Michelle Tondineli
Repórter
Na abertura do 23º Psiu poético domingo, 04, o poeta e compositor montes-clarense Jason de Moraes e seu berrante realizam o lançamento de três livros de cordel: O caçador e pescador em um desatino, O pequizeiro, alguém chora por você e O rancho solitário.
Jason revela que os cordéis estavam escritos há muitos anos, e neste ano foi realizada uma releitura com mais eficiência.
- Eu resido em Montes Claros há 42 anos. Tinha o pai fazendeiro, e em reuniões de crianças na roça, com sete anos, eu comecei a fazer poemas - diz.
(foto: XU MEDEIROS)
Os livros foram espelhados em fatos que Jason Moraes testemunhou.
O poeta e compositor relembra que, nas cantigas de roda, cada um fazia um verso e respondia, era sempre um completando a fala do outro, principalmente no estilo cana verde.
- Aí começou a aparecer verso inédito, e eu não tive ninguém que me ensinasse. Surgia na hora. O mais engraçado é que meu pai demorou a acreditar que eu era poeta. Uma vez, ele me testou e comecei a fazer os versos na hora, e com isso ganhei o apelido de Poetinha da roça - conta.
Ele revela ainda que sua inspiração surge na hora, só de ver algum fato ou objeto.
- Sou compositor e repentista e foi Deus que ensinou. O cordel ninguém aprende, você nasce com ele, diferente do berrante, que dá para aprender - frisa.
Os três livros possuem o ligamento de fazer parte da vida do poeta, tudo o que ele vivenciou foi escrito. Jason explica que a capa dos cordéis são desenhos rascunhados e coloridos a mão.
- O caçador e o pescador é um disputa entre os dois, feita em verso, acaba em empate, mas a historia é cômica. Em O pequizeiro alguém chora por você lembro que, quando era mais novo, tinha pequizeiro na terra de pai e ele não deixava a gente cortar; ele falava que ia servir de alimento para o povo quando o tempo estivesse difícil. E, aí, a gente pegava escondido ou para produzir licor, gordura, doce. E, pelo que aprendi e por preservar a natureza, resolvi escrever. Já o Rancho solitário é sobre um rapaz e uma moça conversando errado, porque eu só tenho o primário, e aí eles vão morar na roça, e quando ela vai levar comida para ele, uma cobra a mata, e ela tinha mandado enterrá-la na porta do ranchinho. É um história muito triste, que todos que leem e se emocionam – descreve Jason.
Ele e seu berrante são inseparáveis há 34 anos. Já até tocou em show de Sérgio Reis.
- Eu arrumei um berrante pequeno logo quando mudei para Montes Claros, e vi que dava para aprender. Comecei a trabalhar com o berrante e o chifre do boi, colando os dois um no outro. Hoje sei tocar de tudo, sou conhecido como melhor tocador de berrante do Norte de Minas. Somos inseparáveis, finaliza.