Dário Teixeira Cotrim
Colaboração para O NORTE
A 22ª Semana da Cultura, organizada pelo Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez, de Montes Claros, é uma ótima oportunidade para o público mudar de opinião sobre a música clássica. Porque há aqueles que não gostam de Mozart ou de Georges Bizet, mas somente até o momento que em que eles ouvirem Mozart (Johann Chrysostom Wolfgang Amadeus Mozart) e Bizet (Georges Alexandre César Léopold Bizet) sob a regência de Fábio Carvalho. Daí em diante tudo se transforma num raro privilégio de ouvir e de ver, em ação, a voz mais grave (contralto) de Christiane Franco interpretando Carmen (Habanera), de Bizet ou Annelise Cavalcante Prado e André Rabelo interpretando Carmina Burana (Tempus est iocundum, Dulcissime, Ave formosíssima, O Fortuna).
As músicas de Bizet e Mozart, com árias e melodias fascinantes, ficam facilmente no ouvido do espectador e é, talvez, por isso que eles obtiveram com elas os seus maiores triunfos. Em Carmen a música é colocada ao nível da gente do povo, cantada e sentida por gente apaixonada por música. Por outro lado, em Sifonia em Sol Menor o balanço introduzido pelas flautas (transversa e doce) numa harmonia perfeita coordenada por Márcio Frank o que confirma a sua vocação para o universo musical, também agitou o publico.
O Coral Lorenzo Fernândez e o Instrumental Antonieta Silvéwrio tiveram a regencia impecável do maestro Fábio Carvalho que transformou a música popular brasileira e a música setaneja - “Pense em Mim” (Douglas Maio e José Ribeiro) – em canções com caracteristicas clássicas como se elas fossem parte de alguma ópera já consagrada nos grandes teatros da vida. Houve uma valorização no arranjo e aconpanhamento de vozes na canção de Tino Gomes/Georgino Junior, em “Montes Claros, Montesclareou”, o que arracou suspiros e aplausos da plateia que não aquietava de se manifestar. Nota-se que a progração do espetáculo continha ainda as canções: “Muié Rendeira (Zé do Norte) e “Sabiá, Coração de uam Viola” (Aylton Escobar). Num segundo momento “Todo Azul do Mar” (Flávio Venturini), “Adios Noniño” (Astor Piazzola) e “Carmina Burana” (Carl Orff). Em “Carmina Burana” destacaram-se Annelise Cavalcante Prado (soprano) e André Matos Rabelo.
A cada número musical apresentado a plateia silenciava para depois explodir nos aplausos e nas vivas. A história do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez se confunde com a história das artes montes-clarenses. Para conhecimento, transcrevemos para cá um pequeno histórico do Conservatório: “Inaugurado em março de 1961, e atualmente dirigido pela professora Iraceníria Fernandes da Silva.
O Conservatório traz no nome uma homenagem ao maestro e compositor brasileiro Oscar Lorenzo Fernândez, que exerceu um importante papel na afirmação do nacionalismo brasileiro, utilizando em suas obras as características musicais populares e folclóricas como o jongo, o lundu e o batuque. No campo da educação musical, Oscar fundou o atual Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro. A nossa fundadora foi a musicista Marina Lorenzo Fernândez, filha do compositor que, recém chegada em 1947 do Rio de janeiro, ficou empolgada com a musicalidade do montes-clarense. Porém, só em 14 de março de 1961 que o projeto se tornou realidade, com o apoio do então prefeito da cidade. Simeão Ribeiro Pires, simpático à causa musical regional. Dali até a sua estadualização, o Conservatório funcionou em dois locais até neste ano, quando inaugurou a nova casa, no bairro Jardim São Luiz”.
A Secretaria Municipal de Cultura aparece na vanguarda dos acontecimentos e vem apoiar o Conservatório neste XXII Semana da Cultura, cedendo o auditório Cândido Canela que esteve superlotado na noite de estreia.