Fabíola Cangussu
Repórter
Talvez a grande maioria dos montes-clarenses nunca tenha ouvido falar sobre Bezerra de Menezes, mas já devem ter passado várias vezes pela rua que leva esse nome no Bairro São José. Esse ilustre desconhecido acaba de ser responsável pelo mais novo fenômeno das bilheterias brasileiras, através do filme O diário de um espírito, que narra a vida do médico e político que viveu no século XIX.
Os especialistas em cinema ainda não chegaram a conclusão sobre a magnitude da obra. Uns alegam que o roteiro é capenga, pois sofreu várias adaptações. De um documentário passou a ser uma obra de ficção, como se fosse uma colcha de retalho. Por outro lado, alguns julgam ser um jeito novo de fazer o cinema nacional.
A linguagem do filme oferece novidades, a união do diretor Glauber Filho, professor de teatro e cinema, e que tem a liberdade de todos os iniciantes na realização do primeiro longa, o que o exime de qualquer padrão, ou compromisso com estilo já pré-fixado, com o publicitário Joe Pimentel, perito na linguagem simples e rápida.
Independente de questões técnicas, Célia Diniz, vice-presidente do centro espírita Luiz Gonzaga, fundado em Pedro Leopoldo, no Triangulo Mineiro, por Chico Xavier, diz que o filme tem algo maior que o talentos dos profissionais envolvidos, que é o exemplo de vida de alguém que demonstrou o amor ao próximo em todo as atividades desenvolvidas.
- Esse filme tem o objetivo de falar de paz, de amor e de respeito ao próximo. Ele foi idealizado por uma Ong que tem como missão a divulgação da cultura de paz, valorizando esse tema e fazendo com que a arte leve a cada pessoa esse sentimento universal. No caso específico de O diário de um espírito, o empresário Luiz Gusmão reuniu recursos com empresas e profissionais ligados a doutrina espírita. Os atores como Carlos Vereza, Ana Rosa e Caio Blat receberam apenas cachês simbólicos. Portanto é um filme de amor desde a sua concepção – afirma Célia.
Segundo a divulgadora do filme em Montes Claros, apesar das tomadas serem todas internas para diminuir os custos, uma vez que é um filme de época, em nenhum momento o enredo é prejudicado.
- É um filme que envolve fé a todo instante. O diretor Glauber relatou que alguns episódios especiais marcaram a produção. Um membro da equipe que não poderia trabalhar por causa de doença se curou repentinamente. E outro fato foi a descoberta de um cenário pronto com móveis de época. Informado que os móveis seriam usados para a filmagem sobre Bezerra de Menezes, o dono do estabelecimento chorou e explicou que na adolescência teve a ajuda do espírito de Bezerra para se recuperar de um acidente. Vale a pena conferir esse filme! Mesmos os que não acreditam no espiritismo, sairá do cinema com a leveza de quem participou de algo bom – convida Célia.
QUEM FOI BEZZERRA DE MENEZES
Adolfo Bezerra de Menezes nasceu na antiga Freguesia do Riacho do Sangue (hoje Jaguaretama), no Estado do Ceará, no dia 29 de agosto de 1831, desencarnando no Rio de Janeiro, no dia 11 de abril de 1900.
Adolfo Bezerra de Menezes foi conhecido em seu tempo com o Médico dos Pobres. Isto porque ele fazia mais do que ouvir o paciente e prescrever um receituário com remédios homeopáticos (ele foi um médico homeopata). Ele sofria também com o sofrimento de seus pacientes. Era todo amor e bondade, alimentava sempre o desejo de ser útil e procurava a todo instante arrancar de seu interior os maus instintos naturais e substituí-los pelas virtudes cristãs.
Um dia, porém, seu colega Dr. Joaquim Carlos Travassos, tendo traduzido o Livro dos Espíritos de Allan Kardec, presenteou-o com este livro. E tal como acontecera com a Bíblia, prendeu-se neste livro, lendo-o todo. Operou-se nele um fenômeno estranho. Ele sabia que nunca havia lido qualquer obra espírita, no entanto, tudo o que lia não era novo para seu espírito. Ele sentia como se já tivesse lido e ouvido tudo aquilo. São as lembranças da alma.
Foi assim que Bezerra de Menezes tornou-se espírita.
No entanto, assim com Allan Kardec com seu espírito crítico e observador não se deu logo a acreditar em todos os fenômenos ditos espíritas e iniciou, intimamente uma pesquisa experimental.
A data de 16 de agosto de 1886 tornou-se memorável na História do Espiritismo no Brasil, por um acontecimento que, nos meios políticos, religiosos e médicos, ecoou de maneira estrondosa, causando mesmo surpresa e desapontamento para muitos.Bezerra de Menezes proclamou solenemente a sua adesão ao Espiritismo. Essa sua filiação à nova corrente religiosa foi como uma transfusão de sangue novo para a Doutrina no Brasil, a qual daí por diante entrou em ritmo mais acelerado.
Após sua morte, os espíritas acreditam que Chico Xavier, um símbolo da religião no século XX , psicografou dezenas mensagens de Bezerra, o tornando um exemplo para a sociedade.
Fonte: Espírito.org