Pedro Boi: Três décadas de dedicação à música

Jornal O Norte
28/11/2008 às 15:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:51

Samuel Fagundes


Repórter

Todo sábado a partir das 12h no Curralzinho do boi tem a feijoada ligh, acompanhada de uma boa música e um bom papo. O proprietário do bar é o musico Pedro boi que já tem 29 anos de profissão.

Pedro Raimundo dos Reis, o Pedro boi é da cidade de Ibiracatu e veio para Montes Claros com sete anos de idade. Ele conta que seu primeiro instrumento foi a sanfona que ganhou de presente do pai. O primeiro cachê já recebeu com 11 anos de idade, quando tocou em uma festa de quadrilha.




O musico nasceu em Ibiracatu e veio para


Montes Claros com sete anos de idade



(foto: SAMUEL FAGUNDES)

- Era uma festa de quadrilha, e os organizadores haviam contratado sanfoneiros para tocar e me convidaram para participar dos ensaios, e eu fui vendo e me aperfeiçoando. No dia da festa, o sanfoneiro que já estava contratado antecipadamente, arrumou um cachê mais alto para tocar fora da cidade, e deixou o pessoal na mão. Eles viram que eu dava conta do recado, arrumaram um pandeirista e um zabumbeiro para me ajudar e eu fui, sem pretensão de ganhar dinheiro, ia ser bom e divertido, e como eu tinha 11 anos, eu tocando meu pai me deixaria ficar até mais tarde na festa. No final, eles arrecadaram um dinheiro entre os festeiros e festantes, juntaram uma grana legal, e me deram dizendo que eu merecia. Dividi com os dois que me ajudaram e o resto eu levei para casa, quando cheguei em casa, minha mãe quase me bateu achando que eu tinha roubado o dinheiro, mas eu expliquei para ela que havia ganhado tocando e ficou tudo numa boa – conta sorrindo Pedro Boi.

COMEÇO

De acordo com Pedro, a transição para o violão aconteceu por influência da Jovem Guarda, ao ver os artistas tocando violão. Roberto e Erasmo Carlos, Jerry Adriane, Vanderlei Cardoso, e a música iê-iê-îe estava no seu auge ele foi gostando e apreciando cada vez mais, até que passou a tocar violão com uma banda de baile que ficava perto da sua casa.

- Quem me inspirou mesmo a tocar violão, foi o rei Roberto Carlos. Todo mundo queria ser igual a ele, mas é muito difícil, e eu fui ser simplesmente Pedro tocador de violão, e ai veio Pedro Raimundo, Pedro Reis, Pedro do seu Ari, até que descobriram um apelido meu de infância e colocaram esse nome que pegou. Mas não larguei minha sanfona não, até hoje eu ainda toco ela de vez em quando – diz o Pedro Boi.

APELIDO

O músico prefere não revelar o motivo do nome Pedro boi, que é um apelido de infância. O nome surgiu quando ele fazia parte do grupo Agreste, e eles iriam gravar um LP, como na época o Sergio Reis fazia muito sucesso, eles resolveram não colocar o nome Pedro Reis. Então eles descobriram um apelido de infância que o músico não gostava e colocaram no LP o nome de Pedro boi. Como já havia sido impresso na capa do disco, e em jornais que estavam divulgando ele acabou adotando o nome, que usa até hoje.

Pedro Boi gravou dois discos com o grupo Agreste e três na sua carreira solo, o último foi lançado em 2001, com o nome Passarinho, e que segundo Pedro boi até hoje é muito vendido e procurado. Ele pretende gravar um novo CD, mas não tem uma data certa ainda, e ressalta que por estar administrando seu barzinho, acaba ficando sem tempo, mas que sempre está produzindo coisas novas e que quando for entrar em um estúdio para gravar irá ficar 30 dias diretos, dedicando-se apenas a isso.

DIFICULDADES

Falando sobre o início de sua carreira, Pedro Boi revela que a maior dificuldade que enfrentou foi com o preconceito que muitas pessoas tinham e tem até hoje, que é pensar que tocador de violão é vagabundo. Ele conta que até hoje existe uma dificuldade muito grande para se conseguir um patrocínio.

MP3/DOWNLOAD

O músico se diz favorável as novas tecnologias como o mp3 e os downloads gratuitos na internet. Para ele, é um meio de divulgação do trabalho.

- É bom para divulgar o trabalho, mas ficar rico com isso, eu não vou ficar nunca, mas é bom porque é uma maneira de conseguir expor o meu trabalho musical, já que as rádios só tocam quando acham conveniente, então eu acho que esse tipo de divulgação é muito importante também – argumenta Pedro boi.

BAR QUE VENDE CULTURA

Há quase quatro anos, Pedro boi montou seu bar com o nome de Curralzinho do Boi. Ele revela que já havia sido proprietário de um bar com o mesmo nome, há 20 anos, mas na época só podia realizar shows uma vez por mês. No atual bar, os shows acontecem durante todos os dias em que se está aberto, e segundo ele as pessoas têm frequentado e gostado muito.

- A idéia de fazer o palco, não é só para mim, têm vários outros artistas que também vêem e tocam e também ganham seu dinheiro. É muito bom poder dar esse espaço para os artistas aqui da região, e está sendo muito legal, está agradando a gregos e baianos. Eu e minha mulher cozinhamos e fazemos os pratos e petiscos, que têm uma ótima aceitação das pessoas que vem aqui – afirma o músico e também cozinheiro Pedro boi.

SERVIÇO

O Curralzinho do Boi abre de terça a sábado a partir das 18h30, sábado a partir 12h com a feijoada light. Sempre com alguns artistas se apresentando. O bar fica na Rua 1 , nº 236, Bairro Major Prates.

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