O jornalista Itamaury Teles de Oliveira toma posse da cadeira 4, como sucessor de Geraldo Avelar, na Academia Montes-clarense de Letras
Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
A academia Montes-clarense de Letras recebe de presente em seu 40º aniversário de fundação um novo integrante: o jornalista, advogado e administrador, mineiro de Porteirinha, Itamaury Teles de Oliveira.
Autor dos livros Urubu de Gravata (2005) e Noturno para o Sertão (2006), o escritor vai ocupar a cadeira número 4, que tem como patrono Honorato Alves, antes ocupada por Geraldo Avelar, um dos 13 fundadores e primeiro secretário da Academia, cuja primeira ata é de sua lavra.
Escritor desde os 16 anos de idade, hoje, aos 52 anos, Itamaury diz que sua formação sempre foi norteada pelas letras, numa época em que a comunicação não dispunha de recursos tecnológicos como hoje.
- Comecei escrevendo o jornal estudantil O Caveira, na Escola Normal, ao lado do jornalista Luiz Carlos Novaes. Depois, fui repórter do Jornal de Montes Claros e do Diário onde convivi com profissionais como Waldir Sena, meu grande mentor. Daí para cá não parei mais de escrever. E esses dois livros são frutos desse trabalho, pois ambos são uma coletânea das crônicas que escrevi ao longo desses 35 anos, muitas delas, inclusive, nem chegaram a ser publicadas, mas guardei em meus arquivos na expectativa de um dia resgatá-las – explica o jornalista que diz que desde o início teve tendência para a crônica, mesmo não sabendo que era o que produzia.
- A Academia é importante para nossa cidade, à medida que mantém um grupo que se preocupa com o desenvolvimento da leitura, da escrita e da cultura da região. É um fórum de debates muito importante, e uma cidade que tem isso pode se considerar em boas condições culturais. Minas tem poucas Academias em funcionamento e Montes Claros é realmente um destaque no cenário nacional
(Itamaury Teles)
A primeira publicação de Itamaury foi em 1978, um manual técnico de estudos de operações publicado pelo Banco do Brasil, quando era funcionário da agência Centro, em Belo Horizonte. Segundo ele, uma edição restrita, de apenas 100 exemplares, encaminhadas para vários órgãos de direção geral e agências do banco.
- Em função dessa publicação recebi o convite para trabalhar na direção geral do banco, no departamento de Treinamento de Pessoal. Eu já havia me formado em Administração e isso abriu as portas para minha ascensão profissional – relembra.
Itamaury se mudou de Porteirinha para Montes Claros para estudar, onde se tornou um ativista cultural, participante assíduo de todos os movimentos estudantis e culturais na década de 1970, participando, inclusive, da fundação da Academia Juvenil de Letras de Montes Claros, única no país, hoje extinta. Em 1991 se mudou para Belo Horizonte, onde reside até hoje, apesar de manter sua casa em Montes Claros, onde diz morar seu coração.
Fundada em 13 de setembro de 1966, a Academia Montes-Clarense de Letras aprovou unanimente o nome de Itamaury Teles para suceder Geraldo Avelar, na cadeira 4.
- Recebi há dois anos o convite da Dona Yvonne Silveira, presidente, e de Wanderlino Arruda, vice-presidente para me candidatar à vaga. Houve uma aprovação unânime quanto ao meu nome e me senti muito honrado. Essa é uma das Academias mais importantes do Brasil, pois está há 40 anos em atividade ininterrupta e já deu dois imortais pra a Academia Brasileira de Letras (Cyro dos Anjos, o quarto ocupante da cadeira 24, eleito em 1º de abril de 1969, na sucessão de Manoel Bandeira e recebido pelo acadêmico Aurélio Buarque de Holanda em 21 de outubro de 1969, onde permaneceu até 1994, e Darcy Ribeiro, que foi eleito em 8 de outubro de 1992 para a Cadeira nº 11, sucedendo a Deolindo Couto, recebido em 15 de abril de 1993, pelo acadêmico Cândido Mendes de Almeida). Então é uma Academia que tem história, que tem tradição e isso me deixa, de fato, muito honrado e orgulhoso – comemora o escritor, que diz que essa é uma responsabilidade a mais e por isso vai ter que ficar mais vigilante, de forma que possa verdadeiramente
contribuir para o trabalho da instituição.
- A Academia é importante para nossa cidade, à medida que mantém um grupo que se preocupa com o desenvolvimento da leitura, da escrita e da cultura da região; de ser referência para as pessoas que têm alguma aptidão para as letras e saber que um dia também poderão fazer parte do grupo; onde há reuniões em que a cultura um assunto floresce a cada momento. Enfim, é um fórum de debates muito importante e uma cidade que tem isso pode se considerar em boas condições culturais. Minas tem poucas Academias em funcionamento e Montes Claros é realmente um destaque no cenário nacional – conclui.
Além de tomar posse da cadeira, Amaury Teles também lança o livro de crônicas Noturno para o Sertão, onde se revela um autor intimista, crítico, poético, sensível e saudoso.
A solenidade acontece hoje, às 20h, no auditório Marina Lorenzo Fernandez, à Avenida João Chaves, 438, no Jardim São Luiz.