O Rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas, no Cinema Comentado

Jornal O Norte
Publicado em 26/10/2011 às 22:19.Atualizado em 15/11/2021 às 06:09.

Neste sábado, dia 29, o CineSesc e o Cinema Comentado Cineclube exibem, em parceria com o projeto Curta Circuito (que comemora os seus 10 anos de atividades), O Rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas (2000), dirigido por Paulo Caldas e Marcelo Luna. A partir da periferia de Camaragipe (PE), dois personagens e duas histórias: Helinho, ou o pequeno príncipe, jovem de 21 anos, acusado de mais de 65 assassinatos e Garnizé, músico da banda de rap Faces do Subúrbio. Duas histórias paralelas que contam o estado atual da juventude brasileira nas periferias das grandes cidades, subjugada pela pobreza e perdida numa terra sem leis, educação e justiça. Nesse cenário, o escape pelo crime é comum, porém há outras saídas; a criação artística e musical, por exemplo. Duas histórias e dois caminhos completamente diferentes, porém nascidos a partir do mesmo espaço e da mesma situação de exclusão.



O Rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas tem um título sonoro como o dos desafios de cordel e faz um retrato vivo e atual da duríssima realidade urbana da periferia do Recife. A narrativa apresenta uma interessante conciliação do documentarismo tradicional brasileiro com novas formas de apreensão do real nascidas do music video e do documentário performático. Em comum entre o matador sem culpas e o baterista com consciência social, além da origem nas favelas de Recife, existe a necessidade de responder com algum tipo de vigor a um contexto de miséria e degradação das relações humanas. No centro da discussão, a lógica do justiçamento e uma pergunta que teima em não calar: somos o que nascemos ou aquilo em que nos tornamos?



No filme de Caldas e Luna, a figura do adulto aparece sempre investida de algum constrangimento. O delegado da cidade demonstra franca perplexidade diante da escalada de violência. A mãe do bandido, por medo de exposição, nunca é mostrada de rosto inteiro. O radialista não disfarça sua demagogia sensacionalista. Essa juventude de O Rap do Pequeno Príncipe assumiu para si a tarefa de remediar um mundo que vê como doente, e não é o peso da maturidade ou a experiência acumulada nos anos que explicará as bases em que esta nova geração está se construindo. Classificação indicativa: 14 anos.



O CineSesc e o Cinema Comentado Cineclube acontecem aos sábados, a partir das 19h, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros – Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). As sessões são gratuitas, abertas a todos os interessados, e depois acontece um bate-papo com a platéia sobre o filme apresentado.


 

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