Michelle Tondineli


Repórter

Acontece nesta quarta-feira, 19, no centro cultural, às 19h e 21h, apresentações do grupo de teatro Cutuca, com a peça Desacelerando. O espetáculo tem texto e direção de Lara Araújo e conta no elenco e na produção com aproximadamente dez integrantes do Colégio Unimax, além de uma trilha sonora exclusiva composta pelos músicos Alexandre Zuba, Adriano Lellis, Mateus Sizílio, Gabriel Barbosa e Edson Augusto.

A produção narra a história de um casal que vive junto, mas deixa de se comunicar pelos compromissos do dia-a-dia. Sozinha em casa, as únicas companhias da mulher são os móveis: o guarda-roupas, o criado mudo, a porta, o relógio, a xícara e o rádio. O texto pretende chamar a atenção das pessoas para a questão do tempo e para as relações humanas, cada dia mais esquecidas e negligenciadas por uma série de compromissos que nos fazem esquecer de quem está bem do nosso lado.

O espetáculo tem aproximadamente 35 minutos de duração e estreou em 2009 em Janaúba. No dia 20 de abril, foi apresentado em Montes Claros, na Praça Doutor Carlos, lugar estratégico, escolhido pelo grupo por representar justamente esse ponto de idas e vindas, de passos apressados, de desencontros, de rapidez no contato com o próximo.

Desacelerando é um convite do grupo Cutuca para que as pessoas, pelo menos no tempo da peça, parem e reflitam ao som da música, da fluidez do texto e da poesia das atuações.

De acordo com a diretora Lara Araújo, a peça veio da necessidade de falar do dia-a-dia, cada vez mais corrido e menos humano.

- O cenário e figurino são símbolos, metáforas, por isso são simples e representativos. Acredito que é preciso ainda um trabalho de educação e de formação de plateia em Montes Claros - diz.

O grupo também apresentará o espetáculo Reginalda no dia 26 de maio, quarta-feira, em sessões às 19h e às 21h no auditório do centro cultural Hermes de Paula. Os ingressos custam R$ 5 e podem ser adquiridos na portaria ou pelo e-mail laraf02@yahoo.com.br. Para outras informações, ligar 9818-5806.

TEATRO DE ESCOLA COM ALUNOS

A aluna Danielle Santos Mendes interpreta uma xícara na peça Desacelerando. Ela conta que resolveu fazer teatro pelo bem-estar que a arte proporciona.

- Ultimamente, a correria e estresse de ser um vestibulando fazem com que nosso espírito fique cansado, e infeliz. São muitas responsabilidades para lidar. Uma tortura! Precisamos então ter um modo de escape disso tudo, fazendo o que se gosta. E, para mim, desde criança, não existiu nada melhor do que a sensação de fazer e ver algo bonito e poético. Escolhi o teatro, pois quero passar esse bem-estar para as pessoas, quero que elas sintam-se tocadas, quero que elas percebam o que o ser humano tem de mais único e especial, que é a sensibilidade - afirma.

Danielle diz que o teatro traz para ela a sensação de paz, de emoção, de relaxamento, de poesia, de dia nublado com chuva calma e brisa leve.

- A peça trata da história de um casal que vive junto, mas não convive. Nunca troca palavras e olhares. Cada um vive para seu dever, ou o que acredita ser o seu dever. Acabam ignorando suas necessidades espirituais. O dia-a-dia deles acaba sendo mais agitado e estressante por causa disso. Um caos agonizante! Até que um dia o homem começa a parar com a correria e tenta voltar a ter contato com sua mulher – diz.

Segundo Danielle, a xícara é a única comunicação dele com ela.

- Através do número e velocidade das mexidas que ele dá na xícara, ela escuta da cama e identifica como ele está e o que ele está vivendo, desde as doenças dele até seu mau humor – conta.

Daniela Veloso de Abreu interpreta a esposa. Ela diz que o teatro está em seu sangue desde pequena.

- O teatro me alivia. Apesar do estresse na semana das peças, do esforço correndo atrás de material, trilha sonora, fazer teatro realmente vale à pena. Porque todos que estão no grupo estão fazendo algo que adoram, que é atuar. E a sensação de poder estar em algo que você gosta é a melhor do mundo - afirma.

O aluno Danilo Gomes Vomlel auxilia na produção da peça, mas não nega a vontade de atuar em outras.

- O teatro, apesar da correria que temos, às vezes ajuda a relaxar no dia-a-dia massivo. E esse relaxar pode até mesmo nos ajudar com o alto nível de estudos, devido ao vestibular, que a maioria do grupo vai prestar - diz.

A aluna Meline Larusse Andrade Oliveira faz parte do rádio na peça Desacelerando. Ela fala que o teatro sempre fez parte das suas atividades em outros lugares e com outras pessoas.

- Quando o Unimax surgiu com a proposta de uma aula de teatro, a aprovação pelos alunos e professores foi grande. Já nas primeiras aulas, todos se surpreenderam com o nível de alguns alunos. Quando percebemos que o interesse e a qualidade dos atores iam além das aulas semanais, resolvemos que era hora de criar um grupo e usá-lo para mostrar para a sociedade uma nova perspectiva sobre vários assuntos e relembrar a todos sentimentos tão importantes que são esquecidos no dia-a-dia – afirma. O teatro só acrescenta na minha vida. Além de ser um meio de desinibir, o que ajuda qualquer pessoa a se relacionar, o teatro também é uma terapia onde você pode se liberta dos padrões que sempre seguiu, para experimentar novas sensações, ser outras pessoas, e, o que acredito ser o mais bonito, aprender a viver com personagens que você deu vida - finaliza.