Montes Claros recebe nos dias 8 e 9 de novembro a 3ª Mostra Latino-americana de Videodança – Itinerância RASGO, que está percorrendo seis cidades mineiras entre outubro e novembro: Ouro Preto, Mariana, Itapeva, Viçosa e Bocaina de Minas. A programação gratuita reúne 40 obras de oito países da América Latina, com destaque para 17 produções de artistas mineiros, sendo 14 delas inéditas.
Idealizada por Maryah Monteiro, a mostra propõe ampliar o diálogo entre dança e audiovisual, oferecendo quatro sessões de exibição — uma delas com audiodescrição — além de oficinas e bate-papos com intérprete de Libras em cada cidade. As curadoras Arasy Benitez e Maryah Monteiro destacam que o evento busca fomentar o intercâmbio entre artistas, estudantes e o público, explorando novas formas de expressão e acessibilidade.
As sessões trazem diferentes leituras sobre o corpo e a arte contemporânea. “Aqui” discute as geografias corporais diante do excesso de imagens; “Sistemática e Fictícia” reflete sobre o corpo em um mundo produtivo e midiático; “Ritos e Imagens” propõe o corpo como espaço de memória e mito; e “RASGO Acessa” integra acessibilidade como linguagem artística, com obras que utilizam Libras e audiodescrição de forma poética.
A mostra também promove oficinas de corpo, imagem e movimento em cada cidade, com artistas locais selecionados por chamada pública, em parceria com integrantes do Coletivo RASGO.
Criada em 2022 em Ouro Preto, a RASGO consolidou-se como uma plataforma de difusão e experimentação da videodança em Minas Gerais, com passagens por eventos como o Festival de Inverno de Ouro Preto e a Mostra de Artes da Cena Contemporânea da Universidade Federal de Viçosa.
A Itinerância RASGO é realizada por meio do edital PNAB MG 11/2024 – Propostas de Mostras e Festivais, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.
O produtor cultural Frederico Flores é o responsável pela organização local da Mostra Latino-americana de Videodança – Itinerância RASGO em Montes Claros. Morador da cidade, ele explica que cada município participante do circuito conta com um produtor local, o que reforça a integração entre as regiões e a valorização das produções artísticas mineiras.
Frederico acredita que o público local vai se conectar com a proposta. “A videodança ainda é uma linguagem recente, mas aqui temos muitos artistas do audiovisual e da dança, além de escolas e um curso de cinema. São filmes que unem essas duas linguagens e criam uma composição coreográfica para a tela. Acho que o público vai gostar dessa fusão de expressões”, afirmou.
Para o produtor, levar a videodança para o interior é essencial para democratizar o acesso à arte. “A proposta da Itinerância RASGO é difundir e fazer circular a videodança, que ainda é pouco conhecida, especialmente em Minas, um estado grande e diverso. Hoje já existem muitos festivais no Brasil e na América Latina, mas é importante ampliar o alcance dessa linguagem e torná-la mais acessível. Como tudo é digital, as pessoas estão mais conectadas, o que facilita o contato e o interesse pelo gênero”, avaliou.
Ao comentar sobre as produções mineiras selecionadas para esta edição, Frederico ressaltou que a mostra revela o olhar sensível e cultural do estado. “Há obras de Uberlândia, Belo Horizonte e outras cidades. Todas trazem um pouco dessa mineiridade. É algo sutil, mas perceptível — aspectos do folclore, da cultura urbana, dos modos de vida mineiros aparecem nas imagens e composições. São traços que revelam o espírito e a identidade de Minas”, concluiu.