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Marli Gribel se juntou a outros artistas do Norte de Minas, como Adriana Santos, André Pinheiro e Mônica Araújo, para realizar a exposição “Cores da Fé”, que vai até hoje, no Centro Cultural Hermes de Paula.
Natural de Pirapora, Gribel é especialista em História Geral pela UFMG e em tecnologias da Educação pela Unimontes. Além de apresentar pintura em tela, a artista traz peças em porcelana com temáticas suas e releituras de outros artistas.
Fale um pouco sobre seu estilo e influências. Quem são os artistas que mais admira?
Me considero artista contemporânea. E aprecio desde os clássicos até os atuais. Sou fã de Van Gogh, Mondrian, Rembrandt e, no Brasil, Adriana Varejão, Tunga e Beatriz Milhazes, todos os últimos artistas contemporâneos. Acrescentei as cores puras do Mondrian e incorporei o capricho da arte de Beatriz Milhazes, que prima pela arte quase decorativa. E introduzi outros elementos como rendas, pedrarias, papel e outros materiais reciclados.
Como foi a escolha do tema a exposição?
O Brasil, e mais especificamente Minas Gerais, guarda uma herança católica muito forte. “Cores da Fé” abre esse leque de possibilidades de expressar a cor e também a forma. Em vários quadros usei a cor como forma de expressão, como em catedral ou vitrais góticos, explorando cor e luz basicamente. Utilizei materiais diversos como papel, pedras, fitas e rendas para atribuir um novo sentido em minha arte, incorporando elementos contemporâneos.
Sua proposta então é dialogar com esses novos elementos?
Sim, novas tendências e introduzi-las na minha forma de expressar. E para isso fui beber nas fontes. Fiz um curso de porcelana em Lisboa e visitei museus em toda a Europa para alargar meu conhecimento de arte contemporânea. Para o próximo ano, temos o convite do Beto Veloso para expor no centro de Montes Claros num ponto comercial de arte e artesanato.
Como você se descobriu artista? Há alguma qualidade especial que a pessoa necessite ter para se tornar um?
Quanto aos dons, creio que o artista já nasce com ele. Sou autodidata, não passei por escola formal. Frequentei cursos em Montes Claros, no ateliê de Roberta Moreira e na galeria de Felicidade Patrocínio, tendo Sérgio Ferreira como professor. Mas, acredito que os dons são divinos. Desde adolescente já desenhava e pintava, mas tive que interromper pra sobreviver, pois no Brasil é muito difícil viver de arte. Hoje, não necessito dela pra sobreviver, então penso que alcancei o grau máximo da liberdade de expressar. Creio que qualquer pessoa pode desenvolver um trabalho na arte, mas criar é para os que têm dons específicos.
Que conselhos você daria para o estudante que pretende seguir a carreira de artista plástico?
Estudem, visitem museus e tenham contato com os melhores artistas de sua região e, principalmente, conviva com eles. Isso abre os portas.
O que poderia ser feito em Montes Claros para promover mais os artistas locais?
Temos bons espaços em Montes Claros, Mas, infelizmente, a arte, como tudo mais, está inserida no mercado capitalista e esse mercado é bastante fechado para novos artistas e depende do incentivo dos marchand. Falta em Montes Claros melhorar os espaços existentes, como o Centro Cultural, que é bem localizado, mas pouco visitado. Tem que ter políticas públicas voltadas para incentivar as pessoas a buscar a arte, a aprender a gostar, aprender a buscar.