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Sexta-Feira,14 de Novembro

Livro quer se firmar como obra de referência

Jornal O Norte
Publicado em 22/07/2010 às 10:33.Atualizado em 15/11/2021 às 06:33.

Para Roberto Marcos, o grande desafio é fazer com que o seu livro Verdades Intoleráveis chegue às escolas e acesse outros atores da produção cultural  que, inexplicavelmente, se fecham. Ele foi mais longe ao dizer que, exatamente nas escolas, onde não deveria acontecer, é que ainda há uma massa de resistência aos escritores contemporâneos.



- Não estou pedindo aos professores sujeição ao que não presta. Nem quero que encontrem no meu protesto uma provocação ao que é pessoal. Entendo que as escolas, de modo geral, devam ser o front de resistência ao bestialógico. Mas, por outro lado, não se pode aceitar que agentes culturais postos em posições-chave fiquem cegos, a ponto de afugentar o que eles nem conhecem. Isso é tirania - afirma.



Roberto Marcos comenta ainda que, certamente, não se pode colocar todos os professores e agentes formadores de opinião no saco do passadismo, como se fossem todos réplicas tristes uns dos outros.



- Há universidades, gestores e mestres que não fazem do contemporâneo sinônimo do que seja desprezível. Há, sim, gente boa aceitando o desafio de conhecer novas produções, acrescentando-as, inclusive, à lista de coisas respeitáveis. Assim, preserva-se o passado; e, assim, possibilita-se o futuro - diz.



Rita de Cássia Silva Dionísio, professora de Literatura na Unimontes, que está em fase de conclusão do doutorado em Literatura pela Universidade de Brasília, onde desenvolve pesquisa sobre literatura contemporânea, especialmente sobre a ficção do escritor Modesto Carone, conheceu recentemente a obra Verdades Intoleráveis.



- No que diz respeito ao aspecto formal, a estruturação em vinte e seis capítulos curtos possibilita uma leitura vigorosa; a organização dos parágrafos em grandes blocos favorece a mudança de foco, de ponto de vista, sem afetar a coesão textual; o uso do discurso indireto e indireto livre, com pouca ocorrência do discurso direto (apenas entre aspas) leva a efeito a coerência entre a matéria narrada e a postura narratológica - analisa.



Ela ainda comenta que, no que diz respeito ao conteúdo, o livro é singular. Afirmando a construção das personagens, das quais não se é possível separar suas lembranças dos entrechos de seus destinos, demonstra a incrível capacidade de narrar de que o escritor dispõe.



- Uma história inusitada, com muitos desdobramentos, cujos significados alcançam o nosso cotidiano com reflexões sobre as identidades, sobre os espaços interiores versus os espaços exteriores, sobre as crises contemporâneas. Distribuídas ao longo do texto, as verdades filosóficas, antropológicas e sociológicas atingem a todos nós, leitores, como uma provocação, fazendo-nos refletir sobre as histórias, não apenas de sujeitos decadentes provenientes do Vale do Jequitinhonha, mas de seres que podem habitar outras regiões, em uma atemporalidade - diz.



Rita ainda diz que a importância de se conhecer uma obra como essa é grandiosa.



- Primeiro, porque Verdades Intoleráveis nos dá a conhecer, de forma ficcionalizada, personagens, histórias e ambientes do Vale do Jequitinhonha, importante região de Minas Gerais e do país, tão próxima de nós; segundo, e principalmente, porque nos coloca frente às agendas contemporâneas e pós-modernas da literatura brasileira, pela perspectiva de um escritor ainda pouco conhecido, mas competente o bastante para captar, por meio de seu olhar arguto, as cenas cotidianas vivenciadas por sujeitos em crise em sua relação consigo mesmo, com o outro e com o mundo em que vive. Essa obra literária pode ser considerada um instrumento para compreendermos o mundo pós-moderno - finaliza.

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