Michelle Tondineli
Repórter
Começa amanhã, quinta-feira, no Centro Cultural Hermes de Paula, a exposição Meio ambiente na arte das cores e traços, dos artistas plásticos Noélio de Oliveira e Doramar Domingues. A abertura oficial do evento acontece amanhã, às 20h, junto com a tradicional XIX Festa nacional do pequi, e termina no dia 10 de dezembro.
De acordo com o secretário adjunto de Desenvolvimento Social e artista plástico Noélio de Oliveira, a pintura surgiu em sua vida no ano de 1995, apenas como hobby e forma de relaxamento. Ele conta que fez apenas cinco exposições em Belo Horizonte.
- Morei em Belo Horizonte 30 anos. Quando voltei a Montes Claros, o secretário de cultura, Ildeu Braúna, insistiu para que eu fizesse uma exposição. E a abertura da festa do pequi é uma boa oportunidade, pois meus quadros são inéditos e retratam a região. Como eu não tinha quadros suficientes para preencher o espaço do Centro Cultural, convidei a Doramar para fazermos uma coletiva - explica.
Ele diz que são 30 quadros e seis esculturas com a técnica de pintura a óleo sobre tela ou óleo sobre gesso ou cerâmica.
- Estou fazendo pinturas em cerâmica e em gesso. Eu compro as esculturas e pinto, como “namoradeiras” e africanas, pra mim é mais tranqüilo e não tenho o compromisso com a perfeição - diz.
Noélio explica que o tema surgiu em função de uma exposição com o mesmo nome que ele já havia feito na capital mineira.
- Eu quero mostrar a nossa região, a festa do pequi, e questionar como preservar o meio ambiente. A idéia é retratar o que é nosso. É como fotografar algo e mostrar a alguém. Eu costumo dizer que quando você leva uma foto, você leva tudo. Tem um quadro meu que mostra um caminho rural e muita gente diz que lembra a infância. É isso que eu quero: trazer para a pessoa da cidade este ambiente rural, que ainda existe, diferente e muito bom, argumenta.
O artista afirma que é importante os montesclarenses valorizaram os artista da região. Ele destaca que são muito bons e devem ser valorizados.
- Se os artistas não usarem seu espaço natural, vai acabar atraindo artistas de fora. Eu acho que é importante o artista da terra expor na cidade, por mais que cada um queira expor fora, coletar as raízes é importante. Os artistas da terra são maravilhosos e eles devem aparecer mais. Se não me engano 42 artistas já expuseram no Centro Cultural, e é importante saber que a arte existe, ressalta.
Segundo Noélio, a exposição não é só para vender quadros e sim para expor o trabalho, mostrar a arte.
- Espero vendê-los, sim, mas antes da venda é mais importante mostrar a minha arte. Quando eu pinto, “entro” para a tela e vou pintando, saio deste mundo. Não me preocupo com o resultado, só quero pintar. Por isso, não gosto de pintar por encomenda, pois a visão de uma foto – por exemplo - para o artista pode ser diferente de outra pessoa. Nos meus quadros gosto de cores vivas, para diversificar, destaca.
Para Noélio a pintura sobre encomenda não é prazerosa, ela não da um gosto de fazer arte.
- Não gosto de pintar por encomenda, e não penso em exposição, quando eu pinto eu entro para a tela e vou pintando, saio deste mundo. Não quero ficar preocupado com que tenho que pintar. Porque a minha visão de uma imagem pode ser diferente da sua, daí também explica porque gosto de trabalhar com fotografia. Nos meus quadros gosto de cores vivas, para diversificar, destaca.
O artista confessa que possui péssima memória fotográfica, e para realizar seus trabalhos eles precisa fotografar a imagem.
- Eu também pesquiso e crio em cima de cada imagem. Eu não faço uma cópia idêntica, não tenho preconceito, coloco sempre a referência e procuro mudar um pouco, colocando a minha visão do que seria a imagem, um diferencial. Tenho um quadro chamado “Cainha Branca” que tirei de uma foto. Depois dele pronto inventei um córrego que não existia. Os nomes dos meus quadros são para que as pessoas remetam, saibam que aquilo não é tão real e possa usar a imaginação, explica.
Nóelio afirma que o tempo para pintar cada trabalho depende muito do objetivo e da imagem.
- Depende muito do quadro que quero pintar, depende do que tenho em mente, é difícil falar em tempo. Quando não consigo expressar o que tenho em mente, eu paro, deixo a tela num canto e vou trabalhar em outro projeto. Depois, quando a idéia amadurece, eu volto. E isso às vezes demora meses. Ao finalizar é uma verdadeira paixão. Às vezes a gente fica com pena de vender um trabalho, finaliza.
Outras informações (38) 3229–3456.