Compreende-se como patrimônio cultural, que engloba o histórico e artístico, não apenas bens imóveis, mas também móveis, materiais e imateriais. De acordo com Raquel Mendonça, gerente de Preservação e Promoção do Patrimônio Cultural de Montes Claros, da secretaria municipal de Cultura, o patrimônio cultural pode ser definido como o bem, material ou não, significativo como produto e testemunho de tradição artística ou histórica, ou como manifestação da dinâmica cultural de um povo ou de uma região.

- Podem-se considerar como bens culturais, portanto, obras arquitetônicas, plásticas, literárias ou musicais, conjuntos urbanos, sítios arqueológicos, manifestações folclóricas, como as Festas de Agosto, Folias de Reis, etc - elenca a gerente.

Há trinta anos trabalhando pela arte, cultura e patrimônio histórico, ou, como ela mesma resume, pelo patrimônio cultural de Montes Claros, Raquel Mendonça explica que não se pode limitar o patrimônio histórico da cidade apenas aos seus bens imóveis tombados ou inventariados.

- Lamentavelmente, apenas poucos deles foram tombados em 1999, diferentemente do que propunha o então Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Montes Claros (COMPHAC), atualmente Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Montes Claros (COMPAC). Mas, no centro ou núcleo histórico da cidade, formado pela Praça Dr. Chaves (Matriz) e adjacências, os casarões e sobrados que sobraram ou que resistiram à insensibilidade histórica e cultural de gestores públicos anti-tombamento e proprietários que colocam o valor financeiro muito acima da memória, contam ainda boa parte da história da cidade, de sua origem, embora as perdas e descaracterizações sofridas ao longo do tempo - lamenta Raquel e esclarece que o berço histórico de Montes Claros tem seu nascedouro a partir da Rua Dona Eva, onde, até 1975, ficava situada a primeira casa de Montes Claros, sede da antiga Fazenda dos Montes Claros, que deu origem à cidade.

Raquel, que junto com Virgílio Abreu de Paula, Arthur Jardim de Castro Gomes e Simeão Ribeiro Pires, fundou, em 1985, e presidiu o COMPHAC, explica que o prefeito Ruy Muniz passou à história da cidade quando tombou - e tombamento é prerrogativa do Executivo - o símbolo maior da cidade, o morro Dois Irmãos, inserido em seu Brasão de Armas e Bandeira de Montes Claros, no dia 03 de julho de 2015, como valioso presente ao futuro da cidade, em seu aniversário, depois de luta árdua iniciada por Walmor de Paula, Hermes e Virgílio de Paula e pela própria Raquel.

Ela destaca ainda que, entre os sobrados tombados da cidade, encontra-se em negociação final com a prefeitura de Montes Claros o sobrado de Dulce Sarmento (antiga pensão de Dona Geny), situado na Rua Justino Câmara, n° 114, onde será implantado o Museu da Imagem e do Som de Montes Claros, a partir dos ricos acervos de Waldomiro de Souza (Miro Vídeo) e Ângela Martins Ferreira, além do Pró Memória de Montes Claros (Promemoc), que funciona na secretaria municipal de Cultura.

- Outra importante edificação, tombada pelo município é o sobrado dos Teles de Menezes, situado na rua Justino Câmara, n° 93, que apresenta risco de desabamento iminente e deverá passar por obras de escoramento e lonamento através da secretaria municipal de Obras, com base em projeto do arquiteto e urbanista Hélio Brantes – enfatiza.

Raquel finaliza lembrando mais uma vez que a antiga Cachaçaria de Durães, situada na Rua Justino Câmara, 67/69, inventariada pelo IEPHA/MG, está passando por limpeza e retirada do telhado completamente deteriorado, visando a execução de obras de restauração.

- E não demolição, como pensam alguns. O proprietário, Dr. Wagner Gonçalves Lafetá Rabelo, retomou o trabalho, após o período chuvoso – lembra, concluindo que há muitas outras ações e negociações em curso, para a preservação do patrimônio cultural da “Cidade da Arte e da Cultura”.