Michelle Tondineli
Repórter
O conservatório estadual de música Lorenzo Fernândez realiza hoje, sexta-feira, às 20h30, no auditório Marina Lorenzo, um recital para inaugurar o piano de cauda, com o pianista Flávio Augusto de Oliveira, do Rio de Janeiro. O concerto marca nova fase para o conservatório, que a partir de agora voltará a relizar concursos, não só internos, mas também estadual.
Segundo a professora e coordenadora do curso de Piano, Eliane Maria Pereira, o pianista Flávio Augusto foi professor do conservatório por mais de 10 anos.
- Ele tem uma história escrita aqui, além do carinho especial pelos colegas, e retornará nesta oportunidade para nos presentear, neste concerto, com seu talento e virtuosismo natos. O piano foi adquirido através de um convênio entre a secretaria de Cultura de Minas Gerais e o conservatório, sendo viabilizados recursos na ordem de R$ 50 mil, através do deputado federal Humberto Souto - afirma.
Flávio Augusto diz que sua paixão pelo piano surgiu aos quatro anos de idade.
- Na verdade, era uma vizinha de meus pais que tinha um piano em casa; e eu me apaixonei pelo som do instrumento assim que o ouvi pela primeira vez. Sabia, desde então, que este seria o meu instrumento por toda a vida e com o qual eu viveria profissionalmente. E assim aconteceu. Desde então, nunca deixei de tocar e a música fez parte de todos os dias da minha existência - diz.
Flávio afirma que tem feito concertos e apresentações constantemente nas principais salas de concerto e teatros do Brasil e do mundo.
- Nos últimos anos, em cidades importantes de países como Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Áustria, Portugal, Itália, Espanha, Suíça, Holanda, Nova Zelândia e, também, diversas turnês pela América Central (Costa Rica, Panamá e Guatemala) e América do Sul (Chile, Paraguai, Venezuela, Peru e Argentina). Sou atualmente pianista concursado da escola de Música da UFRJ - Universidade federal do Rio de Janeiro, onde trabalho desde o ano de 2005 - afirma.
O pianista diz ainda que está sendo empresariado por sua antiga professora de piano, Myrian Dauelsberg.
- Depois de me profissionalizar, comecei a trabalhar com ela como empresária. Ela é a diretora executiva de uma grande empresa artística do Rio de Janeiro chamada Dell’Arte. Acho importante que um músico tenha um bom empresário ao seu lado, afinal, poucos são os músicos que conseguem se organizar para fazer e enviar projetos, procurar por espaços para tocar ou ficar correndo atrás de patrocinadores. Enfim, acho que o músico precisa investir todo o seu tempo para aperfeiçoar o seu trabalho com estudos e ensaios. E, nesta hora, um bom empresário fica cuidando do restante - diz.
Para a diretora do conservatório, Iraceníria Fernandes da Silva, essa inauguração do piano de cauda marca uma nova fase para a cidade, para o curso de piano, para alunos e professores.
- Desde a fundação do curso, eram realizados concursos diversos, recitais e apresentações aqui e fora, levando o nome da cidade e do conservatório. Descobríamos, assim, novos e brilhantes talentos. Retornaremos com esses projetos, que proporcionarão intercâmbio em diversas áreas e todos sairão ganhando, finaliza.
Outras informações sobre a apresentação pelo telefone (38) 3221-4466.
PIANISTA VAI HOMENAGEAR SCHUMANN E CHOPIN
O pianista Flávio Augusto de Oliveira retorna hoje a Montes Claros, onde inaugura o piano de cauda do conservatório. Ele morou em Montes Claros de 1993 até 2004 e foi professor do conservatório durante todos estes anos, além de ter sido professor do departamento de Artes da Unimontes entre 2002 e 2004.
