O Guerreiro solta o verbo

Guerreiro, assim o cartunista e desenhista Charles Ribeiro é conhecido. Este apelido representa bem sua personalidade, caráter, profissionalismo e talento

Jornal O Norte
Publicado em 20/10/2015 às 08:09.Atualizado em 15/11/2021 às 16:18.

Andreza Lima
- Repórter










Desenhista já viajou por todo o mundo
e tem na crítica social a principal
característica de suas obras


 

Guerreiro, assim o cartunista e desenhista Charles Ribeiro é conhecido. Este apelido representa bem sua personalidade, caráter, profissionalismo e talento. O dom de rabiscar e fazer artes está no sangue de sua família. Quando crianças, aos oitos anos de idade, ele sempre ficava observando seu tio desenhar, então também começou a praticar esse hobbie. Foi a partir disso que descobriu que essa seria sua futura profissão e o caminho para o sucesso.

Sua mãe, sempre foi o seu porto seguro e melhor amiga. Ela o criou sozinha, sem o apoio do pai, mas esse vazio foi preenchido pelo amor do seu padrasto com ele. Mesmo assim, ele nunca desistiu de conhecer o pai, até que um dia foi até São Paulo, e através de um programa de televisão ele contou o motivo de estar lá, e assim ele conseguiu concretizar seu objetivo da viagem. “Foi um momento emocionante em ver o meu pai pela primeira vez, mas confesso que sou mais feliz em ficar aqui em Montes Claros com minha mãe, que sempre me apoiou e tem orgulho do meu trabalho”, disse Charles.

Charles chegou a trabalhar como office boy e pedreiro, mas nenhuma destas lhe dava tanto prazer como fazer seus desenhos e pinturas. Ao todo são 25 anos de trabalho, totalizando 23.314 caricaturas e retratos que já fez. Em média ele gasta duas horas para terminar uma arte, podendo chegar até oito horas dependendo do grau de dificuldade.

Além de desenhista e cartunista, ele também canta rap. Charles já compôs 18 músicas, todas refletindo o preconceito e discriminação que já sofreu. Isto é o fato das pessoas julgarem apenas a sua aparência, sem a menos conhecer o seu talento. Ele conta que várias vezes é abordado por policiais, que pensam que esteja fazendo algo ilegal. “Quando entro no ônibus o meu lado sempre fica vazio, passo nas ruas e as pessoas me olham estranho, parece que elas têm medo de mim. Sem contar que já fui assaltado várias vezes. É o que eu sempre falo, o povo que me fez desenhista, o povo que me fez cantor de rap, pois foi a partir dessas críticas e discriminação que componho minhas músicas, elas são uma forma de desabafo. Um lema que sempre levo comigo é, ‘eu prego a paz, mas não fujo da guerra’, diz o desenhista.

Charles é conhecido em Montes Claros pelos belíssimos retratos e desenhos que faz a lápis na Rua Simeão Ribeiro, no quarteirão do povo. Esse é o seu cantinho preferido e de onde surgem suas inspirações para produzir suas artes. Não só aqui na cidade o seu trabalho é conhecido, ele já viajou várias vezes para o exterior, como Peru, Argentina, Paraguai e Equador, e morou alguns anos no Rio de Janeiro, onde alavancou sua carreira. “Conheci muitas pessoas em todas as viagens que fiz, aprendi muito com elas, inclusive falar inglês e espanhol. Os estrangeiros ficavam impressionados com minhas caricaturas e desenhos. Recebia muitos elogios”, disse Charles.

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