Adriana Queiroz
Repórter
Jeito meigo, sorriso estampado no rosto e muita tranquilidade. Assim é Gedey Moreira Santos. Uma moça que veio de São Pedro das Garças, bem pertinho de Montes Claros.
Perguntamos o significado de seu nome. Ela responde que durante uma visita de alguns índios a sua casa, sua tia gostou muito do nome e aí ficou Gedey. Mas ela não tem certeza se é indígena.
Em 1989, ainda adolescente, Gedey ingressou no Celf - Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez.
-As pessoas acham que somente na infância é que se aprende música. Mas comecei a estudar com 16 anos. Sempre gostei muito de música, mas não tinha noção nenhuma. Meu primeiro instrumento foi flauta doce, depois fiz teclado, canto e um tempo de violão - conta.
Durante sua caminhada, a amizade foi um fator essencial para que a menina de São Pedro das Garças fosse se envolvendo cada vez mais no universo da música.
Gedey é formada em Educação Artística pela Unimontes, curso que envolvia três áreas: plásticas, cênicas e música. Depois se dedicou à área escolhida, a flauta doce. Logo em seguida, fez pós-graduação em Educação Artística.
- O Celf é um ambiente muito bom, é minha segunda casa, e muitas vezes se torna, de fato, a primeira. Tenho este lugar como prioridade em tudo. É um trabalho que tenho muito prazer, acima de tudo - diz.
Em 1995, Gedey já estava lecionando flauta e trabalhava com percepção musical.
Durante a semana que passou assistindo a alguns vídeos referentes ao meio século do conservatório, a professora de flauta disse que percebeu o quanto foi e continua sendo importante a força de dona Marina Lorenzo Fernandez.
- Se não fosse ela, sua iniciativa, não teríamos essa escola. O ensino particular não é acessível. Fico imaginando como seria nossa vida sem essa escola. E é através dela que surgem muitas oportunidades. E assim como dona Marina, todos os diretores que passaram por aqui souberam muito bem conduzir a instituição - conta.
EXPERIÊNCIAS
Um dos momentos especiais na vida de Gedey foi quando fez uma viagem acompanhando o Coral Lorenzo Fernandez a São Luis do Maranhão, em um concurso de Corais.
- O Coral Lorenzo Fernandes ganhou o primeiro lugar. Ser reconhecido lá foi muito importante. Quando a gente sai, dá para refletir e perceber a importância dessa escola no Norte de Minas.
Mas quando se trata da valorização do artista, a professora diz:
- Temos um potencial enorme em nossa cidade. Todo mundo fala que é lindo, mas na hora de abraçar a causa, a coisa muda. A arte precisa de recurso financeiro para sobreviver e quando o assunto é investir, fica muito a dever. A demanda é grande, temos profissionais de alto nível, mas pouca coisa tem sido feita - reclama.
Para ela, trabalhar com crianças exige uma responsabilidade ainda maior, afinal música é sempre um sinal de esperança.
- Não estamos ali só para ensinar um instrumento. Muitas vezes as crianças trazem para sala de aula situações e problemas vivenciados dentro de casa. Temos o serviço pedagógico paralelo, e às vezes é necessário ligar para os pais.
Gedey é caseira, gosta de visitar os amigos, em sua maioria, colegas de trabalho. É uma apaixonada pela música popular brasileira, música erudita e regional.
- Saio muito pouco, gosto de ir a um barzinho, mas apenas para assistir o artista que está se apresentando. Você liga a TV e nem sempre tem um programa musical de qualidade - diz.
Na festa de 50 anos do Celf ela destaca a participação brilhante de muitos alunos em recitais, consertos, bem como o trabalho das professoras Lucinha Macedo, Denise de Cássia Nobre, entre outras.
- É um momento importante, afinal é meio século. O Celf trouxe tudo de melhor para a arte e cultura da cidade. Como seria sem essa escola? Devemos despertar as pessoas para isso. Às vezes a falha é nossa.
Para se ter uma ideia, tem muita gente que não conhece o conservatório. Visitamos escolas no decorrer do ano e muitos alunos sequer sabem que existe uma escola de música na cidade. É nosso público-alvo. Precisamos cada vez mais divulgar.
Sobre sonhos e projetos, ela diz que se considera realizada profissionalmente.
- Quando me aposentar quero desenvolver um projeto social com a música. Preciso de tempo para isso. Tem muita gente que não tem acesso a música - planeja.
