Amanhã, o Cinema Comentado Cineclube e o CineSesc exibem o segundo filme da Trilogia de Apu: O Invencível (1956), mais um sucesso do premiado diretor indiano Satyajit Ray. Apu agora é um adolescente. Após viver algum tempo em Benares, o jovem de dez anos muda-se com a mãe para a casa de um tio. Ele frequenta a escola e se destaca entre os colegas ao ponto de receber uma bolsa de estudos para um colégio de Calcutá. Apu decide partir, deixando a mãe angustiada com sua ida e crescente independência. Ela ama muito o filho e pretende o seu sucesso, mas não quer ficar sozinha.
A partir de O Invencível, a narrativa do diretor Satyajit Ray se modifica drasticamente em relação àquela apresentada no filme anterior, A Canção da Estrada. O caráter universal sugerido pelo primeiro título da série se desmancha em parte, para dar vazão a uma história que ganha tons locais. Apu está crescido e, na Índia colonial, receber uma bolsa de estudos era como ganhar na loteria. O rapaz, agora ciente da realidade e das possibilidades de desenvolvimento, refuta um possível retorno ao passado miserável, preferindo aceitar a chance de estudar em Calcutá e ter uma profissão. Durante este período, faz raras visitas à mãe. As escolhas de Apu para com sua família marcarão profundamente sua existência, a partir dos acontecimentos apresentados no decorrer do filme.
De elevado realismo, o cinema de Ray funda-se na escola italiana a que teve acesso, sobretudo em Londres. A nostalgia, o desânimo e a compaixão são as suas armas cinematográficas, num país que teimava em não acertar o passo da produção de cinema. Por isso, o cineasta escreveu nos anos 1940: - A crueza das imagens do cinema é a própria vida. É inacreditável como um país que inspirou tanta pintura, música e poesia falha perante o realizador de cinema. Ele só tem de ter os olhos abertos e os ouvidos atentos. Deixem-no fazê-lo.
E Satyajit fez perfeitamente o retrato da vida em seus filmes, provocando o seguinte comentário de Akira Kurosawa:
- Não ter visto o cinema de Ray significa existir no mundo sem ver o sol ou a lua.
A classificação etária é de 12 anos.
No domingo, 21, será exibido Cão de briga (2005), filme de ação francês dirigido por Louis Leterrier. Danny foi criado como um cão por Bart, um mafioso do submundo. Ensinado a lutar e obedecer, ele é a principal arma do criminoso em sua rotina de crimes e extorsão. Basta tirar a coleira e observar Danny acabar com seus inimigos. Ferido numa emboscada, Danny encontra o apoio de Sam, um pianista cego, que o abriga. Mais animal que homem, o cão de briga passa a se comunicar e descobrir os prazeres da vida, da amizade e do amor. O retorno de Bart coloca sua nova família em perigo e Danny deve lutar novamente. Desta vez, por sua liberdade.
Produzido por Luc Besson, diretor de O Profissional, Nikita e O Quinto Elemento, um dos maiores nomes do novo cinema francês de ação e de ficção científica, Cão de briga é uma produção híbrida que ancora as sequências de lutas, coreografadas com precisão pelo especialista Yuen Wo Ping – responsável pelos combates de Matrix, com uma atualização do mito de Frankenstein para o universo da máfia. O elenco internacional inclui nomes como Morgan Freeman, Bob Hoskins e Jet Li. Outro grande trunfo do filme é a trilha sonora. Criada pelo trio eletrônico Massive Attack, a música incidental está em quase todos os momentos do filme e ajuda a compor a atmosfera sem qualquer interferência exagerada.
Para o diretor Leterrier - Cão de briga é uma história forte cujo enredo produz as sequências fortes. O personagem de Danny, o que ele é, implica um lado violento, e o meio do qual ele procura se libertar não é afetuoso e não o deixará escapar assim tão fácil. É um filme profundamente humanista e pacifista. Ele insiste no fato de que a violência não é uma fatalidade, que todos têm direito a uma segunda chance. Podemos quebrar o molde dentro do qual fomos criados para descobrir nossa identidade.
A classificação etária é 16 de anos.
O Cinema Comentado e o CineSesc apresentam sessões aos sábados e domingos, no salão de convenções do Sesc pousada Montes Claros, a partir das 19h. O endereço do salão é Rua Viúva Francisco Ribeiro 199, no ginásio do Sesc.
Próximas atrações:
27/02 – O Mundo de Apu (1959), dir: Satyajit Ray.
28/02 – Underground - Mentiras de Guerra (1995), dir: Emir Kusturica.
