Christine Antonini
Repórter
No dia 15 de março de 2002, o bailarino Igor Xavier foi assassinado brutalmente. Ele completaria, nesta semana, 44 anos de idade. Igor, que dedicou a vida à arte, ao teatro, à dança e à música, deixou saudades entre família e amigos. Para relembrar a trajetória do bailarino, e a buscar por justiça, uma vez que os culpados ainda estão em liberdade, será realizado na quarta-feira (15), o evento “Acontecimento Igor Xavier” – uma noite especial para relembrar vida e morte do bailarino.
Igor Xavier era dançarino, coreógrafo, levava a cultura montes-clarense por todo Brasil. Nos palcos, demonstrava toda a sua alegria e satisfação em fazer arte. A mãe de Igor, Marlene Xavier, lembra que com três anos de idade ele já mostrava o dom para música e dança.
- Recordo com carinho quando o Igor parava tudo que estava fazendo para ouvir a vitrola tocar. Ele observava com tanta fixação que parecia que ele estava num mundo só dele. Com 13 anos, Igor começou fazer aula de dança no Conservatório Lorenzo Fernandez e daí não parou mais. O sonho do meu filho foi interrompido pela crueldade do ser humano – afirma Marlene.
EVENTO
De acordo com Aroldo Pereira, o “Acontecimento Igor Xavier” conta com a participação de bailarinos, compositores poetas e músicos.
- Eles usarão a arte para expressar sentimentos de admiração, saudades e revolta pela impunidade dos assassinos do bailarino.
O evento será realizado no Espaço Cultural Quintal Avenida, às 21h – e a entrada é franca.
PRECONCEITO
Segundo investigações da polícia, o principal motivo do crime foi homofobia. Igor era gay assumido e conheceu Diego Athayde, que o teria levado para a morte, num bar. Os dois foram de táxi até o apartamento de Diego, com o pretexto de que este entregaria alguns livros sobre poesia para Igor. Enquanto estavam na sala, os dois foram surpreendidos por Ricardo Athayde Vasconcelos, pai de Diego, que não aceitou aquela relação. Em depoimento, o assassino afirma que num impulso atirou com duas armas contra o bailarino.
Ricardo confessou o crime, foi julgado e acusado, e preso em 16 de dezembro de 2016, mas conseguiu sair após cinco dias de prisão, através de um recurso. Os advogados do réu conseguiram liminar expedida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Marlene Xavier diz que não se cansará de buscar a justiça até ver o assassino do seu filho definitivamente preso atrás das grades.
- Mesmo sabendo que isso não irá trazer meu filho de volta, não vou descansar até que se faça justiça. Isso é por Igor e por todas as outras mães e pais que sofreram pela perda brutal e covarde como sofri. Pelo fim da impunidade e pelo fim da homofobia - pontua a mãe do bailarino, que, ao longo dos anos, tem se revelado uma mulher de fibra, uma mãe que suporta a dor da perda trágica do filho amado e a dor de assistir à lei adiando seguidamente a punição dos algozes de Igor, sem perder a esperança de que um dia a justiça será feita.