Michelle Tondineli


Repórter

Membro e principal compositor da premiada banda de humor The Jingles, que há 17 anos diverte o público de BH, o publicitário e jornalista João Basílio iniciou-se na comédia stand-up em 2009. Hoje e domingo, 25, o comediante retorna a Montes Claros e se apresenta no Fran Piz, depois de participações como convidado dos grupos Liga da Comédia e Queijo, Comédia e Cachaça, além de números-solo nas faculdades Pitágoras e UFMG. Ele conta que faz graça desde quando se entende por gente.

- Acho que é herança do meu pai, que sempre foi piadista. Gosto muito de criar, de escrever, tanto que me tornei publicitário e jornalista. Em projetos de programas de rádio e de TV de que participei, o humor sempre esteve presente. O comediante carioca Fernando Caruso costuma dizer que o humorista é um doente. Concordo com ele, quem tem o vírus do humor e pensa em piada o tempo todo, onde quer que esteja, numa reunião séria, num velório, no trânsito. Fazer humor é um modo de ver a vida, de querer extrair graça de todas as situações - diz.

Basílio afirma que quando notou a febre de humor stand-up no Brasil, sentiu que poderia fazer isso, reunir as impressões sobre o mundo em um texto.

- O stand-up é fácil do ponto de vista estrutural, já que dispensa cenário, figurino, trilha sonora e outros parceiros em cena. Também não é preciso ter um grande talento como ator, já que o mais importante é o texto, o que você pensa. Tudo isso me entusiasmou a começar. Uma das características do stand-up é abordar assuntos do momento, fazer piada com as notícias mais comentadas. É o que faz o gênero ser vivo, vibrante, e que faz o público querer voltar, por saber que sempre haverá coisas novas. De modo geral, a gente faz piada com o cotidiano, o comportamento humano, a política, os relacionamentos. E sempre sem cenário, já que não se trata de uma peça teatral - afirma.

O comediante realiza apresentações em bares de Belo Horizonte e diz que existem três vantagens nesse público.

- Apresentações em bares têm como vantagens a descontração do público e a proximidade, o caráter intimista. Por outro lado, se o comediante não consegue prender a atenção, o público se dispersa, começa a conversar e isso pode ser um problema. Shows de stand-up de comediantes locais em teatros ainda são raros, os que acontecem costumam ser de comediantes famosos nacionalmente, que estão na mídia e conseguem atrair um grande público - diz.

Para João, é importante que o comediante stand-up crie permanentemente um show, principalmente quando se apresenta em bar.

- Mas também há os shows prontos, fechados, normalmente feitos em teatros. Nesse caso, o comediante cria um nome para aquele show, de modo que o público saiba se já viu aquele repertório ou não. Ainda não sou um comediante profissional, no sentido de ganhar a vida exclusivamente dessa forma. Então, tenho que conciliar os convites que recebo com minha atividade profissional. Graças a Deus, tenho recebido muitos convites, fazendo participações com todos os grupos de stand-up de BH. Na próxima segunda-feira, por exemplo, sou convidado do grupo Comédia di Buteco, do humorista Geraldo Magela, o ceguinho - conta.

João Basilio diz ainda que o mercado de apresentações para empresas tem crescido e este é um filão bem interessante.

- Em BH, o gênero comédia é o mais bem sucedido no teatro. Quem não gosta de rir? Mas o formato stand-up comedy ainda não está consolidado. Acredito que é algo que vem acontecendo com o tempo. Mas, como em toda área, no stand-up também há pessoas boas e ruins. Por ser um gênero democrático, já que pode ser feito por qualquer um e é fácil montar uma apresentação, muita gente acha que é fácil criar, mas não é. Já vi apresentações constrangedoras, de pessoas sem o perfil, sem o timing do humor. De certa forma, isso acaba prejudicando o cenário, por decepcionar o público, que pode decidir não mais assistir. Mas a tendência natural é que permaneçam os melhores, os que têm mais convicção e mais certeza quanto àquele caminho. Espero que eu seja um deles - diz.

Basílio encerra falando da importância da união entre os comediantes de stand-up.

- Isso começou a acontecer em BH, os grupos estão se reunindo para pensar estratégias conjuntas de fortalecimento do gênero. Isso é muito bom, porque há espaço para todo mundo, e se os grupos se apoiam, se divulgam e buscam espaço juntos, todo mundo cresce - finaliza.

João Basílio tem feito humor no Twitter (@joao_basilio), e com vídeos no Youtube com trechos de apresentações. Basta pesquisar joão basílio.