Michelle Tondineli
Repórter
Este mês está movimentado para o Conservatório estadual de música Lorenzo Fernandez com a formatura dos novos músicos de Montes Claros. Hoje, às 20h, acontece a formatura de cinco alunos da educação musical de canto, no auditório do Conservatório.
Serão 16 músicas apresentadas, entre solos, duetos ou em grupo. Segundo a professora Vera Tatiana de Alencar, o recital de formatura é a culminância de três anos de aula que os alunos tiveram.
- Eles estiveram durante três anos na educação musical, após uma seleção, e agora estão formando. Depois, partem para o canto lírico e erudito no curso técnico. Eles são um pouco diferentes, pois na educação musical se tem noção de música e técnicas populares, na educação técnica aprende o lírico - afirma.
A professora explica que o repertório é vasto, com músicas de Cazuza, músicas dançantes, das Spice Girls, do musical Fantasma da ópera, forró, músicas com o coral da Santa Casa e outras.
- É para agradar a todos os gostos. Esta apresentação mostra uma evolução incrível dos alunos, principalmente no contato com o palco e com o público. Às vezes eles erram, mas sabem relevar e recuperar, e já possuem domínio do palco, completa.
A aluna Agda Leite é dentista formada e faz o curso de educação musical por prazer e relaxamento. Agora, ela aguarda o resultado do curso técnico.
– Neste curso de educação musical, aprendi postura de voz e de palco, a história, importância e qualificação da música. Aqui temos que fazer um estudo antes de sair cantando. Geralmente os testes de conhecimento acontecem no fim de cada ano. Este ano está sendo o mais importante, estamos nos dedicando ao máximo. Espero passar no curso técnico, para continuar estudando, argumenta.
Agda ainda conta que entrou no conservatório para fazer aulas de canto lírico, apesar de ter uma queda por MPB.
- Esta apresentação tem de tudo. Estamos batalhando e contamos com patrocinadores. Queremos que dê tudo certo. Eu vou fazer dois duetos, mais lírico e romântico, Cazuza individualmente, e algumas em grupo e com coreografia. Faço música por terapia, porque gosto, completa.
Para o seminarista Fernando Rodrigues Mendes, a apresentação é resultado de três anos de esforço dos alunos e professores.
- Queremos mostrar o melhor após este tempo de projeto. Estamos preparados, com repertório, som, tudo normal. Com certeza, quem compara uma gravação do início do curso com uma do final vê que é notória a mudança no tom da voz. É um trabalho satisfatório, ressalta.
Para o jovem aspirante a padre, a música é apenas um complemento para ser um bom seminarista. Enquanto isso, ele também aguarda o resultado do curso técnico.
- Meu primeiro objetivo é ser um bom padre. O canto é algo que gosto e que vai completar meu ministério. Na medida em que isso me ajudar eu vou investir. Viver de música é um risco, e muitos sofrem no início. Grande parte dos músicos leva a música como atividade não privada. Tudo isso é uma questão cultural, temos melhorado com semanas de cultura, leis de incentivo, mas ainda não tem sido aquela coisa certa e correta, finaliza.
A entrada na apresentação é gratuita.
CANTAR EXIGE TRABALHO
Para o próximo ano, as provas para se conseguir uma vaga no Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez já aconteceram; agora é aguardar os resultados.
A professora Vera Tatiana de Alencar explica que a prova de seleção do conservatório é dividida em duas etapas, e depois é aguardar a classificação.
- É fácil convidar os alunos para participar de um evento fora do conservatório ou no próprio conservatório. Nós pedimos apoio para som, decoração, figurino, e nos preparamos. Atualmente, temos vários alunos que cantam em casamentos, barzinhos e em grupos da cidade. Eles estão crescendo sempre, diz.
Do curso de educação musical passa-se para o técnico. Mas do curso técnico não é possível ir para a educação musical. Vera explica que os cursos são distintos.
- O técnico tem mais matérias e está acima da educação musical. Quem faz curso técnico tem que vir todos os dias ao conservatório. Para nossas apresentações pensamos em como está o andamento de cada aluno. Dentro do que o aluno quer, dividimos e vemos o quanto temos de repertório. Não pode ser muito extenso, tem que ter o gostinho de quero mais. Eles cantam em conjunto, ou sozinhos, da forma que agrada cada um, completa.
A professora Vera ainda disse que vários alunos sentem dificuldade de participar das aulas.
- Quando o aluno não consegue cantar, temos que saber qual o problema dele. Às vezes ele tem problema de audição ou dicção, e devemos trabalhar aquilo. Não são todos que formam com cem por cento de proveito, mas todos têm uma melhora significativa. Músicos competentes na cidade tem demais, só não tem auxílio, eu acho difícil viver só de musica. Os cantores de barzinho recebem muito pouco. Acredito que pra melhorar tem que ter apoio da iniciativa privada e cobrança dos músicos. Acredito que tudo é uma questão de educação e costume musical, revela.
Para a professora Aparecida Dias Soares Pereira, formar uma turma de canto é maravilhoso.
– Cada turma tem um diferencial fundamental. Principalmente esta que se forma hoje. São pessoas que motivaram eles mesmos e que deram sugestões de sua apresentação final. Estão bem preparados, com um nível muito bom, é mais que merecido este recital, afirma.
A professora Aparecida ainda fala que com certeza a turma teve um bom desenvolvimento técnico e interpretativo.
- Viver de música depende do profissional, de buscar este campo, se integrar na sociedade. A música está ligada a todas as áreas. Acredito que deve melhorar a divulgação dos locais e que os musicais são espaços bons para conseguir incentivo musical, finaliza.
Outras informações sobre os cursos do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez podem ser obtidas através do telefone (38) 3221-4466.