afro-brasileiras - diz.
Robson afirma ainda que o espetáculo Famigue é essencialmente embasado na cultura popular, nos cortejos e folguedos, nas danças de terreiro e de roda, nos batuques e folias, e em toda diversidade presente nas tradições.
- Queremos envolver todas as comunidades, desde a população mais carente até meios urbanos, tendo como alvo crianças de escolas públicas da periferia, jovens em situação de risco social e estudantes de música ou artes. Pode-se, então, promover a integração das camadas sociais para combater a exclusão social - afirma.
Alysson Nogueira dos Santos também faz parte do grupo. Ele diz que a apresentação no Botar o Papo em dia vai mostrar um pouco do maracatu, com os 19 integrantes do grupo.
- Nós preparamos três baques, que é a diferenciação do som do maracatu. Para nós, é um sonho trabalhar com a família, que estamos conseguindo realizar agora, com o apoio da lei de incentivo à cultura. Estamos conseguindo isso aos poucos, já tem um ano - fala.
Alysson diz que, sem recursos, o grupo realiza aos poucos o trabalho, com a Orquestra Mineira de Maracatu.
- O maracatu é específico e usa instrumentos específicos. Alfaia, bomboi, agbes, ganzas, gongues e caixa de guerra. O ritmo é percussivo. O maracatu tem a dança, mas ensinamos só o ritmo. A coreografia é específica, mas quando o maracatu tiver tocando, podem ser criadas algumas coreografias. As músicas são chamadas de loas, muitas falam de nossa senhora do Rosário, das lutas das nações e outros - finaliza.
OFICINA DE MARACATU É MINISTRADA EM FAMÍLIA
O Arte Ofício realiza oficina de maracatu às segundas e quartas-feiras, às 18h, com percussão de tambores. De acordo com Robson Nogueira, integrante do grupo de maracatu Famigue, a oficina ressalta a importância e predominância dos instrumentos nos ritmos e nas culturas encontradas na música africana no geral.
- Incentivando o resgate e preservação de tradições através da música e da dança, além do canto, que possui técnicas vocais de uma forma popular, o resgate de valores e o incentivo cultural despertam em crianças, jovens e adultos o interesse pela preservação dos costumes e manifestação da cultura regional de matriz africana. Trazendo uma novidade para o Norte de Minas - diz.
Alysson Nogueira, também integrante do grupo, diz que o registro mais antigo do Maracatu foi em 1711, na cidade de Olinda, em Pernambuco.
- No carnaval as nações fazem disputa, e em dois ou três meses antes elas se preparam. Este ano não poderemos ir participar. O maracatu baque virado vem de uma variação rítmica executada pela orquestra do maracatu. O maracatu é uma tradição popular afro-brasileira que descende da tradição africana de coroação do rei do congo - explica.
Alysson continua, dizendo que o maracatu é um folguedo popular antigo de muita expressividade, que traz em sua composição um corte real e uma orquestra percussiva.
- Os maracatus saem em cortejos relembrando os desfiles das nações tribais africanas. Na nossa família todos seguem a tradição, muito apaixonados por música no geral, e participam sem falta das apresentações, desde os três anos até os 70. Ensaiamos diariamente. Montes Claros é muito carente, tudo é muito difícil, principalmente porque o ritmo é novo. Estamos lutando e andando com as próprias pernas, sem patrocínio. Vamos chegando pouco a pouco - finaliza.
Outras informações pelo telefone (38) 3229-3564.
