Michelle Tondineli
Repórter
Até o dia 21 de setembro, o Centro Cultural Hermes de Paula expõe em sua galeria obras literárias do baiano montes-clarense Dário Teixeira Cotrim e um pouco de sua história e da família baineira, para apreciação dos visitantes. São 16 livros com o histórico dos Cotrim, o brasão e a espada da família, bem como homenagens recebidas pelo escritor e historiador Dário Cotrim. Ele próprio destaca as principais:
- A história primitiva de Montes Claros, na qual retrata os acontecimentos históricos da cidade, de 1807 a 1857.
- O laço húngaro, livro que foi lançado nesta semana, retratando a trajetória de Luiz Carlos Prestes da Bahia à Serra Nova em Minas.
- Resgate dos remansos históricos, que fala sobre uma “guerra” entre as famílias baianas Meira e Cangussu, envolvendo inclusive parentes do falecido poeta Castro e Alves.
Dário fala de mais duas monografias retratando as cidades de Guanambi, a cidade onde nasceu. Ele ainda revela as dificuldades encontradas durante a produção de cada livro:
- Quando fiz o primeiro livro de Guanambi, fui numa casa fazer uma entrevista, o senhor não quis me receber, eu insisti e... nada. E, como havia mudado para Montes Claros em 1978, o pessoal não lembrava de mim, tive que levar meu pai lá. Mesmo assim, o senhor continuou duvidando, ele disse que me daria cinco minutos, o que acabou virando duas horas.
Cotrim ainda lembra que, em uma de suas entrevistas, a família de um senhor acompanhou todos os detalhes e, no momento de tirar o retrato, também não foi permitido. Ele diz que são coisas que acontecem e dificultam o trabalho.
Falando em dificuldades, Dário pagou sozinho a produção dos 16 livros, sem contar com o apoio financeiro de ninguém:
- O único apoio que recebi foi para a segunda edição da História primitiva de Montes Claros. E como para cada livro eu viajo muito, pago por tudo. Por exemplo, fui a Santos, São Paulo, Diamantina, Salvador, Jacobina, fiquei seis anos viajando, procurando informações para esse livro. Já para O laço húngaro, fui seis vezes à Chapada Diamantina, fiz o percurso da coluna Prestes duas vezes. O gasto é alto, mas é prazeroso e compensa depois.
Quando se trata de repercussão, Dário fala que seus livros possuem um bom número, dando destaque à obra recém lançada e à grande procura para a História primitiva...
Segundo ele, cada livro teve seu tempo de produção, sendo que o último demorou 12 anos:
- Normalmente, quando se começa a escrever, é preciso estar no local, para que o escritor tenha uma noção de como foi a história. Teve um ano que morei em Rio Pardo de Minas e escutava muitas histórias da Coluna Prestes, e descobri que havia pessoas que presenciaram tudo ainda vivas, na cidade de Serra Nova. Eu filmei e gravei as entrevistas, coletei o material necessário no ano de 1997, e quando parti para escrever já tinha muita coisa armazenada.
Dário ainda fala que se fosse iniciar o trabalho para esse livro nos dias de hoje não seria possível ter uma boa quantidade de informações:
- A primeira é que muitos deles já não estão mais entre nós e a segunda é que sem eles este arquivo que tenho não seria tão bom. O tempo que demorei em escrever este livro aconteceu devido a uma grande pesquisa que realizei. Sempre tirava dois ou três dias para a produção e pesquisa dele, completa.
Dário comenta que a Milênio é a editora de seus livros, e questiona um pouco a Unimontes.
- O problema da Unimontes, é que eles valorizam mais os estudantes, e às vezes o trabalho de um artista da terra demora um ano para ficar pronto. A editora é muito boa, mas, sempre procuramos outras. Estou reeditando meus livros também, com a Milênio, revela.