A peça Reginalda é de autoria de Lara Araújo e entra em cartaz no centro cultural Hermes de Paula hoje, 26, com sessões às 19h e às 21h. O espetáculo propõe uma mudança de percepção das coisas e pessoas que nos cercam através do olhar ingênuo, estranho e curioso da menina Reginalda.
O grupo aposta para esse trabalho em um cenário simbólico elaborado pelo ilustrador André Assis, com um texto dinâmico, cômico, tocante e estranho, e com uma trilha sonora original composta pelos músicos Alexandre Zuba, Gabriel Barbosa, Edson Augusto, Mateus Sizílio e Adriano Lellis.
Em Reginalda, o grupo Cutuca apresenta um mundo mágico, sensível e por vezes bizarro para narrar a história dessa menina que, desencaixada em uma sociedade que não aceita seus pequenos prazeres, vive mesmo assim com intensidade cada um dos seus sentidos.
De acordo com Gustavo Leite, que interpreta o vizinho nº 2, a necessidade do teatro é uma vontade de expressão, onde ele pode explorar os mais diversos sentimentos e sensações.
- Você é imerso numa nova realidade, você se dá ao seu personagem, à situação em que ele se encontra. E a cada novo personagem é um novo turbilhão de informações e emoções que lhe é proposto. Entrar num personagem é, para mim, deixar de ser você mesmo por um espaço de tempo e se permitir sentir e fazer coisas que você normalmente não sentiria ou faria, e é o que me atrai no teatro, essa liberdade de ser multifacetado eu. Em Reginalda, eu faço o papel de uma vizinha fofoqueira, uma personagem extremamente caricatural e odiosa, porém divertida. Ela tem um quê de cômico com sua obsessão pela vida alheia, seu cinismo, sua arrogância, seus pré-conceitos - conta.
Débora Borges, que interpreta dois papéis na peça, a professora e a vizinha. A atriz diz que o sangue artístico sempre esteve em suas veias.
- Com a interpretação, você, além de expressar um sentimento ou uma ideia, você se enriquece na sua perspectiva de ver o mundo, pois você vai se sentir na pele do personagem, que pode ser completamente diferente de você. E é isso que eu mais gosto no teatro, de sentir como é ser outra pessoa, vivendo em outro meio. Você sente que sai da sua própria limitação para ir além, descobrir um outro olhar. Isso ajuda a compreender outras pessoas – afirma.
Débora diz que Reginalda é uma menina que tem um olhar diferente sobre tudo.
- Uma menina que quer sentir tudo. Todos os sentidos ela quer sentir ao extremo. Há três vizinhas na peça, e elas são as típicas pessoas xeretas que sabem tudo da vida dos outros, por isso eu e mais dois atores criamos um ar robótico para essas vizinhas. Para demonstrar a falta de personalidade e como elas são vazias. Porém, são as vizinhas que dão parte do ar cômico à peça – diz.
Lucas Henrique Figueiredo interpreta o avô de Reginalda.
- Quando atuo sinto que estou vivendo mais, sentindo mais as coisas que a vida tem para proporcionar, não só a minha vida, mas também a vida dos meus personagens. O avô de Reginalda é um velho, calado, triste, que carrega infinitas experiências no passado, como a morte de sua mulher que até hoje ainda sente a tristeza disso. Gosta de poucas pessoas que o cercam, Reginalda e sua filha, a tia de Reginalda. Aparenta ser alheio, mas, pelo contrário, ele observa cada coisa que acontece na casa, e, em vez de dormir, à noite ele anda pelo bairro concertando as coisas e colocando em ordem pequenos detalhes. Conhece cada personagem da peça e suas personalidades -diz. (MT)
