Márcia Braga
Colaboração para O NORTE
No sábado, dia 30 de agosto, o Cinema Comentado Cineclube Difusão Digital, retoma a programação da mostra Centenário de Guimarães Rosa, com a exibição de Grande Sertão: Veredas (1965). Longa-metragem dos irmãos Geraldo e Renato Santos Pereira, é a primeira adaptação do romance – antecipando-se, inclusive, à minissérie homônima de Walter Avancini (verdadeiro marco da televisão brasileira). O Cinema Comentado Cineclube acontece na sala Geraldo Freire, ao lado da Câmara Municipal, a partir das 19:00 horas, e a entrada é gratuita.
Após escrever com intensidade criativa durante dois anos, Guimarães Rosa chega ao terceiro livro, em 1956: “Grande Sertão: Veredas”. A obra traz uma narrativa épica que se desenrola por 600 páginas e mostra de maneira inovadora para sua época, e com uma impressionante técnica literária, as “particularidades” do homem do sertão mineiro. Mais que um simples romance, Rosa constrói um “amor proibido” de imensa profundidade psicológica entre os personagens Riobaldo e Diadorim. O livro ultrapassou os limites da língua sendo traduzido com enorme sucesso comercial para vários países.
Com a perspectiva de um filme de aventura (marcada por perseguições a cavalo e tiroteios), os irmãos Santos Pereira estabelecem uma narrativa valorizada pela fotografia de José Rosa e música de Radamés Gnatalli. No elenco eficiente, o destaque é Maurício do Valle – o mítico Antônio das Mortes de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” – interpretando Riobaldo.
CINESESC
O CineSesc deste domingo, dia 31, exibe o filme Baile Perfumado. Grande vencedor do Festival de Brasília, Baile Perfumado (1996) revive a saga do libanês Benjamin Abrahão, mascate responsável pelas únicas imagens de Virgulino Ferreira, o Lampião, vivo. Amigo íntimo de Padre Cícero, Benjamim negociava pelo sertão e exercitou seu espírito mercantilista convivendo intimamente com o bando de Lampião. Infiltrou-se no grupo para colher imagens e vender os registros do famoso criminoso pelo mundo afora.
As imagens foram apreendidas pela ditadura do Estado Novo e recuperadas, no início da década de 1960, pelos cineastas Paulo Gil Soares e Thomas Farkas. Em 1965, realizaram o curta-metragem “Memória do Cangaço”, que ajudou a popularizar a figura de Abrahão entre os estudantes nordestinos.