Michelle Tondineli


Repórter

Em entrevista a O NORTE, Evandro Amaral fala da sua carreira. Artista plástico, depois de passar por muitas cidades, há 20 anos ele mora em Montes Claros.

- Comecei a pintar aos 10 anos, no Rio de Janeiro, e entrei na Escola Nacional de Belas Artes de lá. Na minha família tinha gente que pintava e eu ainda estava na minha primeira fase, infantil. Cheguei em Belo Horizonte em 70 e estudei na escola Guignerd, que era localizada na Avenida Afonso Pena. Juarez Machado foi um professor que gostei e sempre utilizava um pouco do seu estilo - diz.

Evandro Amaral trabalha o que gosta


por sobrevivência.

A segunda fase, de acordo com o artista, foi dos 15 aos 30 anos, com estudos e pesquisas, frequentando muitos ateliês.

- Sempre fui muito pobre, saí de casa muito cedo e vi a ditadura de perto. Trabalhava de vendedor durante o dia e pintava quando dava.  Trabalhei no ateliê de Lourival Vargas e Paulo Mattos, que estão morando fora do Brasil. E aí me casei e vim morar em Montes Claros - conta.

Ele afirma que pinta quadros por questão de sobrevivência, mas que está sendo um pouco difícil conseguir vendê-los.

- Eu estou sem ateliê, o que acaba dificultando para a minha produção. Estou provisoriamente usando um espaço na casa de minha sogra. Gosto de fazer muitas figuras e retratos. A pintura foi um encontro cósmico e eu consegui encontrar um movimento dentro dela - afirma.

As peças religiosas também fazem parte do trabalho de Evandro.

- Tenho um estudo sobre Jesus, o que me levou a conhecer o seu verdadeiro rosto, e tento aproximar este estudo da realidade que vemos hoje. Já cheguei perto de alguns artistas da escola vicentina de Roma. Teve uma época em que eu gostava muito da pintura ingênua primitiva. Também trabalho com o surrealismo e gosto de caricatura, que é uma arte esquecida.  Se a pessoa posar para mim, eu faço o retrato, mas não faço retrato falado. Eu preciso só da foto do rosto para criar a imagem. Nunca me importei com a caminhada de fazer nome e de montar exposição. Eu sou um artista de ateliê fechado, quase não realizo trabalhos de campo - diz.

Apaixonado pelo trabalho de Van Gogh e Portinari, Evandro explica que acredita na melhoria do espaço artístico da cidade para as vendas.

- Acredito que, para melhorar o espaço para os artistas da cidade, dependemos de apoio político e privado. Em breve participarei da ong Dagobé e terei meu ateliê. Poderei fazer trabalhos comunitários. Com sede em Bocaiuva e Belo Horizonte, o fundador é João Henrique de Oliveira. E vai ser fundada a sede da Dagobé aqui em Montes Claros. É um instituto que trata da cultura afro-descendente. Acho que a cidade precisa de um acervo histórico das artes plásticas dos grandes artistas da cidade. Essa questão política e local, ela é caseira - conclui.

Evandro já pintou cerca de 320 quadros, espalhados em Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Ouro Preto, Estados Unidos, Alemanha, Canadá e França.

Mais informações (38) 3213-8570.