- Foram anos muito intensos, onde tive a oportunidade de fazer muitos trabalhos importantes. Lembro-me sempre com muito carinho das diversas apresentações que tive o prazer de fazer ao lado dos bailarinos Igor Xavier e Jaqueline Pereira. Durante todos esses anos, sempre estive muito envolvido em muitas das manifestações artísticas desta cidade. Há muitos anos não retorno à cidade de Moc para fazer qualquer apresentação devido a minha pesada agenda de trabalho na universidade federal do Rio de Janeiro - diz.
Flávio Augusto confessa ter ficado emocionado com o convite do conservatório para se apresentar em Montes Claros.
- Vou aproveitar a ocasião para homenagear nesta apresentação dois grandes compositores que estarão sendo homenageados em todo o mundo neste ano, Robert Schumann e Frederic Chopin, ambos comemorando em 2010 seus 200 anos de nascimento. Ainda convidei também, para encerrar comigo esta apresentação, duas amigas e grandes cantoras com as quais tive o prazer de trabalhar diversas vezes, Christiane Franco e Simone Santana - afirma.
O músico diz gostar de se sentar ao piano para fazer suas improvisações.
- Mas, honestamente, não gosto de apresentá-las em público. Na verdade, passei muitos anos da minha vida estudando para ser um performer. A chamada música erudita tem um repertório vastíssimo, que seria humanamente impossível tomar conhecimento de toda ela numa única existência. Por isso, prefiro me apresentar tocando as grandes obras dos célebres compositores que já passaram. Acho muito importante este trabalho de intérprete, fazer com que as grandes obras dos grandes gênios permaneçam eternas e conhecidas pelo grande público - diz.
A primeira gravação de CD de Flávio Augusto aconteceu quando ele tinha 21 anos de idade.
- Gravei pela CBS um disco com os prelúdios do compositor francês Claude Debussy. Depois disso, gravei outros dois CDs com o meu trio de piano, violino e violoncelo; um CD com o violinista Ricardo Amado, com músicas da MPB arranjadas por Vittor Santos; um CD com o violinista Daniel Guedes, com música erudita brasileira; um CD com o gaitista José Staneck, dedicado ao compositor brasileiro Guerra-Peixe; 3 CDs com uma violinista alemã chamada Christa Ruppert, ambos dedicados a sonatas importantes de compositores europeus; e um CD solo com a obra integral dos estudos para piano de Johann Baptiste Cramer, afirma.
Outros dois CDs serão gravados com o cantor Inácio de Nonno, com obras brasileiras para canto e piano; e outro com a cantora Carol McDavit, com a integral obra de Villa-Lobos, patrocinado pelo museu Villa-Lobos do Rio de Janeiro. Enfim, até o final de 2010, serão 12 CDs lançados.
Perguntado sobre o campo de trabalho para o músico, Flávio Augusto disse que quem quer seguir este caminho precisa investir na carreira e trabalhar muito, adquirir conhecimento em todas as áreas. Para ele, não bastam os conhecimentos musicais e o dom. Dessa forma, não falta trabalho.
- Na verdade, felizmente, nunca me faltou trabalho. Muitas vezes, tenho que recusar convites por absoluta falta de espaço na minha agenda. O que eu acho complicado não é tentar viver de música. O problema maior é que grande parte daqueles que sonham em viver disso não investe o suficiente. Tocar bem um instrumento, ou cantar bem é apenas um detalhe. Um bom músico tem que ser culto, tem que saber escrever bem, tem que saber outras línguas, tem que ter um conhecimento vastíssimo de todo o repertório musical. Por isso, muitas vezes, vejo alguns músicos decepcionados por não terem conseguido atingir a carreira que eles almejavam. Mas, por outro lado, vejo que eles, em algum momento, fizeram outras opções de vida e acabaram abdicando daquilo que poderia torná-los conhecidos como intérpretes. Enfim, é uma coisa muito complicada e que abrange muitos fatores. Mas, uma coisa é certa, não existem bons músicos, em lugar nenhum do mundo, que estejam passando fome. Todos trabalham muito e sempre têm muito o que fazer - finaliza.
Outras informações no site www.flavioaugusto.com.br.