O Cinema dos marginalizados é o tema do Cinema Comentado

Jornal O Norte
Publicado em 03/11/2011 às 19:12.Atualizado em 15/11/2021 às 06:10.

Próximo sábado, 05, o CineSesc e o Cinema Comentado Cineclube continuam com as comemorações dos 10 anos do projeto Curta Circuito que estimula a formação crítica do público e desenvolve um olhar diferenciado sobre a forma de exibição da produção audiovisual brasileira não só para a capital do estado, mas também para as cidades do interior.



Para reforçar a qualidade das exibições e discussões, o filme apresentado é A Margem (1967), clássico moderno do cinema brasileiro dirigido por Ozualdo Candeias. Na favela às margens do rio Tietê, trágicas histórias de amor e de sobrevivência se cruzam: um louco que, aflito, está sempre à procura de uma rosa; uma jovem prostituta; a patética figura de uma negra, que circula vestida de noiva; um homem que, aparentemente, destoa do conjunto por vestir um paletó e usar uma gravata sufoca.



Marco inicial do chamado Cinema Marginal, A margem retrata personagens em situações de conflituosa relação e cenários de extrema pobreza. Candeias estabelece sua preferência por abordar os pequenos heróis do submundo – ignorados pela elite e em luta pela dignidade e pela sobrevivência. O destaque da obra é a presença e a força dos marginalizados, que, diante de um mundo atroz e injusto, resistem, mesmo que não vençam.



Para o crítico Ruy Gardnier, do site Contracampo, poucos diretores tiveram estréia tão ambiciosa cinematograficamente quanto Candeias em A Margem. Imagine-se: um jovem diretor aventura-se pela primeira vez num longa-metragem e seu primeiro filme tem os primeiros cinqüenta minutos realizados em câmera subjetiva, ou seja, cada imagem que vemos é o olhar de um personagem diferente. Mas assim como Godard e Welles, provavelmente as duas estréias mais ambiciosas do cinema, a aposta de Candeias é mais estética do que técnica (ou antes incorpora técnicas novas para expressar uma vontade nova): captar, no meio de um mundo de lodo, a graça dos olhares possíveis. Classificação indicativa: 16 anos. O CineSesc e o  Cinema Comentado Cineclube acontecem aos sábados, a partir das 19h, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros – Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). As sessões são gratuitas, abertas a todos os interessados, e depois acontece um bate-papo com a platéia sobre o filme apresentado.


 


Próximas atrações – Mostra Cinema Marginal


12/11 – Sombras (1959), dir: John Cassavetes.


19/11 – Bang Bang (1971), dir: Andrea Tonacci (parceira Curta Circuito).


26/11 – Trapaceiros (2000), dir: Woody Allen.


 

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