O “Velho Chico” é um dos mais importantes rios do Brasil. Da sua nascente, em Minas Gerais, até o encontro com o mar, ele passa compondo a paisagem de diversas regiões dos estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, serpenteando por mais de 500 municípios e comunidades e beneficiando 14,2 milhões de pessoas. Daí a sua denominação de rio da integração nacional.
As lendas são uma das principais heranças culturais do rio. São personagens que, de tão peculiares, dão asas à imaginação àqueles que ouvem os relatos. Há quem garanta que não se trata apenas de história de pescador. Quem mora na região, provavelmente, já escutou falar da Mãe D’água, mulher de cabelos longos e verdes, com cauda de peixe, sempre vista em cima das pedras das cachoeiras. Sua voz melodiosa, assim dizem, costuma encantar pescadores, que, em troca, lhe oferecem presentes.
ENTIDADES DAS ÁGUAS
A mãe d’água, o mergulhão, o cumpade d’água e o negro d’água são alguns seres imaginários que moram nas profundezas de suas águas e que costumam aparecer para pescadores. Daí a sua importância para a cultura popular.
As narrativas repassadas por gerações de barqueiros, pescadores/as e ribeirinhos/as; as cantigas e rezas nas procissões das romarias da terra e das águas, por homens e mulheres carregados de simbolismos, fazem dessas iniciativas expressões de resistência e fé, percorrendo caminhos em meio à vegetação que cresce no lugar onde já foi o seu leito, para oferecer-lhe um gole d’água.
Se o rio morre, morre com ele a cultura de um povo.