Museu histórico regional: uma realidade?

Jornal O Norte
13/11/2007 às 10:57.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:22

Parece que o velho casarão da Fafil vai mesmo se tornar sede do Museu Histórico Regional.  A reforma já está adiantada e a Unimontes já iniciou o levantamento do acervo que vai contribuir para a preservação da história e da cultura da região

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Graças aos recursos da ordem de R$ 400 mil, liberados pelo governo do estado de Minas Gerais, através da secretaria de Estado de Cultura, no âmbito do programa Cemig Cultural, o velho casarão da Fafil está sendo restaurado e, em breve, passará a abrigar o Museu Histórico Regional do Norte de Minas.

A Unimontes - Universidade Estadual de Montes Claros já iniciou a elaboração do inventário geral do acervo do Norte de Minas, envolvendo vários aspectos relacionados à história, cultura e tradições da região.




Apesar da aparente ruína, segundo parecer técnico, o prédio não corre qualquer risco de desabamento, e a expectativa é de o Museu seja instalado no próximo ano  (foto: ARQUIVO/WILSON MEDEIROS)

O reitor da Unimontes, professor Paulo César Gonçalves de Almeida diz que a reforma e restauração do casarão está sendo acompanhada pela secretaria de Estado de Cultura, que está apoiando integralmente os trabalhos, oferecendo orientação e suporte técnico.

De acordo com a Unimontes, o custo total de implantação do projeto está orçado em R$ 2,09 milhões.

Ainda segundo a Unimontes, o inventário do acervo será elaborado por uma equipe multidisciplinar com a participação de professores e acadêmicos indicados pelos departamentos de Artes, História, Geociências, Política e Ciências Sociais. Para auxiliar no trabalho, a museóloga Selma Melo Miranda, do IEPHA - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais esteve na Unimontes, na semana passada, oferecendo orientação técnica para a realização da pesquisa sobre o acervo regional.

RESTAURAÇÃO

Há mais de dez anos a comunidade vem se mobilizando para que o velho casarão seja recuperado, tendo, inclusive, parte de sua estrutura restaurada. Com o projeto elaborado pela Unimontes, que também será mantenedora do museu, as obras de restauração já estão em andamento, subsidiados pelo governo do Estado, em parceria com a Cemig, através do programa Cemig Cultural.

- Além da recuperação de um dos mais importantes prédios históricos de Montes Claros, será criado um novo e importante espaço cultural para cidade e região - ressalta o reitor.

A fundação do Museu Histórico Regional é resultado de um projeto elaborado em 2005, com participação da museóloga Célia Maria Corsino, aprovado pelo ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313/91), a Lei Rouanet, para captação de recursos. A aplicação desses recursos será feita pela Unimontes, com assessoria da secretaria de Estado de Cultura, através da superintendência de Museus.

ACERVO

Com a criação do Museu será possível reunir um acervo que contribuirá para a preservação da memória e tradições da região. Além de exposições permanentes, o Museu também vai disponibilizar fotografias, documentos e outros materiais antigos para estudos e pesquisas, uma biblioteca, uma mapoteca e, ainda, a série de telas Via-Sacra, do artista plástico Konstantin Christoff, que será integrada ao acervo do Museu.

De acordo com a Unimontes, o levantamento para formação do acervo será feito em 36 municípios, considerados como mais representativos da história e do processo de ocupação da região.

Inicialmente, serão catalogados os acervos já documentados pelos próprios municípios, considerando todos os elementos de valor histórico e cultural, como casarões, igrejas e peças sacras, fotos, ferramentas e antigos objetos de uso pessoal. O patrimônio imaterial, como festas tradicionais e manifestações folclóricas, também será contemplado.

Através da Pró-Reitoria de Extensão e da Fadenor - Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Superior do Norte de Minas serão realizadas pesquisas sobre o processo de formação étnica da região, abrangendo comunidades indígenas e quilombolas e comunidades ribeirinhas, além dos aspectos ambientais, como sítios arqueológicos e pinturas rupestres, que também farão parte do inventário.

Conforme informações da Unimontes, o levantamento deverá ser concluído até fevereiro de 2008 e, a partir de então, serão elaborados editais para contratação de outros serviços.

O CASARÃO

Inaugurado em 19 de janeiro de 1889, o casarão foi construído pelo coronel José Antônio Versiani, na rua Coronel Celestino, 75, próximo à Praça da Matriz. Templo da educação da cidade, foi sede do primeiro grupo escolar, do primeiro estabelecimento de Ensino Médio (antigo segundo grau) e dos primeiros cursos superiores de Montes Claros.

Inicialmente foi sede da Escola Normal Oficial, que ficou fechada durante alguns anos, no início do século 20 e, em 1908, passou a abrigar o Grupo Escolar Gonçalves Chaves.

Anos depois, o prédio foi doado ao governo do estado e, em 10 de outubro de 1915, voltou a ser sede da Escola Normal, hoje, Escola Professor Plínio Ribeiro, transferida para o prédio atual, na Avenida Mestra Fininha, em 1962.

Em 1966 o casarão passou a abrigar a Fafil - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Norte de Minas, que oferecia os cursos de Geografia, História, Letras e Pedagogia. Os cursos que eram mantidos pela Felp - Fundação Educacional Luiz de Paula, a partir de então, foram incorporados pela extinta FUNM - Fundação Norte Mineira de Ensino Superior. O prédio passou a abrigar, também, a Fadir - Faculdade de Direito do Norte de Minas, que permaneceu até 1978, quando foi transferida para o campus universitário Professor Darcy Ribeiro, da Unimontes. A Fafil só foi transferida para o atual campus em 1992.

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