Samuel Fagundes
Repórter
Começaram as Festas de Agosto, tradição da nossa terra que vêm desde a época dos escravos. As ruas da cidade estão todas ornamentas para receber os grupos de Catopés, Marujos e Caboclinhos que fazem desta a maior e mais bonita festa do interior de Minas. Anualmente várias pessoas de outros estados e até mesmo de fora do Brasil vêm prestigiar essa festa que ganha maiores proporções a cada ano.
Pessoas de todas as idades participam das festividades, seja cantando, dançando e brincando ou prestigiando os grupos. Reinaldo Veloso Solto, de 72 anos, conta que freqüenta e participa das festas desde que era criança e hoje em dia traz seus sobrinhos e diz que apesar de hoje os instrumentos estarem mais sofisticados, a tradição, as vestimentas e os cantos são coisas que vêm de longa data e que o entusiasmo cresce a cada ano.
- È uma festa tradicional que não deverá nunca ser extinta, para garantir a tradição da nossa querida terra – afirma o orgulhoso avô.
As ruas do centro da cidade, onde geralmente pedestres e veículos dividem espaço dão espaço para a beleza e alegria da festa. Catopés, Marujos e Caboclinhos e celebram toda sua religiosidade cantando e dançando com muita alegria e fé.
- O maior mérito dessa festa são as pessoas que participam dos grupos, eles tem o mérito de tudo - é o que argumenta Cecília Calado, montes-clarense que a cinco anos saiu da cidade para ser professora da Universidade Estadual da Paraíba, mas que todos os anos volta para prestigiar o evento.
HERANÇA
Montes Claros perdeu dois grandes mestres, no ano passado o Patrão da Marujada, o Mestre Nenzinho, e recentemente o Mestre da Caboclada Joaquim Poló .Os filhos dos mestres é que estão comandando dos grupos que agora levam o nome de Marujada do Mestre Nenzinho e Caboclada do Mestre Joaquim Pólo, numa merecida homenagem aqueles que tanto fizeram por esses grupos.
Maria do Socorro pereira assumiu o lugar seu pai como Mestre dos Caboclinhos. Ela conta que o pai no seu leito de morte a pediu que jamais largasse as festas e que desse continuidade ao trabalho dele. Ela dança desde os oito anos e foi a primeira mulher a brincar com o grupo que antes só tinha homens. Ela lamenta a morte do pai, mas diz que vai manter a tradição e que apesar de ainda se emocionar nas apresentações por lembrar do pai, vai continuar com o grupo.
- A gente dança, a gente vê ele chamando, mas a gente vai levando a tradição dele. Ele gostava muito e eu também gosto muito, danço desde pequena. – Fala a Mestre que leva seus filhos e o marido para participar.
Ideriel Oliveira da Silva, o Mestre Tim, se tornou Patrão da Marujada com o falecimento do seu pai no ano passado.
Ele diz que a homenagem ao seu pai sempre estará dentro do coração de todo Marujo. A família já está na marujada há três gerações, 108 anos. O Mestre Tim tem 34 anos e dança desde um ano de idade.
PARTICIPAÇÕES
As festividades também contam com a participação da fanfarra da polícia militar. O sargento Roberto da Silva Dias, músico da banda, participa a 23 anos do cortejo. Ele conta que é uma grande emoção saber que vem pessoas de outros locais para prestigiar a festa.
- È sempre uma satisfação tocar nessas festividades que a cada ano vai ganhando uma proporção maior, isso motiva bastante não só do lado da música como para população – ressalta.
GERAÇÕES
Muitas crianças participam dos grupos, como o filho de Wilson Martins que tem 10 meses, e que esse vai participar sendo carregado no colo, mas no ano que vem já vai andando sozinho segundo o pai.
Anualmente escolas levam seus alunos mais novos para prestigiar as festas e para que eles possam aproveitar ao máximo a cultura da região.
COMÉRCIO
Todo o comércio por onde passam os grupos, pára vendo essa grandiosa manifestação da nossa cultura e que ao contrário do que muitos pensariam, não atrapalha as vendas dos lojistas. É o que afirma Euvaira que trabalha numa livraria do centro.
- Não prejudica o comércio, pelo contrario é uma manifestação cultural muito interessante e é bom para o comércio, pois vêm pessoas de fora – revela a comerciante.
As festas também trazem a Montes Claros barraquinhas de várias cidades da região. Marlúcia Evangelista Pereira é de Mathias Cardoso e participa com sua barraquinha há quatro anos. Ela considera essa a melhor festa da cidade, não só pelo lucro, mas pelas pessoas e pela organização.
- As vendas melhoram a cada ano. È uma festa boa demais, é a melhor das que a gente participa – conta.
As Festas de Agosto vão até o dia 17 deste mês finalizando com o cortejo de encerramento às 15 horas saindo da Praça Dr. Chaves (Matriz), em direção à Igrejinha do Rosário.
SERVIÇO
Nesta sexta-feira, dia 15, a cor rosa invade as ruas, no reinado de São Benedito. Catopés, Marujos e Caboclinhos saem às ruas a partir das 10 horas. O cortejo sai da praça em frente ao Automóvel Clube, percorre ruas do cento da cidade até a Igrejinha do Rosário. A noite, os grupos fazem, também na igrejinha, o levantamento do mastro do Divino Espírito Santo, a partir das 20 horas.
Nos dois palcos montados na Avenida Coronel Prates, acontecem os shows e apresentações de grupos folclóricos e parafolclóricos da cidade e de várias partes da região, no 30º Festival Folclórico.