Jerúsia Arruda
Da redação
Além do calor que certamente tornará este sábado ainda mais intenso, a noite de hoje terá um tempero especial com o show do Chorando do Choro, grupo de Belo Horizonte que se apresenta na cidade.
No palco, cinco instrumentistas que primam pela virtuose e maestria, chorando: Gilmar Silveira (pandeiro), Mário de Castro (clarinete), Mestre Sampaio (trombone), Waltinho Sete Cordas e Edinho (acordeon).
Divulgação
CHORANDO NO CHORO
Eles começaram tocando nas tradicionais bandas do interior mineiro, em idade pueril, a maioria por influência paterna. Para alguns, ingressar na polícia militar foi uma forma de sedimentar profissionalmente na música. Hoje, o Chorando no Choro é uma referência da MPB, parceiro de importantes e conhecidos nomes da arte de cantar e tocar o bom e velho chorinho.
Apesar de ainda não ter se aventurado pelos tortuosos caminhos da composição, o grupo é autor de releituras memoráveis de grandes clássicos da música nacional, de compositores como Pixiguinha, Jacob do Bandolim, Valdir Azevedo, Cartola e tantos outros que, além de músicos da melhor qualidade, representam os pilares da construção histórico-cultural do país.
EDINHO DO ACORDEON
Protagonista de uma história que se confunde com a história do rádio, Ed Bernard, o Edinho do Acordeon, um dos mentores do grupo, diz que nunca se dispôs a gravar um trabalho próprio porque tinha um exemplo que o deixava penalizado. Segundo ele, Luiz Gonzaga, o maior sanfoneiro do país e, em sua concepção, talvez o maior cantor e compositor de todos os tempos e criador de um ritmo único, morreu na miséria porque quem levava todos os lucros e vantagens era a gravadora; o músico mesmo levava muito pouco.
- Isso foi um grande desestímulo para mim. Por isso, nunca quis gravar. Trabalhei dez anos na rádio Nacional do Rio de Janeiro, de onde só saí por causa da revolução de 64. Gravei com Dalva de Oliveira, Jackson do Pandeiro e com a maioria dos cantores da Rádio na época. Mas nunca animei fazer um trabalho próprio para gravar – relembra saudoso.
Ed conta que, logo que saiu da rádio Nacional, montou seu próprio grupo e, em 1973, viajou por três meses pela União Soviética. Quando retornou ao Brasil, montou um conjunto de baile, desde então, passou a atuar no cenário musical brasileiro. De descendência judia, hoje, beirando seus oitenta anos com uma elegância dionisíaca, Ed Bernard conduz o Chorando no choro, fazendo um resgate histórico do samba e chorinho, que, no sincretismo com a jovem guarda do grupo, cria pérolas de valor inestimável.
PALCOS DA VIDA
Apesar da aceitação do público em relação ao repertório, o grupo, unanimente, diz que o povo brasileiro não conhece a própria música por falta de divulgação e apoio da grande mídia. Para eles, o samba derivado que invade as rádios e programas de TV não representa o verdadeiro estilo que simboliza o Brasil em todo o mundo.
Acostumados a viver em um ambiente onde a música é soberana, os músicos dizem que o mais importante palco onde já se apresentaram é o palco da vida, pois é neste que conseguem exibir e ao mesmo tempo aprimorar sua arte, sendo pessoas iguais aos que os assistem e aplaudem, ao mesmo tempo em que compartilham emoções e experiências.
CHORO & CIA
Com postura disciplinada, simpatia e simplicidade cativantes, o grupo Chorando no Choro se apresenta em Montes Claros com os músicos Mário de Castro (clarinete), Antônio Sampaio (trombone), Maria Eliza Andrade Bethern (acordeon), Waltinho Ferreira Gonçalves (violão sete cordas), Marquinhos Oliveira (cavaquinho) e Gilmar Silva (pandeiro). Profundos conhecedores do estilo que adotaram como tema central do show, o grupo promete deixar a pista fervilhando com sua performance e repertório instigantes.
O show acontece neste sábado, às 22h00, no Chopp Time, no Choro & cia, evento que leva assinatura da jornalista social Adriana Queiroz, da coluna Gente & Idéias, deste periódico.
