Adriana Queiroz
Repórter
Com o lançamento do primeiro disco Olhares em parceria com o músico e cantor Lói Damasceno, marcado para o mês de março, em Montes Claros, Marília Sarmento fala de seu trabalho de compositora.
E quando não está compondo, ela gosta de ler Clarice Lispector, Carlos Drumonnd de Andrade, Adélia Prado, Caio Fernando, o moçambicano Mia Couto, entre outros.
- Minha formação é Letras/Português, voltado para a Literatura. Na década de 90, estudei violão clássico e canto no Celf - conservatório estadual de música Lorenzo Fernândez. Na época, ainda jovem, ouvi a música Um século depois, de Lói Damasceno. Fiquei encantada com a melodia, harmonia e ritmo. Falei para mim mesma: um dia vou conhecer este cara - revela.
Marília conta que ficou dez anos sem tocar e dedicou-se a pesquisa e projetos até conhecer Tânia Lopes, prima do cantor Lói Damasceno, que em seguida marcou o encontro dos dois artistas.
- Cheguei a casa dele com a letra Inverno, que diz Você é meu inverno rígido, meu frio desmedido, meu desafio, ritmo sincopado de uma canção de Tom por João. Conversarmos um pouco e ele disse: não sei se vai fluir. Mas passou um tempo, ele me ligou e disse que a música estava pronta - declara.
Desde agosto do ano passado Marília e Lói são parceiros e o CD já está no forno. No mês que vem lançam Olhares. Tem jazz, blues, bossa nova, tango, funk e balada.
No repertório de Olhares, Outros Ritmos, Mais do que entrelinhas, Jogo Indefinido, De todos os sentidos, Cena, Um século depois, Lord Henry, Olhares, Inverno e Em criação.
- No funk, a música é minha e a letra é de Lói. É algo bem diferente. O tango fala da mulher. Tem também Outros Ritmos, um samba que na verdade tem a ver com vários ritmos, que sugere essa variedade que está contida no CD. É uma metáfora - avalia.
A artista também lamenta a falta de apoio e as dificuldades de sua carreira como compositora.
- Vejo muitos talentos e pouco investimento na área cultural. Falta espaço para apresentações cênicas e espetáculos musicais. Até para receber cantores de renome não temos espaço em Montes Claros. Tenho trabalhos que estão na gaveta por falta de incentivo - conta.
Sobre a banda que está acompanhando a dupla, ela diz que tentou escolher o melhor possível e que são instrumentistas de primeira linha. Mas, com relação à expectativa do lançamento do CD, ela diz que não têm a mínima noção onde este trabalho vai parar.
Marília diz que está sempre ouvindo Tom Jobim, João Gilberto, Flávio Venturini e Djavan. Mas para ela, o mestre, amigo e parceiro é mesmo o montes-clarense Lói Damasceno.
- Ele é o melhor compositor de Montes Claros! - diz.
