Realizada há 76 anos pela comunidade do Grande Santos Reis, a festa resguarda a tradição religiosa que chegou ao Brasil pelos jesuítas e colonizadores portugueses. De 24 de dezembro a 6 de janeiro, mais de 50 mil pessoas vindas de todas as regiões do país passam pelas ruas do bairro para render homenagens aos santos padroeiros
Jerúsia Arruda
Repórter
O canto dos devotos ecoa pelas ruas do bairro que ficam tomadas pela multidão de fiéis que vem de todo país para render homenagens aos Santos Reis. As cores, cheiros e sons se misturam com o passar da procissão, enquanto fogos de artifício espantam os maus espíritos e deixam a festa ainda mais vibrante. Entre o sagrado e o profano, enquanto uns rezam, pagam promessas e louvam os santos padroeiros, outros aproveitam o burburinho da festa para ganhar uns trocados com a barraca de cachorro-quente, pipoca, milho-verde e outras iguarias que exalam seu cheiro e atiçam os sentidos dos fiéis, muitos deles que vieram de longe e ainda não tiveram tempo de se alimentar.
A capela e a gruta (detalhe) construídas pelo devoto Pedro Mendonça são os pontos de referência da festa no Grande Santos Reis (foto: WILSON MEDEIROS)
Assim é a festa de Santos Reis, que acontece em Montes Claros há exatos 76 anos, no Grande Santos Reis. A festa começa no dia 24 de dezembro e vai até o dia 6 de janeiro.
O pároco Reginaldo Cordeiro de Lima, que é padre há catorze anos conta que a tradição da festa começou com um sonho.
- Na década de 1930, quando o Grande Santo Reis ainda era uma fazenda, o então proprietário Pedro Mendonça sonhou com três aves brancas pousando em seu quintal. Ele, que estava muito doente, interpretou como uma visita dos três Reis Magos e, então, fez uma promessa: se fosse curado construiria uma capela e uma gruta em sua fazenda em homenagem aos três Reis Magos. Curado, cumpriu a promessa. A capela passou a receber visitas durante todo o período em que se comemora a festa de Reis, de 24 de dezembro a 6 de janeiro. O tempo passou, as visitas aumentam a cada ano e, hoje, reúne mais de 50 mil devotos durante os 14 dias da festa, que se transformou em uma das maiores e mais tradicionais do estado – conta o pároco.
A igreja e a gruta existem até hoje, e estão localizadas na Praça Seis de Janeiro, no Grande Santos Reis, onde acontecem as missas e encontros com a comunidade, rendendo homenagens aos santos padroeiros.
A FESTA
Coordenada pela Igreja Católica e Conselho comunitário da paróquia de Santos Reis, a festa tem uma extensa programação religiosa que inclui procissão e missa todos os dias, novenas, exposição de presépios, levantamento de mastro em homenagem aos três Reis Magos, apresentação de ternos de folia e pastorinhas, shows com corais e artistas da região, além de barracas com bebidas e comidas típicas. A festa começa após a Missa do Galo, no dia 24 de dezembro, quando é comemorado o nascimento do Menino Jesus, e vai até o dia 6 de janeiro, dia de Santos Reis, mantendo a tradição religiosa que chegou ao Brasil pelos jesuítas e colonizadores portugueses.
Os quatorze dias de festa movimentam não só a comunidade do bairro, mas toda a cidade. Milhares de pessoas lotam as ruas do bairro logo pela manhã, com a apresentação dos ternos de folia e pastorinhas. Há uma participação de toda a comunidade, que abre suas casas para receber os visitantes de outras cidades e muitos voluntários participam da organização da festa, contribuindo também na produção de refeições, que são distribuídas aos visitantes.
(*) Caros leitores,
Que Deus possa habitar em cada coração e traga um ano novo de paz, saúde, dignidade, ética e sabedoria; que em 2008 possamos noticiar novos investimentos na cultura e na educação e que o Brasil seja realmente um país de todos.
Feliz e próspero ano novo.
Jerúsia Arruda